Denis Pereira – A Voz da Notícia

Elas ainda vivem a felicidade de ter participado no fim de semana da 47ª edição do Festival Nacional da Canção (Fenac) e se classificado para as semifinais da disputa, com a canção “Se a minha morena cantasse”. O Grupo Morena foi a Coqueiral se apresentar na noite do último sábado (26), saíram de lá com o passaporte carimbado para a disputa que acontece entre os dias 07 e 09 de setembro em Boa Esperança.

Quando chegamos para uma entrevista com elas na casa do professor e autor da letra, Sérgio Carioca, estavam todos com os olhos na televisão revendo a reportagem gravada pela TV Alterosa com elas no Fenac. É na casa dele que os nove integrantes do grupo se reúnem para os ensaios, que nas últimas semanas estão sendo realizados semanalmente. Mas desta vez, havia o gosto doce da vitória, do reconhecimento de um público que a maioria nem as conhecia e as aplaudiram de pé.

Elas encantaram no Festival em Coqueiral no último fim de semana. Foto: Equipe Positiva

Elas contam que queriam estar se apresentando em Três Pontas onde deveria acontecer esta etapa, mas se sentiram em casa. São dois os motivos. Primeiro, que os trespontanos literalmente “baixaram” em Coqueiral para torcer por elas. Segundo, que os coqueirenses as trataram como se elas fossem de lá.

O Grupo Morena é formado por quatro lindas moças não apenas na aparência, mas com uma musicalidade diferente dos estilos atuais que tocam no rádio e são como meteodoro. Suas profissões são distintas. Lidyane Brito é professora de música do Conservatório Municipal, da Apae e da Escola Peixinho Vermelho. Helen Mariah é professora de pilates. Elis Theophilo trabalha como secretária, recepcionista e além de cantora é compositora. Laise Reis também compõe, mas sua profissão é advogada.

O marco delas até agora nesta curta carreira é a música que foi classificada. A letra é de André dos Santos e a autoria de Sérgio Carioca. Este último conta que a letra foi encomenda especialmente a elas e não foi difícil encontrar a melodia. “A primeira que ele me mandou eu não gostei, não soava popularidade, mas a segunda, logo encontrei a melodia e é o maior presente elas terem gravado, mais que qualquer troféu”, revela o autor.

O grupo Morena surgiu no Sarau, evento gratuito realizado mensalmente pela Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Turismo, na Casa da Cultura Alfredo Benassi, durante o mandato passado. A amizade deles é antiga, mas elas começaram a se encontrar em outras oportunidades separadamente. Três delas integraram a turnê de Milton Nascimento “E a gente sonhando”. Em uma bela noite, após o Sarau terminar elas combinaram de cantarem juntas no próximo mês. Marcaram um ensaio na casa da Laise Reis e de primeira elas arrasaram. Tanto é que como o palco improvisado lá no quintal do casarão que abrigava a secretaria era aberto a todo mundo, a pergunta sempre ouvida era. As morenas vão cantar? Elas claro sempre diziam sim e topavam. Mas e como anunciá-las. Foi ai que a apresentadora Marita Duarte, então servidora, anunciava “As Morenas”. Quando foram gravar os primeiros vídeos com Milton Lima, elas precisavam decidir por um nome e escolheram ficar com o “Morena” no singular mesmo, para não ser necessariamente quatro morenas ou loira, negra, que seja.

O mais que as uniram foram os estilos bastante parecidos. Elas gostam de MPB, bossa nova, samba e claro de Clube da Esquina. Esta foi a terceira vez que cantam no Fenac e todos os anos estão participando do Festival Nacional da Cultura, que acontece nas praças das cidades sedes durante o dia.

Hoje, revelaram que não conseguem viver mais longe uma da outra, são como irmãs, que também brigam, mas tudo é resolvido e ha a necessidade de estarem tomando pelo menos um cafezinho quando não ensaiam. “Somos quatro amigas que vivem uma amizade sincera, nos juntamos para sonharmos juntas”, revelou Lidyane Brito. O objetivo delas é viver da música, serem reconhecidas. E força de vontade e garra não faltam.

A novidade e talvez o motivo do sucesso e classificação, seja que este ano elas foram acompanhadas pela banda. Os músicos fizeram o que tecnicamente Lidyane chamou de cama musical, com a banda segurando a harmonia e as cantores livres no palco, para interagir, dançar e animar mais o público, o que acaba influenciando na decisão dos jurados. Antes era apenas voz e violão. Hoje elas tem uma banda formada por Eduardo Botrel na guitarra, Diego Barbosa no baixo, Rafael Maluko e Wallace Nenego na percussão e Sérgio Carioca no violão.

Elas já conquistaram até o público infantil que nas redes sociais gravaram vídeos cantando o refrão da música “Se a minha morena cantasse”. Foram tantos que o grupo resolveu fazer um clipe na página do Grupo Morena no Youtube. “Deu uma repercussão enorme os vídeos que as mães estão nos mandando de seus filhos. E a gente vê que é uma torcida sincera, não tem falsidade ou interesse”, contaram as meninas.

Fotos: Arquivo Equipe Positiva

Está sendo preparado por Mariana Tiso, a sete chaves um site oficial dedicado exclusivamente ao quarteto, amplo conteúdo incluindo agenda de shows as histórias das Morenas. A produção artística está com a ex-secretária de Cultura Débora Andrade.

Ver tanta gente cantando uma música que é sua, é uma sensação única que deixa qualquer um contente, ainda mais por fazer as outras pessoas felizes, contou Sérgio Carioca. O que o mais surpreendeu foi ver tanta gente torcendo por eles. “Eu imaginei que por Coqueiral ser uma cidade pequena, não fosse ter o mesmo alcance, a mesma visibilidade e até um público da qualidade que tivemos lá”, acrescentou se referindo ao Festival.

Na avaliação dele, a presença dos trespontanos foi fantástica e o estopim para mexer com a torcida de Coqueiral, que se levantou com a música deles.

Sérgio é o mais experiente da banda e ver a moçada cantando e tocando, levando a musicalidade de Três Pontas a outros cantos, para pessoas jovens e mais velhas, é algo incontestável, já que eles fazem uma música honesta, de sensibilidade, o que já não se ouve tanto por ai. “Tudo que faz sucesso hoje parece bastante repetitivo, maçante”, opinou o professor.

O quarteto não termina a entrevista sem antes agradecer a torcida que foi a quinta voz e fundamental para a classificação. As meninas admitem que o mérito não foi apenas delas, mas de todos aqueles que saíram de Três Pontas e de todos os coqueirenses que torceram por elas e pela banda, muitos sem ao menos conhecê-las. “Esperamos que torçam por nós e sigam com a gente para a etapa de Boa Esperança”, convoca o Grupo Morena.