O empresário Michel Renan Simão Castro está concluindo seu segundo mandato como presidente da Associação Comercial e Agroindustrial de Três Pontas (Acai-TP). Foram seis anos a frente da entidade, que cresceu em número de associados e faturamento. O seu sucessor Bruno Dixini Carvalho só assume em janeiro, mas Michel já fez um balanço dos seus dois mandatos, falou dos desafios como a implantação da cobrança da Taxa da Vigilância Sanitária e das críticas que recebeu ao defender o horário de funcionamento do comércio aos sábados. Michel Renan falou de seu envolvimento com a política e da vontade de ser prefeito. Pela primeira vez, o empresário que assumiu este ano a Provedoria da Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis, revela que tem vontade de ser prefeito, mas não mudará seu perfil para que isto aconteça.

ENTREVISTA

Michel, qual o balanço você faz dos seus dois mandatos como presidente a frente da Associação Comercial?

A sensação é de dever cumprido. Aprendi muito neste período. Foi uma troca importante de informações. Recebi muito e me doei ao máximo e este é o verdadeiro sentido da vida, sentir-se útil e poder colaborar com o próximo. Fazer o bem faz bem, é isto que eu penso em minha vida, poder proporcionar algo e fazer com que aquela pessoa que você proporcionou possa também proporcionar a uma outra pessoa, fazendo uma corrente capaz de mudar o nosso mundo.

Como você recebeu a Associação Comercial e como você irá entregá-la em janeiro ao presidente eleito?

Tentei neste tempo fazer o melhor possível, com que a entidade crescesse e ela cresceu em número de associados e em faturamento. E eu tenho certeza que o Bruno, o próximo presidente, que é uma pessoa muito competente, um menino que vem evoluindo muito, tenho certeza que este trabalho será crescente e vamos ter cada vez mais orgulho da nossa Associação Comercial. Conquistamos nestes anos o lugar que ela merece estar, com credibilidade, solidez e participativa em todos os debates, sempre de maneira ordeira, é justamente o que eu sempre quis. Dentro da ponderação, mostrando que somos o motor da economia, que faz com que este país se mova.

Durante estes seus dois mandatos, você se envolveu em polêmicas e foi criticado ao defender interesses da classe, como o horário de funcionamento do comércio aos sábados e ao lutar contra a Administração anterior por causa da implantação da Taxa de Vigilância Sanitária. Você se arrepende ou se sente derrotado por não ter conseguido reverter estas situações?

Eu me arrependeria se não tivesse feito o que eu fiz. Eu sempre busquei o diálogo e o debate, sempre respeitosos ouvindo as partes. E digo que a vida é uma escola, na qual me matriculei, para que eu pudesse cada dia mais agregar conhecimento. É lógico que as vezes algumas ações podem não terem sidos de uma maneira que eu teria capacidade de fazer hoje. Mas como eu disse, eu sou um ser em profundo aprendizado e é importante ouvir os lados, os interesses. Nós vivemos em um país democrático onde a decisão é da maioria. Em relação a Taxa de Vigilância Sanitária, na minha concepção, ela é uma taxa injusta, porque é cobrada e não é oferecido serviço. Por isto eu digo que ela não deveria estar sendo cobrada. Porque você paga por algo que não é revertido nada em troca. Na minha concepção, ela foi implementada errada, na hora errada, sem ouvir as partes interessadas. Eu acredito que se ela viesse a ser cobrada hoje, certamente não haveria êxito, porque a população percebeu que tem uma forte aliada que são as redes sociais. Então, eu digo que o Poder Público poderia rever esta taxa ou oferecer realmente o serviço que é cobrado. Isto na ocasião me trouxe sim certo desconforto. Mas se eu tivesse que brigar novamente para que ela não fosse cobrada eu brigaria. Em relação ao horário de funcionamento do comércio que trouxe realmente alguns desconfortos, eu ouvi a todos e prevaleceu a decisão da maioria. E eu digo mais. A população adaptou-se ao horário. Já entendeu que o horário estendido é necessário somente em algumas ocasiões como é praticado hoje. Então, que assim seja e permaneça. Mas eu não poderia me omitir na ocasião, como líder da entidade. Fiz o meu papel e todas as vezes que fui acionado e convocado eu defendi. Eu ficaria muito mais comovido e sensibilizado se eu tivesse me omitido, ou me sentido enfraquecido e não tivesse feito jus ao voto de confiança que me foi depositado para que eu tivesse a frente da entidade durante estes seis anos.

O que mais você destaca nestes dois mandatos a frente da Associação Comercial?

Eu seria muito pretensioso se eu falasse muitas coisas e ia me estender muito. Mas digo que a maior vitória é realmente saber que a nossa Associação é tida como a entidade de maior credibilidade pelos veículos de comunicação e por toda a cidade. Nós estamos participando de todos os Conselhos, somos sempre consultados e ouvidos e esta é a maior importância do nosso mandato, saber que somos fortes e respeitados. Ela hoje está no patamar que merece, o patamar máximo que é representando a classe empresarial da nossa cidade.

O que você teve vontade de fazer mais não conseguiu nestes seis anos?

Uma ação que tínhamos vontade era de implantar a Escola do Sebrae. Mas infelizmente mudou-se o modelo, a Escola deixou de ser franquia e não a mais parte dela sendo financiada. Mediante as mudanças que ocorreu ela se tornou inviável economicamente. Caso isto mude novamente eu quero junto com a diretoria implementá-la.

“Se eu um dia eu vier a estar prefeito de Três Pontas, a população pode ter certeza que vai ser uma nova concepção” … (Michel Renan)

Pessoas comentaram quando você assumiu a Acai-TP pela primeira vez, que você começava a dar os primeiros passos para disputar uma Eleição para prefeito da cidade. Isto é verdade? Você tem esta intenção?

Eu sempre me coloquei para o bem da cidade. As vezes as pessoas confundem eu fazer o que eu faço almejando estar prefeito. Isto eu posso dizer que não, eu não preciso ser prefeito. Se eu dia eu vier a ser, é para contribuir, colaborar e fazer uma cidade melhor. O meu pensamento é para o bem da cidade. Eu deixo meus afazeres, minhas empresas para colaborar com a cidade e a população. Eu fiz um levantamento e durante este período eu estive em mais de 400 eventos, representando a nossa entidade. Passaram pela Associação milhares de pessoas se capacitando, colaborando com o crescimento do Município. As coisas acontecem naturalmente. Se isto vier a ocorrer um dia, eu posso lhe afirmar que serei como sou aqui na Associação Comercial e como estou na Provedoria do Hospital, para ser servidor. Jamais me subirá a cabeça, jamais estarei envolvido em coisas erradas. Se a política surgir na minha vida, é para realizar e transformar. Por onde eu passei eu tive boas realizações. Se eu dia eu vier a estar prefeito de Três Pontas, a população pode ter certeza que vai ser uma nova concepção, sem preferir alguns, sem perseguição, realmente buscando sempre o que é melhor para a cidade. O que posso dizer é que para eu entrar para a política, eu vou seguir meus princípios. Passa pela minha cabeça estar prefeito para fazer o bem a todos e não preconizando alguns. Quero fazer jus ao lugar de destaque que a nossa cidade precisa. Temos uma cidade próspera que encanta todas as pessoas que aqui vem.

Quer dizer então que passa pela sua cabeça ser prefeito?

Como eu disse pode acontecer. Eu não posso dizer que não vai acontecer. Mas só Deus sabe nos dizer. O que eu digo é que se eu tiver que mudar minha postura de vida, mudar as minhas atitudes para estar político eu não serei. Se um dia eu tiver que fazer conchavos e barganhas para entrar na política eu não entrarei. Quero entrar para a política de cabeça erguida e sair da mesma forma. Tanto que não sou filiado a nenhum partido político. Sempre fiz o que minha consciência mandou sem deixar que ninguém macule a minha consciência de vida.

 

O que você leva da Associação Comercial para a sua vida?

Muito conhecimento. Aprendi demais neste período. Conquistei muitos amigos, não só em Três Pontas, mas em Minas Gerais toda. Tenho bons amigos em mais da metade dos municípios do Estado. E digo à população que estar a frente de uma entidade como Associação faz a pessoa evoluir muito, entrar em diversos debates, reconhecer humildemente que não é dona da verdade e que tem muito a aprender. E posso dizer que foi uma das melhores fases da minha vida, como pessoa e ser humano. Estou convicto que fazer o bem, faz bem e quanto mais o bem eu faço, mais eu recebo. Agradeço a Equipe Positiva e o Correio Trespontano que estiveram comigo, me apoiando, presente em vários momentos da nossa história. Fico feliz com o sentimento de saber que tudo o que fizemos ficará eternizado e será lembrado pelas pessoas.