Os funcionários da Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis, aguardam apenas a notificação de órgãos ligados a saúde para oficializar a data de quando vão parar. A decisão de uma greve geral, mantendo apenas 30% dos servidores trabalhando e os atendimentos de urgência e emergência, foi tomada em Assembléia Geral Extraordinária realizada na noite desta terça-feira (21), no pátio da entidade.

A convocação foi feita após em várias reuniões entre o Sindicato dos Servidores da Saúde e a Administração da Santa Casa, os servidores terem sempre a mesma resposta: não há previsão de quando será feito o pagamento do 13º salário. Além disso, o Hospital não estaria cumprindo há quatro meses um acordo feito no Ministério do Trabalho de destinar todo mês uma cesta básica a cada funcionário.

A Assembleia contou com a presença de 35 pessoas, de um total de 292 servidores. Muitos destes que compareceram levaram o apoio de colegas que não puderam participar. Alguns disseram ter medo de retaliação e até mesmo de demissão. O advogado do Sindicato Dr. Júlio César da Silva disse que o movimento não tem cunho político e só está sendo realizado porque a situação chegou a um ponto insustentável. Ele confirma que desde o ano passado tem sido recebido pela direção da Santa Casa, mas o retorno é sempre negativo. Há anos o pagamento é sempre feito em atraso, porém nunca chegou a este ponto.

Todos que compareceram falaram e a minoria optaram que a paralisação deveria ser diária e somente por algumas horas. Na opinião da maioria, o objetivo de pressionar pelo pagamento do 13º ficaria enfraquecido. “Toda Administração que entra nos pede para vestir a camisa da Santa Casa, mas sempre somos deixados de lado e nem satisfação nos dão”, reclamou em coro alguns deles. Os funcionários questionam que não são comunicados sobre a data de pagamento de salários e são proibidos de conversar sobre o assunto no trabalho.

O advogado do Sindicato Dr. Júlio César da Silva e José Nilson presidente do Sindicato presidiram a assembleia

De acordo com o presidente do Sindicato José Nilson de Paula Araújo a paralisação não é feita imediatamente. Os órgãos como a Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura, SAMU, Ministério Público, a Gerência Regional de Saúde (GRS) e as cidades de Santana da Vargem, Coqueiral, Boa Esperança e Ilicínea que são atendidas no Hospital por Três Pontas ser sede de micro. A greve só pode ser iniciada após 72 horas da notificação ser recebida por estes órgãos e instituições. O Hospital deverá providenciar escala com 30% dos servidores e a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não será afetada.

Todos que compareceram assinaram um livro de ata. Falta definir agora, se a greve será realizada mesmo no período de Carnaval ou após o período festivo, quando a demanda por internações e atendimentos de urgência e emergência aumenta.

Direção do Hospital reconhece dificuldade dos funcionários, mas diz que este não é caminho

O administrador hospitalar do Hospital São Francisco de Assis, Silvio Denis Grenfell (foto arquivo) disse por telefone que todos os esforços estão sendo feitos para solucionar o problema da falta de pagamento do 13º salário. Grenfell disse que reconhece o movimento e acha justo a reivindicação feita pelos servidores, porém, não resolve a dificuldade que o Hospital enfrenta. Isto está sendo ocasionado, pela falta de repasse do Governo Estadual que está deixando de fazer os repasses que a Santa Casa tem direito. A situação foi agravada depois do Decreto de Calamidade financeira feito pelo governador Fernando Pimentel (PT).

A direção aguarda a emissão de uma guia para quitar mais uma parcela de débitos, que proporcione a regularização da Certidão Negativa de Débito (CND), possibilitando que a Santa Casa consiga empréstimo para fazer o pagamento aos funcionários do Hospital.