O Ministério Público espera ouvir as 89 pessoas que supostamente teriam tido seus nomes utilizados de forma indevida em um esquema que liberava recursos públicos em Santana da Vargem.

Já foram intimidas 67 pessoas que começaram a ser ouvidas na manhã desta segunda-feira (29). Eles foram levados até a sede do Ministério Público de Três Pontas de ônibus da Polícia Militar para serem ouvidos pelos promotores de justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/Varginha), do Ministério Público.

As investigações culminaram com a prisão temporária de cinco dias, do ex-prefeito de Santana da Vargem Vitor Donizetti Siqueira (PT) “Vitor Elói” de 51 anos, a esposa dele Sandra Aparecida de Souza Siqueira de 49, que foi secretária de Assistência Social e o ex funcionário da Prefeitura, Luiz Donizetti Ferreira de 55 anos. Segundo a Justiça, os três foram presos porque estariam atrapalhando as investigações do Ministério Público.

A Polícia Militar cumpriu os mandados de prisão expedidos pela Justiça no sábado (27). Eles foram levados para a Delegacia de Polícia Civil de Varginha e depois transferidos para o Presídio de Três Pontas. Os três informaram que não tinham conhecimento da prisão, porque o caso corria em segredo de justiça. Na manhã desta segunda-feira, em uma entrevista coletiva, a equipe do Gaeco, Dr. Igor Serrano Silva, Dr. Daniel Ribeiro Costa, Dr. Mário Conceição e Dr. André Silvares Vasconcelos revelaram os detalhes das investigações que começaram a cerca de um mês.

O promotor coordenador do Gaeco Varginha, Dr. Igor Serrano

De acordo com o coordenador do Gaeco Dr. Igor Serrano, o Município repassava subvenção social à Associação Comunitária Vargense para que ela realizasse trabalhos na saúde, alimentação e moradia. As investigações estão voltadas à área da saúde. Depois de verificar documentos do Programa Saúde da Família (PSF), o MP verificou que todos os documentos eram falsificados. Os pedidos de exames, estudos sociais e os procedimentos não eram realizados e o dinheiro era desviado pelos agentes políticos no esquema. Eram emitidos cheques nominais em nomes das supostas pessoas beneficiadas, sem sequer que elas tivessem conhecimento e endosso e a assinatura nos termos do recebimento também eram falsificados. A quantia supostamente desviada que apontam as investigações é até agora aproximadamente R$90 mil.

O promotor Dr. Daniel Ribeiro Costa informou que são pelo menos 10 pessoas envolvidas na ação. Elas não tiveram seus nomes divulgados para não atrapalhar as investigações. Os crimes investigados são de falsificação de documento público, falsidade ideológica, peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e eventual embaraço das investigações. Se chegarem a ser condenados pela Justiça, eles poderão pegar até 40 anos de prisão.

As investigações continuam e outras pessoas serão chamadas para depor. Só de manhã foram ouvidas 30 pessoas. O restante será ouvido a tarde e nesta terça-feira (30).

Parte da documentação que está com os promotores de justiça

Mandato

Vitor Elói foi prefeito de Santana da Vargem no período de 2013 a 2016. Nas últimas eleições municipais, em outubro do ano passado, ele tentou a reeleição, mas perdeu por 26 votos. Na ocasião, Vitor Elói teve 2.510 votos e Argemiro Rodrigues Galvão 2.536, mas não teve como assumir o cargo, porque teve a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral. Atualmente é o presidente da Câmara de Vereadores, Renato Teodoro da Silva que está à frente da Prefeitura.