Os vereadores voltaram afiados do recesso parlamentar nesta segunda-feira (05). O Poder Legislativo realizou a primeira sessão ordinária de 2018, sem muito trabalho, com apenas um projeto de lei em pauta e mais vereadores fazendo críticas ferrenhas a Administração do prefeito Dr. Luiz Roberto Laurindo Dias (PSD). A avaliação negativa perdurou do começo ao fim e demonstrou um cenário nítido da perda de espaço do Governo Municipal no Plenário Presidente Tancredo Neves. Quem supreendeu as pessoas que assistiam a reunião foi o presidente da Câmara Luis Carlos da Silva (PPS), que desabafou e diz estar decepcionado com a atual gestão.

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A pauta de votação foi rápida com poucas discussões ao projeto que muda a Lei Municipal nº 2.579, que trata de cemitérios, crematórios e velórios. Proposta pelo presidente Luis Carlos da Silva, a Câmara extinguiu a cobrança de exumação, ficando apenas o pagamento pela abertura de jazigos.

Desde janeiro de 2017, as duas cobranças estavam sendo feitas e geraram diversas reclamações, uma vez que já é cobrado a abertura de jazigo com a mesma finalidade. O projeto foi aprovado por unanimidade e seguirá para a sanção do prefeito.

Assuntos como o cancelamento do Carnaval, a situação das ruas e das estradas foram expostos durante o Pequeno Expediente. Integrante da base do governo, o vice presidente Donizetti Benício Baldansi (PSL), afirmou que o prefeito não podia cancelar o Carnaval. Apesar de uma festa menor, criou-se a expectativa nos blocos caricatos que investiram para o desfile e no comércio que sempre vende um pouco mais. “Era preciso avisar pelo menos uns dois meses antes”, ponderou Baldansi.

Roberto Donizetti Cardoso (PP) “Robertinho” diz que fez vários pedidos desde ano passado, mas que nem resposta tem recebido. Uma delas é a limpeza de córregos, como da Avenida José Lagoa, onde a proteção dele desbarrancou e o Prefeito, disse que está fiscalizando, porém, não fez nada para resolver o problema. Sobre as estradas, Robertinho diz não ter mais o que falar de tanto pedir e ver que o abandono das vias continua.

Já Marlene Rosa Lima Oliveira (PDT) agradeceu a resposta ao ofício que enviou em outubro sobre o pedido de providências que fez ao Terminal Rodoviário. A vereadora denunciou que o cartão postal da cidade está depredado, precisando de reformas,        toda suja e falta segurança. Porém, a notícia que recebeu, é que a Rodoviária vai ter segurança, mas não foi informado sobre a melhoria na estrutura. Marlene Oliveira falou sobre um aúdio que circulou em grupos de whatsapp, em que um servidor da área da Cultura, culpa os vereadores pela não contratação de profissionais no Conservatório de Música Heitor Villa Lobos. Ela justificou que o Orçamento de 2018, é 23.5% maior na Cultura e uma emenda de cerca de R$50 mil foi retirada à Polícia Militar, porém, não é a Câmara quem determina e remanejamentos podem ser feitos. “Estamos sendo muito criticados por alunos e professores que estão nos culpando e me deixou muito triste”. Sobre o Carnaval, Marlene voltou a dizer que a festa em Três Pontas não “morre e nem ressuscita”. Mas não acredita que quando o Ministério Público fez a recomendação e enumerou os problemas vividos na cidade, a Administração não sabia e não tinha conhecimento de tanta reclamação. Na visão dela, faltou planejamento e o cancelamento deveria ter acontecido antes, já que até sessão extraordinária na Câmara foi convocada para votar auxílio financeiro aos blocos. “Volto a repetir. É preciso repensar este formato de Carnaval”.

Érik dos Reis Roberto (PSDB) foi objetivo ao falar do Carnaval. Para ele foi uma grande falta de respeito com a população e os blocos caricatos, que esperavam o evento e se preparavam para os desfiles, cancelados a poucos dias. Nas declarações dada na Tribuna, o vereador tucano diz que a Prefeitura não fará a festa não por causa da falta de 48 medicamentos na Farmácia básica ou por causa das 138 intervenções que o Ministério Público teve que fazer, muito menos por causa da Santa Casa. Se fosse estes os motivos, os vereadores estariam votando nesta sessão a alteração no Orçamento, ou um projeto de suplementação, repassando o recurso à Secretaria de Saúde. Ele também intitulou o governo de mentiroso e apontou que o MP recomendou por causa da ineficiência e incompetência da Administração. Ele também esbravejou que o servidor que falou dos vereadores, não sabe do que fala e por incompetência as aulas do Conservatório só começam com o ano letivo do Estado após o Carnaval, sendo que a rede municipal já começou suas aulas.

Já o vereador Geraldo José Prado “Coelho” (PSD), iniciou calmo sua fala na Tribuna, parabenizando a direção da Santa Casa pela gestão na entidade. Mas gastou todo o restante do seu tempo, para mostrar oito ofícios enviados à Prefeitura a pedido dos moradores, solicitando melhorias em vias públicas que estão esburacadas, estradas rurais que estão caóticas, sujeira e mato alto em terrenos baldios, porém, nada foi feito e resposta nenhuma foi dada. Revoltado, Coelho rasgou os documentos e diz que perdeu a esperança em um governo mentiroso. “Não adianta nenhum vereador defender. Quem defende é que está ‘ganhando por fora'”, disse ele. Ele sugeriu que fosse feita uma comitiva com todos os vereadores para ir ao Poder Executivo cobrar providências.

Um dos líderes da oposição, o vereador Sérgio Eugênio Silva (PPS), começou cumprimentando a ex secretária de Cultura Débora Andrade, que quando assumiu a pasta na gestão anterior, em 2013, mesmo com salário dos servidores de dezembro e metade do 13º em aberto, conseguiu com muito esforço fazer o Carnaval. Depois que a questão orçamentária foi culpa da gestão anterior em 2017, agora são os vereadores os culpados. Na verdade, aponta Sérgio, o problema está na folha de pagamento que chega a atingir 54% somente de gastos com pessoal. Sobre o Carnaval, ele diz que a Administração se acovardou diante do Ministério Público.

A defesa sobrou apenas para Antônio Carlos de Lima (PSD), “Antônio do Lázaro”. Solitário, o líder do prefeito na Câmara agradeceu o apoio dos vereadores quando foi aprovado durante o recesso, o projeto que muda as leis para que antenas de telefonia móvel sejam instaladas. A boa notícia que trouxe é que até março, uma empresa instalará a estrutura no Distrito do Quilombo Nossa Senhora do Rosário e no bairro Cidade Jardim. Sobre o Carnaval, Antônio sugeriu também a formação de uma Comissão de Vereadores para ouvir a Promotoria. Ele generalizou e disse que o MP mandou não fazer o Carnaval, mas na verdade o órgão recomendou. Sobre os problemas na Saúde, ele responsabiliza o Estado que deve quase R$3 milhões somente para Três Pontas. Por isto, medicamentos que deveriam ser pagos por ele, acabam sendo comprados pela Prefeitura, mas não há condições de adquirir tudo. Sobre a limpeza nos Córregos, Antônio do Lázaro já informou que a Secretaria de Obras aguarda autorização de órgãos ambientais para fazer a limpeza.

O secretário da Mesa Diretora Maycon Machado (PDT) foi mais ameno, mas também não deixou de criticar e se colocou a disposição para ajudar, discutindo ações alternativas para a busca do bem comum. Maycon entende a situação financeira, mas cobrou mais planejamento e atuação mais efetiva do Executivo. O secretário lamentou o cancelamento do Carnaval e a falta de um plano b. Terminou lamentando a morte dos três jovens trespontanos, todos seus amigos, vítimas de acidentes registrados em janeiro nas estradas da região.

Luisinho partiu para o ataque, diante dos problemas que a Administração tem e não resolve

A muito tempo que o presidente Luis Carlos da Silva não se levanta para ir à Tribuna. E nesta segunda-feira ele causou espanto no público e nos colegas ao dizer várias vezes que este é um “governo mentiroso”. Segundo Luisinho, desde o início do mandato, quando ouvia seus colegas Érik e Coelho, achava que eles estavam pegando pesado. Passado um ano, viu que o errado foi ele mesmo. Decepcionado com a gestão e sem muita esperança, o Chefe do Legislativo diz a gestão está perdida, comandada por três grupos políticos que não se entendem e o reflexo disso é o desmando, que nem o prefeito consegue entender e conter na Prefeitura. “Ele pediu autorização para ir para o exterior, viajou para Espanha. Voltou e foi para Angra dos Reis (RJ) e deixou a cidade sem saber quem mandava”.

Luisinho começou a apontar alguns erros. Todos eles já elencados pelos colegas e que são claros de que o governo está perdido e sem rumo. Sobre a saúde, comentou que a Câmara economizou ano passado R$100 mil que foram devolvidos ao Município para que fosse repassado a mais à Santa Casa e não somente para adiantar o pagamento da subvenção. O prefeito faltou com a verdade realmente, quando disse que havia repassado R$14 milhões, sendo que ela faz apenas o repasse de recursos vindos de outras esferas.

Ao colega Robertinho e demais vereadores, informou que todos devem refazer seus pedidos que serão encaminhados de forma mais veemente. Caso não resolva, o caminho será tomar medidas judiciais, através do Ministério Público.

Para demonstrar que sempre foi parceiro, é que foi convocada sessão extraordinária e votado o projeto do Carnaval, que agora foi cancelado. Na opinião do presidente, fazendo os vereadores de palhaço e a Promotoria não está errada de recomendar, diante de tantas denúncias que existem. Ele levou até o prefeito a intenção de se extender a licença maternidade às servidoras gestantes de 4 para 6 meses, como os outros profissionais. Para não haver embate pediu que a proposta viesse do Executivo. Pessoalmente o presidente falou com o prefeito e já fazem seis meses e nada foi feito. Ele anunciou que vai criar o projeto, espera contar os colegas para aprovar e quer ver se haverá o Veto do Governo Municipal.

Sobre o servidor que fez o comentário, ele seerá convocado e não convidado a prestar esclarecimentos à Câmara, conforme rege a Lei Orgânica. Já quanto ao pedido do vereador Coelho, Luisinho acha que a intenção é muito boa, mas nada irá adiantar.