*Hospital precisa de R$400 mil para quitar o 13º salário dos servidores. Santa Casa e Sindicato divulgaram notas falando sobre a paralisação. Equipe Positiva divulga na íntegra as duas publicações

A greve geral do Hospital São Francisco de Assis foi anunciada para esta quinta-feira (02). A direção divulgou na véspera, uma Nota Circular aos seus servidores que foi afixada em diversos setores e departamentos da Santa Casa e o Sindicato afirma que as explicações causaram intimidação aos funcionários e o Sindicato distribuiu uma Nota de Esclarecimento como forma de repúdio. A direção da Santa Casa, concluiu que a assembleia realizada pelo Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindeess), teve apenas 10,9% e poderá ter resultados prejudiciais ao Hospital se for realmente efetivada. Um trabalho árduo está sendo feito nos últimos meses para que o Hospital saia do marasmo e está sendo mantido a duras penas as conquistas dos colaboradores, como o salário que tem sido pago no mês, quando se efetiva tão logo o repasse do Sistema Único de Saúde (SUS).

A direção explica na nota, que há um plano estratégico pronto para os anos de 2017 e 2018 que permite vislumbrar dias melhores, mas questiona que o motivo da paralisação seja o atraso do pagamento do 13º salário e três cestas básicas. Ela se compromete a pagar brevemente, inclusive os salários dos médicos que também estão em atraso e reintera que há valores a receber do Estado de Minas Gerais.

Na circular, a direção reconhece as dificuldades que os funcionários estejam enfrentando, porém faz um pedido para que servidores não assumam a greve que provocará enorme prejuízo junto a comunidade atendida.

Em entrevista, o administrador Silvio Denis Grenfell (foto) informou que chegou na instituição pouco antes da 7 da manhã e não viu nenhum movimento da greve, apenas a circulação de funcionários da troca de turno. Ele espera poder chamar o sindicato o mais breve possível para fazer uma proposta, talvez de parcelamento da dívida do 13º salário e reafirmou que ainda não foi feita porque não há em caixa R$400 mil que são necessários. Grenfell detalhou que um especialista foi contratado para fazer os cálculos das parcelas que o Hospital precisa quitar para ter liberado a Certidão Negativa de Débito (CND). Três já foram pagas, porém, a última do INSS não saiu com a rapidez das anteriores. A promessa do instituto é que seja liberado a guia em 06 de março. O dinheiro já estaria reservado e após 5 dias o documento que permite receber verbas carimbadas e emendas parlamentares poderiam ser liberadas. De acordo com Silvio Grenfell, o deputado federal Diego Andrade (PSD-MG), já teria prometido recursos e outras verbas, como o restante de uma emenda da deputada estadual Geisa Teixeira (PT), de R$250 mil poderia ser disponibilizado.

Na nota que também foi espalhada pelo Hospital, na manhã desta quinta-feira (02), o Sindicato dos Servidores esclareceu que algumas afirmações e informações por parte da Santa Casa, estão desencontradas. Primeiro, que a Assembleia teve respaldo no Estatuto e mesmo que tenha sido realizada com poucas pessoas, dizer que apenas 10,9% do total é a favor da greve é descabido. Segundo, que os benefícios que são listados como plano de saúde e empréstimos bancários, são direitos do trabalhador. Apesar de que em algumas ocasiões, segundo a nota, a Santa Casa descontou do colaborador e deixou de fazer o repasse do pagamento à instituição financeira, que por sua vez acabou inscrevendo o nome no SPC/SERASA.

Respondendo ao questionamento feito pela direção da Santa Casa, a greve não é apenas por falta de pagamento do 13º salário, nem pelo atraso na entrega das cestas básicas, mas sim por terem que trabalhar durante 30 dias e não saber que dia irão receber, quando o prazo estipulado em lei é 5º dia útil.

Em entrevista, o presidente José Nilson de Paula Araújo (foto) analisa que a direção foi irônica ao tratar de um assunto tão sério e acrescentou que o objetivo foi intimidar a classe em não participar do movimento, o que é direito de todos. José Nilson contou que passou em todos os setores e os funcionários são favoráveis à paralisação, porém, temem represálias e até mesmo demissão. Ele repetiu ser parceiro da instituição, mas desta vez a situação chegou ao ponto insustentável. “Tem muita gente endividado, com contas que estão se acumulando desde o fim do ano e sem previsão de sair do vermelho, pois apesar de cumprirem suas obrigações, o Hospital não vem honrando seus compromissos e até hoje os servidores apenas assistiram de braços cruzados, ouvindo e atendendo a promessa de anos, de diversos diretores de que a situação vai melhorar”, responde José Nilson.

VEJA A NOTA NA ÍNTEGRA DA DIREÇÃO DA SANTA CASA divulgada em 1º de março

“Estamos na eminência de iniciar uma paralisação, sob forma de greve requerida por parte de alguns colaboradores desta instituição (10,9%), em assembleia do Sindicato e que poderá ter resultados prejudiciais para nosso querido Hospital São Francisco de Assis/Santa Casa de Misericórdia de Três Pontas, caso seja efetivada.

E dizemos isso em função de que todo um trabalho árduo tem sido feito nos últimos meses, com ajuda de todos: da Irmandade, médicos e todos os colaboradores, para que nosso hospital saia deste marasmo, seja por dívidas antigas com fornecedores sendo enfrentadas e pagas gradualmente, seja por pagamentos aos nossos médicos já com três meses de atrasos, seja atuando para que não faltem suprimentos, seja aumentando nossas receitas ou reduzindo despesas.

Estamos tentando manter a duras penas, todas as conquistas de vocês colaboradores, seja o plano de saúde Unimed, cestas básicas mensais, café da manhã, café da tarde, empréstimos bancários consignados, que esperamos não ter de interromper. O salário tem sido pago no mês, e se efetiva tão logo recebemos o repasse do Sistema Único de Saúde (SUS).

Aprovamos já o dissídio coletivo com o Sindicato para 2017, evento que transcorreu sem problemas e já pagamos a folha salarial do mês de janeiro, com aumento de 5,75% e do mesmo modo será feito no próximo mês e meses subsequentes.

O momento começa a se normalizar com o repasse da subvenção municipal a partir de fevereiro de 2017, quando normalizaremos os nossos suprimentos e contratos. As doações na conta de água continuam a ser realizadas por aqueles que acreditam no Hospital e que tem nos rendido valores mensais em torno de R$18 mil que nos permite honrar compromissos com manutenções preventivas e corretivas, além de melhorias como a do III’A, que aos poucos vai se pagando (só falta o oxigênio centralizado, parcelas dos móveis e pequenos retoques).

Nosso cartão de descontos vem tendo suas vendas aceleradas. Nosso Centro de Especialidades (ambulatório) já com médicos atendendo em quase todas as especialidades, bem como fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, além de dentistas em seus respectivos consultórios. Isso sem contar os inúmeros descontos em clínicas, farmácias, laboratórios, óticas e academias.

Temos um plano estratégico pronto para os próximos anos (2017/2018), que nos permite vislumbrar melhores dias, de crescimento em solo firme, de uma colheita melhor a cada mês.

Mas, o motivo desta paralisação é o atraso do pagamento do 13º salário e de três cestas básicas? questiona a nota.

Não há dúvida de que ambos serão pagos brevemente. E não só esses, mas também os repasses médicos que do mesmo modo nos preocupam. Temos valores a receber do Estado de Minas Gerais que nos minimizarão este passivo. Dependemos ainda da Certidão Negativa de Débito (CND), para o recebemos de emendas parlamentares e outros repasses, e esta CND será conseguida já nos primeiros dias de março, através da luta intensa de pagamento de pagamentos de passivos que estamos mantendo.

Nosso pedido à vocês é que não assumam uma greve cujo prejuízo será enorme junto a comunidade que atendemos, pois nossos fornecedores nos olharão de outro modo, e até os órgãos ligados a Secretaria de Saúde, que poderão cortar programas pelos quais tantos lutamos.

Reconhecemos as dificuldades de cada um e tudo faremos para que tudo se normalize em um curto espaço de tempo. Essa é a nossa palavra. Entendemos que a causa do Hospital São Francisco de Assis é maior do que qualquer outra.

Lembre-se, o Hospital não é nosso! É de todos nós. Devemos fazê-lo cada dia melhor, juntos podemos.

Com a ajuda solene do Beato Padre Victor, venceremos. Todos nós, juntos”.

A Direção

NOTA DE ESCLARECIMENTO DO SINDESS divulgada nesta quinta-feira 02 de março

O SINDESS – SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE TRÊS PONTAS, vem a público esclarecer e repudiar algumas afirmações e informações desencontradas contidas na circular emitida pela administração da Santa Casa de Três Pontas em 01 de março de 2017.

1 – A Assembleia Geral Extraordinária realizada em 21/02/2017, foi realizada com respaldo do estatuto desta intuição, e ela é soberana, mesmo que tenha sido realizada com um coro pequeno, a afirmação de que apenas 10,9 % dos colaborados da santa casa são a favor da greve é totalmente descabida e desprovida, greve é um direito de todos os trabalhadores;

2 – O SINDEESS, reconhece todos os esforços realizados pela diretoria da santa casa, e tem sempre que possível colaborado com a mesma, embora as alegações de que estão mantendo alguns “benefícios”, esta é mais uma vez descabida, pois o plano de saúde não é benefício e sim direito do trabalhador, que por sua vez paga pelo mesmo, empréstimos bancários consignados também é um direito, a santa casa cabe apenas fazer o repasse a instituição bancaria, embora em algumas ocasiões a santa casa descontou do colaborador, e deixou de fazer repasse do pagamento a instituição financeira, que por sua vez no seu direito inscreveu o nome de vários colaboradores no SPC/SERASA, atitude esta que configura crime de apropriação indébita, mesma fato que ocorreu também com relação ao plano de saúde junto a UNIMED, agora quanto a servir café aos colaboradores nada mais justo, pois a maioria que ali trabalham, fazem plantões de 12 horas;

3º – Em último plano, a greve não é apenas por falta de pagamento de 13º salario, nem tão pouco pelo atraso na entrega de 3 cestas básicas, mais sim em decorrência de vários atrasos de salários, é justo um colaborador trabalhar 30 dias no mês e não saber que dia irá receber, é justo trabalhador que laborou durante o mês de novembro de 2016 receber seu pagamento apenas no dia 26 de dezembro de 2016, passou o natal sem receber seu salário, isto é justo? Com certeza isso não é justo, pois até mesmo a CLT em seu artigo 459§1º diz que o salário quando estipulado por mês deve ser pago no máximo até o 5º dia útil, é justo os funcionários não ter seu FGTS recolhido de maneira correta, isto sem contar os médicos que também são colaboradores, e estão com 4 (quatro) meses de salário atrasado. Pois bem, o valor devido aos colaboradores embora pareça pouco, é com este pouco que várias famílias põe o sustento dentro de casa, cerca de 80% dos colaboradores recebem menos que R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais), o que para algumas pessoas é pouco, para algumas seria o dinheiro para pagamento de alguns impostos, compra de material escolar e até mesmo uma oportunidade de saldar dívidas, seria pouco se eles recebessem igual alguns membros da diretoria da santa casa, pois não haveria problema em receber atrasado. No mais, todo trabalhador tem o direito de fazer greve, direito este previsto na CLT e em nossa Carta Magna, não será admitido nenhuma represália contra os trabalhadores que aderirem a greve, como já dito anteriormente greve é direito de todo trabalhador.

SINDEESS

Da Redação: A ordem de publicação nesta reportagem da Circular e Nota de Esclarecimento obedeceu a emissão em que elas foram divulgadas