*Ex-prefeito veio a convite do deputado federal Diego Andrade (PSD)

TERCEIRA FAIXA NA MG 167 FOI O FOCO DO ENCONTRO

Denis Pereira
Equipe Positiva

O deputado federal Diego Andrade (PSD-MG) trouxe a Três Pontas na tarde desta quinta-feira (26), o ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Araújo de Lacerda “Márcio Lacerda”, filiado ao PSB. Com 71 anos de idade, o político foi presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), e é pré candidato ao governo do Estado de Minas Gerais nas Eleições de 2018, e por isto, tem percorrido várias regiões do Estado em busca de apoio para fortalecer seu nome, caso chegue a concorrer ao cargo.

A visita dele reuniu no Auditório da Associação Comercial e Agroindustrial “Moacyr Pieve Miranda”, secretários e membros da equipe da atual Administração, vereadores, empresários, comerciantes, lideranças políticas, partidárias e comunitárias para recepcionar o convidado, ouvir suas intenções e fazer as reivindicações das demandas locais e regionais. Algumas pessoas de Boa Esperança que atuam com Diego também vieram prestigiar. Apenas os vereadores de Três Pontas Antônio Carlos de Lima (PSD) e de Boa Esperança Luwig Von Klaus Dovik Gichewisk “Dovik” é que foram explícitos que se tratava de um ato político ao mencionarem as intenções de Márcio Lacerda e o apoio que ele pode receber das lideranças que estão com Diego Andrade.

Ao usarem da palavra, as autoridades priorizaram o sonho da tão esperada construção da terceira pista na rodovia MG 167, nos 26 quilômetros entre Três Pontas e Varginha, cujas promessas são renovadas em todo período eleitoral com os moradores da região, que percorrem diariamente este trecho de curvas sinuosas.

O prefeito de Três Pontas Dr. Luiz Roberto Laurindo Dias (PSD) e o presidente da Cocatrel Francisco Miranda de Figueiredo Filho foram juntos a Belo Horizonte nesta quarta-feira (25) e se encontrarem com o governador Fernando Pimentel (PT). Souberam lá de uma notícia que deixa a realidade desta obra ainda mais longe de ser concretizada. Apesar de tantos pedidos, apenas 56% do projeto arquitetônico está pronto e está parado, segundo o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG), por falta de recursos.

Luiz Roberto afirmou que o Governo do Estado demonstrou esquecimento às cidades da nossa região. Restou fazer o pedido que o projeto seja concluído. Francisco Miranda acrescentou que este é um pedido antigo de duas décadas, desde quando iniciou seu primeiro mandato a frente da Cocatrel. Na época que foi construída foi como um presente à população ha mais de 50 anos, mas, as dificuldades em se trafegar nela foram aumentando ao longo dos anos. Enfrentar estrada em um horário de pico para ir a Varginha e pegar uma carreta carregada de café no mesmo sentido é algo que faz a viagem demorar uma hora, quando o normal seria 30 minutos. “O café do sul de Minas passa por esta rodovia”, explanou ele a Lacerda.

Márcio Lacerda, Michel Renan e Diego Andrade

Indignado com o anúncio feito por Pimentel mês passado, do início da duplicação entre Varginha e Três Corações, Francisco Miranda confeccionou um documento, que foi assinado também pelo Prefeito cobrando agilidade e demonstrando inclusive através de fotos, as consequências trágicas que a MG 167 já causou à dezenas de famílias, que perderam entes queridos.

Para o presidente da Associação Comercial Michel Renan Simão Castro, no pequeno trecho da MG 167, que começa em Santana da Vargem até a BR 381, a Rodovia Fernão Dias, passa o maior PIB econômico do Brasil, se comparando a distância e o valor. Por isto, o Governo deve pensar em um projeto audacioso e não modesto.

O deputado federal Diego Andrade concluiu que não quer promessa de Lacerda e sim o compromisso de trabalho, caso seja eleito o governador de Minas Gerais. O objetivo do parlamentar é efetivar o apoio de todo seu partido, o PSD, ao ex-prefeito de BH para a campanha de 2018.

ENTREVISTA

Prefeito por oito anos e ex-presidente da Frente Nacional de Prefeitos, quais as maiores carências e necessidades os municípios enfrentam hoje?

Os municípios são muito importantes na vida nacional. Mais de 80% dos brasileiros estão nas cidades, onde existe o trabalho, os impostos são gerados e eles são mal tratados pela federação brasileira. Ficam apenas com 18% do total dos impostos recolhidos no país e esta situação precisa mudar. Cada vez mais obrigações e despesas são assumidas pelos prefeitos e os recursos não aumentam. Este é o principal problema para colocarmos em pauta e discutirmos com os candidatos a deputados e senadores, para que assumam um compromisso com uma pauta municipalista em um futuro próximo. Acho que isto é muito importante. Os municípios são membros plenos da federação brasileira, mas, infelizmente não contam com recursos necessários para atender as demandas da população. Por isso, as cidades precisam tanto da ajuda dos deputados e felizmente aqui na região de Três Pontas, o deputado federal Diego Andrade tem contribuído e muito com emendas e recursos adicionais vindas dos Ministérios. Estas emendas continuarão sendo importantes, mas a gente precisa de uma divisão mais satisfatória aos municípios neste bolo.

Você tem defendido um novo municipalismo. Qual é a proposta?

A proposta é que o municipalismo precisa de um protagonismo maior. As grandes questões nacionais são discutidas e decididas sem a participação dos prefeitos e muitas vezes aumentando os custos das prefeituras. Este protagonismo precisa ter um reconhecimento maior. Os municípios mais eficientes e bem administrados deveriam ter acesso a mais recursos, e isto é o que está acontecendo em todo o mundo.

Como está sendo a caminhada no interior, na tentativa de viabilizar o seu nome para disputar o Governo de Minas?

Em primeiro lugar, a prioridade nossa é me tornar mais conhecido no Estado todo e aprender muito. Já são mais de 90 cidades já visitadas, já fizemos vários encontros e estive com mais de 200 prefeitos. Tenho visto que o Estado é bastante diferente a cada região, as particularidades de cada localidade, os problemas e potenciais. Ao mesmo tempo, a gente vai formando um mosaico, um quadro geral dos problemas que são comuns a toda Minas Gerais. Isto vai nos permitir elaborar um plano de governo com base no que estamos ouvindo e depois é que vamos discutir as alianças políticas.

O Estado está passando por uma crise e por consequência uma dificuldade enorme para honrar a folha de pagamento dos servidores. Isto tem solução?

Tem naturalmente sim uma solução, mas a longo prazo, com o crescimento da economia. O Estado que quer ter um grande quadro de funcionalismo e atender a população em todas as demandas sociais, o limite para isto é arrecadação e sem a criação de novos empregos para aumentarmos a renda, não vamos ter arrecadação para bancar os serviços sociais. Portanto, a prioridade hoje é emprego e mais emprego, em todo o Estado. Agora, em um curtíssimo prazo, existe a possibilidade do governo aceitar e aderir a um acordo proposto pelo Governo Federal, com uma lei votada no Congresso Nacional, em que permitiria ter um desafogo no seu caixa, deixando de pagar a dívida por três anos, prorrogáveis por mais três, significaria uma economia e reforço no caixa de mais de R$300 milhões por mês. Isto ajudaria muito a resolver os problemas a curto prazo. Mas o Estado não quer aceitar porque também tem que discutir, eventualmente a privatização de Copasa … mas há também o problema político. O Governo do PT no Estado é um adversário muito forte do governo federal e não aceita nem discutir a possibilidade deste acordo.

Quando você venceu a disputa pela Prefeitura pela primeira vez, teve apoio do PT e PSDB, que misturaram as bandeiras em prol da sua candidatura. Se seu nome for confirmado, como vai ser enfrentar estes partidos tradicionais no Brasil na disputa pelo Governo de Minas?

A situação hoje é completamente diferente. Nós estamos falando de mais de 10 anos atrás, hoje é outra realidade. Acho que esta hipótese de ser a terceira via, entre PT e PSDB, eu nem gostaria que fosse assim, mas é a realidade que nos impõe isso, mas seria uma boa opção para os mineiros não escolherem nem PT, nem PSDB e sim uma terceira via, representada pela minha candidatura.

O PSB saiu de 31 prefeitos eleitos em 2012 para 49, em 2016. Você acha que isto facilita o seu encontro com eleitores no interior do Estado?

O PSB cresceu em todo o Brasil no ano passado. Crescemos a votação em cerca de 50% em Minas Gerais em termos de número de votos. Foi o terceiro partido mais votado no país, depois de PMDB e PSDB. Agora do ponto de vista de uma candidatura majoritária nós precisamos pensar numa aliança ampla de partidos. A Eleição para Minas tem que ser pluripartidária, um movimento de opinião já que estamos em uma crise muito séria e vamos precisar de uma ampla base de apoio, buscando consenso e convergências para que sejam feitas mudanças no Estado, saindo um pouquinho da briga paroquial e miúda, que pensa apenas na próxima eleição. Temos que ter um planejamento a longo prazo, onde a união das inteligências, das elites, das pessoas preocupadas com o coletivo, serão muito importantes para vencermos a eleição e fazer um bom governo.

Pré candidato, você colocaria a construção da terceira pista de Três Pontas a Varginha como prioridade?

De uma maneira geral, em todo o Estado existem obras muito importantes a serem feitas, algumas mais prioritárias do que as outras principalmente viárias. Considerando o grande tráfego que esta via tem, dada a importância econômica do transporte rodoviário aqui da região, certamente fazer uma terceira faixa, seria uma decisão muito sensata. Naturalmente num conjunto de obras para o estado de Minas Gerais essa seria prioritária. Eu tenho a absoluta certeza.