A Associação Comercial e Agro Industrial de Três Pontas (Acai-TP) está abrindo uma discussão para a realização do Carnaval 2019. E a hora é mesmo esta, imediatamente quando o comércio e a economia da cidade sentiram o peso de não realizar o evento, como fez a Prefeitura atendendo a recomendação do Ministério Público. A intenção é fazer parcerias – poder público e a iniciativa privada, não apenas na aglutinação de recursos financeiros, mas também de idéias, para promover um Carnaval de qualidade, se tenha a tranquilidade de levar as crianças e de famílias poderem participar. Consequentemente movimentando o comércio e impulsionando o turismo.

O molde da festa do próximo ano será definido ao longo das reuniões, mas de acordo com o atual presidente da Acai Bruno Dixini Carvalho que se encontrou com o diretor Michel Renan Simão Castro e o presidente do Clube Literário Recreativo Trespontano Humberto Luiz de Araújo Brito, escolas de samba e blocos caricatos devem criar ferramentas para não depender exclusivamente do poder público. Na visão do presidente Bruno Dixini, todas as esferas de governos passam por crise financeira e precisam priorizar seus investimentos em saúde, educação, segurança publica, entre outros setores e as agremiações devem ter independência financeira fazendo eventos. Neste quesito, a Associação Comercial pode ajudar. Mesmo não tendo um barracão onde são produzidos carros alegóricos e fantasias, mas pode contribuir de forma significativa na gestão dos negócios. A Acai pode levar os representantes dos blocos às cidades onde as iniciativas bem sucedidas, copiar o modelo e implementar em Três Pontas de uma maneira as vezes até mais exitosa.

Desde o cancelamento do Carnaval, a direção da entidade tem recebido diversas sugestões e diante disso, Bruno afirma que não se pode cruzar os braços e pensar no evento apenas no ano que vem.

“Temos a absoluta certeza e a clara visão que é preciso começar a trabalhar agora. Como eu disse no dia em que fui eleito, a Associação é a casa que abriga o empreendedorismo da cidade, tem um berço para criatividade e fomentação das idéias para que elas possam sair do papel e serem executadas”, afirmou o presidente.

O primeiro secretário da atual gestão Michel Renan acrescenta que as pessoas começam a planejar o seu Carnaval do ano seguinte agora para que aqueles que optam em viajar estejam com tudo pago. Por isto, é fundamental preparar tudo agora, para que não aconteça como este ano e tanta gente deixe a cidade.

De acordo com Michel, no levantamento que o Sebrae faz, em 2018 foi apresentado um gasto de cada folião na ordem de R$250 por dia. Se for calculado todos os dias de festa com a saída de cerca de 15 mil pessoas da cidade gastando este valor,  a renda que eles geraram às outras localidades, foi tranquilamente de R$3 a R$5 milhões. Ele lembrou que o prefeito de Boa Esperança Hideraldo Henrique Silva disse que no domingo de Carnaval havia 20 mil pessoas de outras localidades. Se isto realmente ocorreu e se seguir os cálculos do Sebrae a cidade movimentou na sua economia cerca de R$4 milhões somente neste dia. Ainda para exemplificar, Michel lembrou que em Três Pontas a Prefeitura é o maior empregador e tem uma folha de pagamento em torno de R$5 milhões, valor bastante significativo e atrativo para o comércio.

O diretor Michel Renan, o presidente Bruno Dixini e o presidente do Clube Trespontano Humberto Brito

Para começar as discussões na elaboração do projeto, é preciso saber do interesse do Município e o que se pretende orçar para o Carnaval de 2019 para que evite dar valores simbólicos aos blocos caricatos e fazer uma festa mais ou menos. Se tudo continuar como está, as pessoas não virão para Três Pontas. Pontas. É preciso ter uma atração de peso e algo inovador, diferente e que não esteja acontecendo nas cidades da região.

Outro ponto que Michel deixa claro é que a maior fonte de riqueza no mundo já é o turismo. Por isto, é preciso que a cidade que tem um forte viés turístico, invista neste setor. A exemplo de outras localidades, como Belo Horizonte, que tem investimento pouco e conseguindo voltar com a sua folia tradicional.

O que ele chama a atenção é para o formato, que precisa ser discutido com as pessoas interessadas e precisa ser analisada a questão daqueles que não gostam ou não querem o Carnaval. Isto precisa ser levado em consideração e ouvir todas as manifestações, principalmente daqueles que moram em torno da Avenida Oswaldo Cruz. Existe a insatisfação deles e por isto é fundamental estudar horário, atrações e a questão de circulação. “A gente precisa fazer o Carnaval, mas trazer à cidade o menor impacto possível”, avalia Michel Renan.

A primeira reunião está marcada para 13 de março, as 19:00 horas na sede da Associação Comercial. Os convidados são as entidades carnavalescas, a Secretaria de Cultura, Lazer e Turismo e todas as pessoas com ligação em atividades culturais e simpatizantes. Os interessados devem informar a presença e confirmarem a entidade que representa até o dia 09 de março pelo telefone (35) 3265-1839.

Reabertura do Clube Trespontano faz parte do projeto de revitalização do Carnaval

A Associação Comercial está alinhando com a direção do Clube Literário Recreativo Trespontano os caminhos para que o espaço seja reaberto. O imóvel imponente localizado na Praça Cônego Victor chama a atenção por sua arquitetura, porém, está fechado desde 2012, por não estar adequado de acordo com as normas de segurança. Nele muitos casais se uniram em matrimônio, celebraram aniversários, participaram de festas memoráveis e passaram momentos que inesquecíveis, como o Carnaval. As matinês recebiam muitas pessoas de Três Pontas e de várias partes do país.  O objetivo agora é retomar os velhos tempos abrindo as portas do Clube Trespontano à comunidade. O atual presidente Humberto Luiz de Araújo Brito disse que quando assumiu a direção, além de ter que tratar da questão estrutural, precisava cuidar de uma dívida.

Ao longo deste período, mesmo com o quadro de contribuinte sendo reduzido por causa da inatividade do Clube, a diretoria trabalhou em várias frentes. Resolveu as dependências fiscais e trabalhistas pagando todas as dívidas que existiam dívidas e elaborou um projeto de restauração capaz de possibilitar a reabertura do prédio. Ele demanda um valor financeiro alto, orçado em R$700 mil. Parte destes recursos virá de recursos próprios e já estão garantidos. O restante vai exigir criatividade da diretoria em promover eventos, para que com o resultado deles seja complementado o valor necessário. O objetivo é colocar tudo em ordem até o fim deste ano – edifício restaurado e liberado para ser reaberto. Com isso, no Carnaval, o CLRT faça parte do projeto de revitalização da Festa de Momo, principalmente de clube. “Fomos chamados pela Associação Comercial e somos parceiros deste projeto, porque queremos que a cidade tenha suas festas e comemorações, colocando Três Pontas de volta na fama de promover bons eventos, entre eles o Carnaval”, registra Humberto Brito (foto).

Mesmo fechado há quase seis anos, a procura para abrigar casamentos, formaturas e todo tipo de festas é muito grande e a demanda é enorme.

O Clube Trespontano é uma sociedade privada, composta por 405 sócios proprietários, que tem em seu patrimônio o Clube de Campo Catumbi (CCC), que está arrendado para o Buffet Samambaia já por um bom período.