A Polícia Militar de Três Pontas está fechando o ano de 2015 com resultados extremamente positivos. Os números apresentados pelo comandante da 151ª Companhia de PM Tenente Bruno Neves Tavares, mostram que o trabalho foi bem feito, aliado a grande parceria com a população, renovada com informações, sugestões, críticas e opiniões que auxiliaram na atuação preventiva e repressiva aos crimes. Fechando o 2015, com três anos sem registrar um homicídio provocado por arma de fogo, a cidade também viveu a ascensão a alguns crimes que mexeram com a tranquilidade como os roubos a pequenos estabelecimentos e ultimamente os furtos de veículos. Por outro lado, a prevenção e repressão a motoristas que ingerem bebidas alcoólicas e pegam a direção foi reforçada com a utilização de um bafômetro. Fins de semana em alguns meses foram de acidentes graves, alguns com fins trágicos com a perda de jovens trespontanos.

No raio X da segurança, Três Pontas foi bem e o comandante apresenta a análise feita com exclusividade à Equipe Positiva, com número que compreendem de 1º de janeiro a 14 de dezembro.

ENTREVISTA

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BRUNO NEVES TAVARES

TENENTE – COMANDANTE DA 151ª COMPANHIA DE POLÍCIA MILITAR TRÊS PONTAS E SANTANA DA VARGEM

Qual o balanço o senhor faz da segurança pública em Três Pontas do ano de 2015?

Com relação ao ano de 2015, em relação aos crimes, a gente percebe que entre fevereiro e março deste ano houve um aumento da criminalidade violenta, no que tange, principalmente, os roubos a estabelecimentos comerciais. Neste sentido houve diversas ações da Polícia Militar no intuito de refrear o recrudescimento dessas ações delituosas, tendo com resultado uma grande redução, que só foi possível através da prisão de mais de 32 indivíduos com participação direta ou indireta em assaltos, salientando que todas as prisões foram em flagrante. Assim, a Polícia Militar fecha o ano com uma incidência um pouco acima do ano passado, porém, em 2014 tivemos um índice de criminalidade dos mais baixos do Estado de Minas Gerais, com 18 roubos no ano, apenas. Nesse sentido, o ano de 2015 apresenta um aumento, mas tudo dentro da normalidade e nenhuma ascendência exagerada da criminalidade na cidade. Por fim, é importante destacar que 2015 foi um ano histórico no número de prisões, pois a Polícia Militar nunca prendeu tanto, ou seja, quase 1400bprisões em 2015, número este que nós não comemoramos, por ser este reflexo notório da impunidade.

É evidente que todos os crimes incomodam. Qual é aquele que mais preocupa a Polícia Militar?

O que mais incomoda e gera a sensação de insegurança à população é o crime de homicídio. Este realmente acaba com a sensação de segurança de uma cidade. O nosso caso é diferente, pois estamos fechando o ano e felizmente não houve nenhum homicídio registrado pela Polícia Militar. Agora, o crime que mais causa sensação de insegurança dentro das nossas análises criminais e ferramentas de gestão é com certeza é crime de roubo. Ele incomoda, principalmente quando os criminosos usam de violência e grave ameaça através do uso de armas de fogo. Ultimamente o comércio não está sendo tão atacado por estas ações delituosas, igual foi no começo do ano. No final deste ano tivemos alguns furtos de veículos e veículos tomados de assalto, que era uma modalidade até então não vivenciada na nossa cidade. Mas é um crime que está em ascendência em todo região, e geralmente esses veículos são usados em outros assaltos, como meio para pratica de outro crime.

Tenente, Três Pontas foi destaque em relação ao número de mortes provocadas por arma de fogo. Porém, os números são melhores ainda do que foi apresentado pela Revista Exame?

A pesquisa a que você se refere é independente e foi feita por um estudioso, através do Mapa da Violência, anuário patrocinado pela União. Neste estudo Três Pontas foi citada porque num período três não houve o registro de homicídios provocados por arma de fogo. O resultado se refere aos anos de 2010, 2011 e 2012. Se formos replicar de 2013 até agora, 2015, também não houve o registro de nenhum homicídio provocado por arma de fogo. Sendo assim, são praticamente seis anos. É um caso raríssimo, podem ver que são poucas as cidades em todo Brasil, acima de 40 mil habitantes, que permaneceram três anos sem a incidência de homicídios praticados com arma de fogo, ainda mais seis anos. Não há dados ainda fechados neste período maior, pois a base para estes dados é o Ministério da Saúde, através do SIM, o Sistema de Informação sobre Mortalidade. A referência para homicídios no Brasil é do Ministério da Saúde, onde os dados são mais fidedignos, uma vez que o óbito pode bem após a ocorrência policial. Três Pontas deve estar na liderança em todo o Brasil, no que se refere à ausência de homicídios provocados por arma de fogo.

Mas o número de homicídio praticados por arma branca é grande?

Não é tão expressivo. Há os crimes com armas brancas, mas há muitas apreensões. Em 2015 [até o dia 14 de dezembro] foram 132 apreendidas. Os crimes cometidos com arma branca não chegam a um terço disso. A gente percebe que os crimes com facas, principalmente ameaças, são lesão corporal e tem relação familiar. Os crimes que mais preocupamos com o uso de arma branca são o homicídio na maioria tentado e a lesão corporal. Crimes com armas brancas são praticados geralmente em bares ou casos passionais. Neste último caso, a PM fica um pouco inerte por ocorrer dentro de um ambiente familiar. Como a gente não tem uma informação prévia do que esteja acontecendo lá dentro, não há como atuar preventivamente. Fazemos diariamente operações e muitas apreensões.

É mais difícil apreender arma branca?

A gente tem direcionado as nossas ações para os locais e dias de maior probabilidade, seja através do acompanhamento registros pretéritos de ameaças ou de um possível homicídio em virtude de uma rixa ou briga. Há também um número significativo de armas brancas apreendidas e que certamente seriam usadas a roubos a estabelecimentos comerciais.

Os crimes na zona rural tiveram mesmo uma ascendência?

Sim. A gente percebe através das nossas análises que os crimes na área rural tiveram uma ascensão, não os crimes graves que tínhamos antes, que era o roubo de caminhonetes e veículos em 2013. Esta incidência criminal violenta diminuiu muito. Os furtos na zona rural tem aumentado sim e de forma significativa. Hoje em dia a gente vê que isto cresceu em algumas propriedades de cidades vizinhas a nós. Sítios e fazendas se tornam alvo pela facilidade de não ter um morador e os criminosos acabam atuando. A gente conta com a colaboração da população para passar informações e suspeitos para que possamos verificar antes que o crime aconteça.

Tenente houve uma época que os assaltos a pequenos estabelecimentos deixaram a população preocupada. Como que a PM conseguiu combater estes crimes?

Policia 2Como eu já disse, houve uma ascendência em março de 2015 e a gente atuou de várias formas. Primeiramente identificando os autores, aqueles que realmente estavam nesta prática delituosa. A partir daí tivemos ações pontuais, direcionadas, com base na análise criminal, os horários que os crimes aconteciam. Cumprimos mandados de busca e apreensão, ações no combate ao tráfico de drogas quando havia esta influência direta do tráfico com o assalto. Foram várias ações preventivas e repressivas, direcionadas a este tipo de crime. Com isto, conseguimos realmente ter um resultado positivo e diminuiu quase que 100% de um período a outro.

Tudo quanto é Município do Sul de Minas, com exceção Três Pontas registraram explosões, ataques ou arrombamentos a caixas eletrônicos. Como conseguiu prevenir esta modalidade que crescendo nas cidades do interior?

Esta é uma modalidade que nos preocupa muito e as ações são realizadas diariamente, mas por ser de cunho estratégico não nos cabe aqui divulgar. Mas pode ter certeza que a nossa tropa está atenta a estas situações. Temos um modelo de policiamento diferenciado para a madrugada. Tanto na questão de armamento, que é diferenciado, quanto do material utilizado nas viaturas, a forma de lançamento das viaturas e abordagens. Estamos sempre atentos aos chamados. Temos condições totais de repressão e poder de confronto a este crime, com nosso aparato policial. Utilizamos para monitoramento da região central câmeras que são controladas pelos policiais militares e links de câmeras de estabelecimentos da região central. São muitas ações preventivas e preparativas para atuarmos frente a este crime, que é um furto qualificado, mas bastante grave.

O envolvimento de menores no crime é cada vez maior. A relação deles no tráfico que acaba provocando outros crimes é grande?

A gente vê que infelizmente a cada dia aumenta mais o envolvimento do menor com a criminalidade e está ligado muito diretamente ao tráfico de drogas, principalmente para a manutenção do uso. O traficante acaba agenciando um tanto de menores na prática de furtos e assaltos. A Polícia faz a sua parte, mas percebemos que as ações não tem uma sequência, dentro da questão do combate a criminalidade. A gente apreende um menor que cometeu um assalto, por exemplo, e em situação de flagrante, mas por ser menor e ser protegido pelo ECA acaba não respondendo pelo ato infracional cometido, voltando para a criminalidade, e isso se torna frequente, até ele completar a maioridade.

Tanto em relação a menores e maiores, a reincidência é grande?

É enorme. Para se ter uma ideia tivemos 253 apreensões de menores e 1.131 prisões de autores maiores, totalizando 1.384 prisões pela prática de crimes ou atos infracionais só este ano de 2015 (até 14 de dezembro). É um número que vem aumentando cada vez mais, resultado da reincidência e impunidade. Nestes números não é que foram presas pessoas diferentes. Tem gente que foi presa, 10, 20 e até 30 vezes durante um único ano. É quase que enxugar gelo mesmo.

Nos últimos dias, estava crescente o número de furtos de veículos, que sempre são recuperados. A PM já identificou quem são estes ladrões?

A maioria destes autores já foram presos, ou melhor, menores infratores. Todos eles já foram conduzidos por várias vezes até a Delegacia. Ações e prisões são feitas todos os dias. Falta às vezes a população entender bem como funciona o Sistema de Segurança Pública atual e até onde vai o trabalho da Policia Militar. O trabalho da Polícia Militar para na prisão, que às vezes não é ratificada. Ou seja, a pessoa não fica presa, ou é menor infrator. Por isto voltam a delinquir e praticar novos furtos. A justificativa para essa recorrência é que o infrator não conheceu nenhum tipo de pena, que possa tentar fazer a parte preventiva de evitar outra ação no futuro. Não tem existido pena, nem prisão, nem internação e isto acaba se torna um fator impulsionador da criminalidade, através da impunidade.

Os acidentes de trânsito parecem ter aumentado. Os números da PM confirmam isto?

Os acidentes de trânsito em alguns períodos aumentam um pouco, em outros diminuem, mas continua no mesmo patamar de outros anos. Se pegarmos o histórico dos últimos três anos aqui da Companhia, a gente percebe que realmente o número é alto. Quando a gente vê o número de veículos em circulação, só daqueles que estão emplacados em Três Pontas, são mais de 23 mil, fora os de outras cidades que não são contados. É uma frota muito grande. Os acidentes que causam somente danos materiais são praticamente todos os dias. Não teve um aumento, mas continua em um patamar muito parecido dos outros anos.

Mas alguns acidentes graves com vítimas fatais causaram comoção na cidade.

Tivemos sim alguns acidentes graves. Houve um mês que foram vários acidentes dentro do perímetro urbano, no centro e nas rodovias. Estes realmente chocam a população, ainda mais quando são em sequência. Lembramos do caso da jovem atropelada na Rua Espírito Santo, depois um jovem que morreu na Avenida Ipiranga.

O número de pessoas que fazem o uso de bebidas alcoólicas e pegam a direção de veículos aumentou?

O que aumentou foi a fiscalização a este tipo de crime cometido que é a alcoolemia ao volante. Desde julho a Polícia Militar tem utilizado o etilômetro, popularmente conhecido por bafômetro e desde então, já foram feitas 31 prisões por embriaguez ao volante. O etilômetro previne acidentes, ou melhor, mortes no trânsito. Mesmo quando não há sinais, ele é utilizado para não deixar nenhuma dúvida em casos de acidentes graves.

Três Pontas sediou além de seus eventos tradicionais a Beatificação de Padre Victor, que exigiu muito da Polícia Militar. Este foi mais um evento que a instituição comemora o bom resultado da organização?

Este foi um fato histórico para Três Pontas. A cidade é bastante católica e tradicional e a gente se empenhou o máximo que podia, não só nós aqui, como o nosso comandante do 24º Batalhão, o Tenente Coronel Hudson, trazendo para o evento, uma estrutura da PM a altura da importância deste acontecimento. Buscamos recursos e tecnologia na Capital, que foi usada apenas na Copa do Mundo, como por exemplo, um caminhão de plataforma de observação elevada com câmeras, aeronave, cavalaria, GATE, esquadrão anti bombas, policiais de outras regiões e Drones para monitoramento aéreo, entre outros. O Comando da Polícia Militar disponibilizou todo aparato necessário no intuito de oferecer um serviço de qualidade gerando sensação de segurança a todos os fiéis que compareceram á cerimônia de Beatificação. O resultado disso foi a ausência de incidentes durante a Beatificação. As pessoas buscam amparo, socorro, auxilio e informação e canalizam a um policial militar pela confiança que tem na instituição. A polícia é referência para qualquer cidadão em todos os sentidos. Na beatificação a gente foi um pouco mais além da questão da segurança pública, pois a nossa missão naquele dia estava mais voltada para a função proteção do que para a função de controle social, pois na primeira nós orientamos, socorremos e assistimos as pessoas de bem, e na segunda nos combatemos o crime. Além da beatificação, a Festa do Aniversário de Morte em setembro foi extremamente tranquila, assim como todos os eventos que ocorreram em 2015.

Três Pontas perdeu policiais que foram para a reserva e outros que saíram para fazer cursos. A expectativa é de que a Cidade receba estes militares de volta?Policia 1

Nós tivemos a poucos dias policiais militares que saíram para fazer cursos de formação de Sargentos em Lavras e Belo Horizonte. Destes, a grande maioria está retornando para cá para reforçar nosso efetivo policial, alguns como vocês sabem estão indo para a reserva [se aposentando]. A gente trabalha sempre com estas mudanças dentro da tropa. Uns vão, outros voltam e chegam outros novos.

Tenente, Três Pontas sempre foi comandada por Capitão e desde que assumiu a Companhia a situação está sob controle. Ao fim de mais um ano com resultado positivo, o senhor se sente realizado?

Realmente é um trabalho muito árduo, mas também prazeroso o de promover a segurança pública. Servir e proteger é o lema da Polícia Militar e realmente a gente colheu resultados positivos durante este ano todo. Infelizmente não tem como fechar o ano com resultado extremamente positivo, ou seja, ausência total de crimes, até mesmo porque as diferenças e as desavenças faz parte da vida em sociedade. Tenho que agradecer muito a tropa que buscou dia a dia esses resultados, atingiu várias metas que nos foram estipuladas, nos cabendo responsabilidade territorial de duas cidades (Três Pontas e Santana da Vargem) que compõe a subárea desta Companhia de Polícia Militar. A gente se sente sim realizado com a resposta da população que anseia por segurança pública. A gente está bem e a pesquisa da revista Exame é para ser comemorada, pois talvez não haja em Minas Gerais alguma cidade que feche o ano tão positivamente, em relação a um crime tão grave como o homicídio. Isto vai ser histórico, se conseguirmos fechar estas últimas horas do ano da forma que passamos o ano inteiro. Na minha vida profissional eu nunca vi uma cidade com 56 mil habitantes, fechar o ano sem o registro de homicídio. Vai ser uma surpresa muito positiva e a gente sabe que isto não é fácil. Nas festas de fim de ano, as pessoas bebem bem mais e é comum infelizmente ter desavenças e crimes passionais.

Qual a sua mensagem.

A mensagem que deixo é de agradecimento à população, às instituições, às autoridades, à imprensa, dentre outros atores, pois é pelo apoio às ações policiais que nós conseguimos bons resultados. É muito bom trabalhar em uma cidade onde o povo nos apoia, por mais que não seja 100%. A nossa profissão é árdua e nem sempre valorizada, não esperamos ser aplaudidos ou elogiados, e estamos sempre abertos ao debate desde que dissociados de imposições pré-concebidas. Gostaria de agradecer de maneira especial, a cada integrante dessa operosa Companhia de Policia Militar pelo comprometimento dentro desse processo, que nos impõe níveis cada vez maiores na busca constante da melhoria dos serviços prestados à população. Por fim, estaremos juntos em 2016, cumprindo a nossa missão de “PROMOVER A SEGURANÇA PUBLICA POR INTERMÉDIO DA POLICIA OSTENSIVA, COM RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM MINAIS GERAIS.”

VEJA OS NÚMEROS

1º DE JANEIRO A 14 DE DEZEMBRO DE 2015

Apreensão de arma

Armas de fogo – 25

Armas brancas – 132

Conduções

Apreensões – 253

Prisões – 1.131

Total – 1384 

Presos por tráfico de drogas

99 pessoas presas

Conduções por embriaguez ao volante

31

Operações

772

Apreensão de drogas

Cocaína – 350 papelotes

Crack – 295 pedras

Maconha – 2 quilos (600 buchas, 53 cigarros, 40 sementes, 03 pés de maconha)

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