Aécio foi o escolhido pela maioria dos trespontanos, porém, a diferença menor neste segundo turno foi comemorada, já que a Administração Municipal e o grupo político do ex-senador Clésio Andrade apoiaram o candidato do PSDB

Denis Pereira – A Voz da Notícia

Com a confirmação da vitória e reeleição de Dilma Rousseff neste domingo (26), os petistas de Três Pontas, membros de partidos aliados como o PMDB, correligionários, equipe de trabalho e populares comemoraram com festa a continuidade do Partido dos Trabalhadores (PT), no comando do País. Ela recebeu 54.500.287, (51,64%) e Aécio Neves (PSDB) com 51.041.146 (48,36%)

Fogos de artifícios foram soltos em todos os pontos da cidade. Buzinaço nas ruas e avenidas de maior movimento, principalmente na Avenida Ipiranga, onde um grupo balança bandeiras vermelha e branca, chamando a atenção de motoristas. O movimento gigantesco foi mesmo em frente a casa do vereador líder do PT na Câmara Municipal e coordenador da campanha em Três Pontas, Francisco Botrel Azarias, o Chico Botrel. Ao lado do filho, que é o atual presidente da sigla no Município, Wellington Botrel, eles uniram forças neste segundo turno e colocaram a militância nas ruas. Não conseguiram com que Dilma fosse a campeã de votos na cidade, porém, diminuiu a vantagem de votos que Aécio Neves teve, de 1.690 para apenas 430 neste segundo turno.

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Na região do bairro Santa Edwirges, propriamente a Rua Espírito Santo, reduto petista, foi onde carros, motos e vans saíram em direção as principais ruas da cidade em comemoração a vitória e hegemonia do partido, que com Dilma em seu segundo mandato, completará um período de 16 anos do PT no comando do governo federal, desde a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. É o dobro do tempo do PSDB, que teve dois mandatos com Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1999-2002).

02O vereador Chico Botrel conta que enfrentou resistência na cidade e até na Câmara Municipal ao falar dos avanços que houveram no Brasil, desde o mandato do ex-presidente Lula. Nas duas últimas reuniões, ao listar as conquistas do atual governo e ao convocar a militância usando a Tribuna, o vereador enfrentou o descaso dos colegas. Muitos demonstravam a insatisfação. A Administração Municipal nunca escondeu que a preferência era por Aécio Neves. Chico Botrel foi a minoria no Poder Legislativo, ao lado do vereador Francisco de Paula Vitor Cougo. Este último porém, nunca demonstrou seu voto. O apoio claro veio de membros do diretório PMDB que se juntaram na campanha.

Meio a euforia, visivelmente emocionado, Botrel afirmou que ficou bem claro o resultado desta Eleição, “a disputa do pobre contra um forte poder econômico”. Para ele, a sociedade menos favorecida reconheceu todo o trabalho que Lula e Dilma fizeram em seus mandatos. “Nós vamos continuar avançando, porque o pobre merece atenção especial de todos nós. O rico sabe se virar sozinho”, opinou. Sobre a derrota em Três Pontas, o vereador revela que foi importante diminuir a diferença de votos entre Dilma e Aécio . Desde o início da campanha foi sofrível. Nas ruas, Chico disse ter visto gestos obscenos, bandeiras serem furtadas, porém, nada foi capaz de desanimá-lo. A militância quando viu que a situação estava se complicando, foi convocada e entendeu que era preciso arregaçar as mangas e mostrar que foi o PT quem trouxe dignidade, permitindo que as famílias tivessem comida na mesa, casa para morar, crédito para transformar seus sonhos em realidade, entre outros.

Para o presidente do PT Wellington Botrel, o trabalho foi feito para conquistar votos suficientes a dar continuidade aos avanços que o  País necessita. Na avaliação dele, a vitória de Fernando Pimentel em Minas Gerais e a reeleição de Dilma para mais um mandato, trarão muitos benefícios a população. Ao contrário do que tem o PSDB, o PT tem um poder econômico pequeno, mas a disposição e vontade dos militantes e voluntários foi capaz de unir todos.

A carreata durou cerca de duas horas.

VEJA OS NÚMEROS DA ELEIÇÃO EM TRÊS PONTAS

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Disputa acirrada

A presidente Dilma se reelegeu na disputa considerada a mais acirrada desde a redemocratização. No início da campanha, a petista manteve-se na dianteira nas pesquisas de intenção de voto, mas depois chegou a ter a liderança ameaçada por Marina Silva (PSB), derrotada no primeiro turno, e Aécio, que chegou a aparecer numericamente à frente dela no segundo turno.

Foi também a sexta eleição marcada pela polarização entre PSDB e PT, que desde 1994 sempre chegaram nas duas primeiras posições na corrida presidencial. Assim como em 2010, a candidatura de Marina despontou neste ano como terceira força, alcançando 21,3% dos votos no primeiro turno.

Trajetória política

dilma venceNatural de Belo Horizonte, Dilma Rousseff nasceu em 14 de dezembro de 1947. A petista ingressou na política ainda no antigo colegial, fazendo oposição ao regime militar.

Em meio à efervescência política que tomou conta do país com o golpe de 1964, Dilma passou a integrar, na capital mineira, a Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop), movimento que, na sua origem, era uma espécie de coalizão de dissidentes, com quadros dos antigos PCB e PSB, além de representantes do trabalhismo, trotskistas e outros marxistas. Na Polop, ela conheceu o primeiro marido, Cláudio Galeno de Magalhães Linhares. Ao lado dele, mais tarde, optou pela luta armada e se juntou ao Comando de Libertação Nacional (Colina).

Em 1970, quando já fazia parte da Vanguarda Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), Dilma foi presa pela Operação Bandeirante e detida no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde foi torturada.

Condenada pela ditadura, foi levada ao Presídio Tiradentes, em São Paulo. Libertada no fim de 1972, após passar quase três anos na cadeia, ela se mudou para Porto Alegre, cidade de seu segundo marido, o advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo, que também atuava contra o regime militar.

Os dois viveram juntos por cerca de 30 anos na capital gaúcha. Desse relacionamento, nasceu a advogada Paula Rousseff.

Em Porto Alegre, Dilma cursou Economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre 1974 e 1977. Com a volta de Leonel Brizola ao país após a Anistia, ela e Carlos Araújo participaram do grupo que ajudou o ex-governador a fundar o PDT. Até 1985, ela trabalhou como assessora de deputados do partido na Assembleia Legislativa gaúcha.

Em 1986, ela foi convidada pelo então prefeito de Porto Alegre, Alceu Collares, para chefiar a Secretaria da Fazenda do município. Quando Collares foi eleito na década de 1990 governador do Rio Grande do Sul, Dilma assumiu a presidência da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado, onde ficou de 1991 a 1993.

Collares, então, a transferiu para o comando da Secretaria de Energia, Minas e Comunicação. Ela voltaria a ocupar a pasta em 1998, desta vez, sob a administração do petista Olívio Dutra, que havia sido eleito com o apoio do PDT.

Em 2001, pouco mais de duas décadas após ingressar nas fileiras do partido fundado por Leonel Brizola, Dilma se desfiliou do PDT, ao lado de um grupo de colegas de partido, por discordar do fato de a direção de sua legenda ter rompido com o governo Olívio. No mesmo ano, ela se filiou ao PT.

A experiência que havia acumulado no setor energético fez com que Dilma fosse convidada, em 2002, para integrar a equipe de transição de Lula, que recém havia sido eleito presidente da República.

O perfil técnico e contundente chamou a atenção de Lula nos meses que antecederam a posse do petista no Palácio do Planalto. Ele, então, a convidou para comandar o Ministério de Minas e Energia com a missão de evitar um novo apagão no país.

Em 2005, com a demissão de José Dirceu da Casa Civil em razão do escândalo do mensalão, Dilma foi transferida por Lula para a pasta. À frente do ministério, passou a administrar as principais obras de infraestrutura do governo federal, sendo posteriormente batizada pelo próprio presidente como “mãe do PAC”.

Antes de estrear nas urnas como candidata a presidente, ela ainda viveria mais um drama pessoal. Em abril de 2009, Dilma anunciou que estava se submetendo a um tratamento contra um câncer em seu sistema linfático. Após sessões regulares de quimioterapia em São Paulo, que a obrigaram a usar uma peruca por alguns meses por conta da queda dos cabelos, a petista foi considerada curada em setembro do mesmo ano.

 

 

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