Atualmente, o problema do comportamento antissocial infantil vem sendo amplamente discutido em todos os âmbitos, especialmente no âmbito escolar. Qual a real influência dos pais na problemática dos comportamentos agressivos dos filhos? Crianças com pais agressivos tendem a tornarem-se agressivas? A quem cabe à imposição de limites: pais ou professores?

O termo antissocial é empregado para se referir a todo comportamento que infrinja regras sociais ou que seja uma ação contra os outros, tais como comportamento agressivo, comportamento infrator.

Segundo Berger (2003, p.202), a agressão se inicia “a partir de um autoconceito e de uma regulação emocional inadequados durante os primeiros anos da pré-escola e pode se tornar um sério problema social à medida que o tempo passa”.

A agressividade na criança em fase pré-escolar muitas vezes aparece por fatores como desejo ou possessão de um espaço ou brinquedo ou mesmo na busca pela atenção de um adulto. Isso ocorre pelo fato dela apresentar características egocêntricas e ainda não possuir consciência clara das regras sociais impostas pelo ambiente.

Patterson (1982) estudou a agressividade no ambiente familiar e verificou que nas famílias, em que não há demonstrações de aprovação e afeto, as crianças são extremamente agressivas. Também ambientes familiares coercivos, com punições, ameaças, provocações entre os membros familiares, contribuem para o desenvolvimento da agressividade nas crianças.

Para Winnicott (1939/1987) é de suma importância o ambiente para permitir a expressão e transformação da agressividade infantil. Partindo do princípio de que a agressividade, no início da vida, não traz consigo a intenção de destruir, o autor enfatiza a função da mãe na criação de condições para que a criança possa tolerar a ansiedade e a culpa proveniente das pulsões destrutivas. Na medida em que a mãe se mostra uma presença confiável, disponível, tolerante e constante, cuidando da criança suprindo-a não apenas de alimentação e conforto, mas também de segurança emocional. Quando não há condições para a formação de um vínculo seguro e estável com a figura materna, a criança não consegue alcançar uma organização interna madura o suficiente para integrar a própria destrutividade.

Freud ressalta a importância da função do pai para a imposição da lei para a criança. Por essa função, a criança começa a aprender que não se pode satisfazer todas as suas vontades, princípio da castração.

Dishion(1992) destaca o papel da família no desenvolvimento do processo. Segundo ele, os pais de crianças antissociais as treinam diretamente para comportar-se dessa forma. Pais que não colocam limites 01bem definidos ou com esses limites definidos, mas não fiscalizam devidamente influenciam os comportamentos antissociais.

A criança que começa a frequentar a escola e que não traz uma base sólida de limites dados pelos pais, tende a não aceitar restrições às suas ações por parte da escola. O melhor caminho para que a criança aprenda a respeitar as regras e a conviver com o próximo é o exemplo do adulto, mas precisamente os exemplos dos próprios pais.

Cabe aos pais delegarem ao filho tarefas que ele já é capaz de cumprir, essa é a medida certa do seu limite. É por isso que os pais nunca devem fazer tudo pelo filho, mas ajudá-lo somente até o exato ponto em que ele precise, para que, depois, realize por si só suas tarefas.

Entretanto, nos dias atuais, devido terem que trabalhar diuturnamente para sustentarem o lar, os pais estão tornando-se cada vez mais permissivos, talvez, na intenção de recompensar seus filhos pela pouca atenção que lhes dão. Esquecem que a colocação de limites e a frustração são de suma importância para seus filhos e fazem, às vezes, o contrário, tentando agradar seus filhos com bens materiais e não os frustrarem. Deste modo, muitos pais, de maneira errada, repassam à escola toda a responsabilidade de colocarem limites e regras.

Mas assim, os pais estão prejudicando seus filhos, ensinando a eles que podem ter tudo aquilo que quiserem, e acabam não ensinando uma coisa de suma importância: o não!

Com a palavra “não” e o estabelecimento de limites, os pais ensinam seus filhos a lidar com a frustração e a lidar com a falta.

É fundamental para a boa educação do ser humano, que pais e professores respectivamente, trabalhem em conjunto o estabelecimento e o cumprimento dos limites como um processo de compreensão e apreensão do outro através do respeito, pois, não se podem ultrapassar os limites pré-estabelecidos, nem satisfazer somente aos próprios desejos sem pensar nos direitos dos outros.

Outra coisa tão importante quanto o estabelecimento de limites é a fiscalização e responsabilização. Se for acertado que a consequência de não fazer um dever é ficar sem videogame, toda vez que o dever não for feito o brinquedo deverá ser retirado. Estabelecer limites sem a fiscalização e responsabilização é uma mera perda de tempo.

Outro fator importante é o reforço do comportamento esperado. Há uma tendência de punir quando se faz errado, mas não há com a mesma intensidade a tendência de reforçar quando se comporta de maneira correta.

Portanto, uma criança que teve limites impostos e devidamente fiscalizados pelos pais, encontrará na escola uma fixação das regras e limites já aprendidos e se adaptará à sociedade de maneira natural. Assim a escola será como uma complementação dos limites e  não única criadora deles. Deste modo, a criança internalizará um comportamento socialmente aceito, aprendendo que cumprindo as regras terá willianconsequências positivas a curto, médio e longo prazo.

Psicólogo Willian de Oliveira – CRP 04/44936

Rua Agnelo Araújo, 525, São Francisco de Assis – Três Pontas.

(35) 9.9856-9258 e (35) 9.8873-9896

Bibliografia

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CANDREVA, Thábata et al. A agressividade na educação infantil: o jogo como forma de intervenção. Revista Pensar a Prática, 2009.

SILVEIRA, Luiza Maria de Oliveira Braga. A interação família-escola frente aos problemas de comportamento da criança: uma parceria possível? Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2007.

SILVA, Antonio Adalberto de Lima. COMO A RELAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS INFLUENCIA A CRIANÇA NA ESCOLA.

MACHADO, P. B. – Comportamento infantil: estabelecendo limites. Porto Alegre: Mediação, 2002.

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