*Provedor participa de sessão, expõe situação da Santa Casa e é sabatinado pelos vereadores e populares. Câmara está devolvendo R$100 mil ao Executivo para ser repassado ao Hospital

Com a debandada de vereadores à Brasília e Belo Horizonte, a pauta de votações da sessão da Câmara Municipal desta segunda-feira (17), ficou vazia. É que o vice presidente Benício Baldansi (PSL), o secretário da Mesa Diretora Maycon Douglas Machado (PDT) e os vereadores Antônio Carlos de Lima e Geraldo José Prado ambos do PSD, estão em viagem oficial e por isto faltaram a reunião. Luiz Flávio Floriano (PSL) foi convidado a ocupar a cadeira de vice presidente e Érik dos Reis Roberto a de secretário. O presidente Luis Carlos da Silva (PPS), até justificou a ausência dos colegas, mas não falou que eles estão viajando.

Com a presença de membros da diretoria, administração e provedoria do Hospital São Francisco de Assis, que foram prestigiar o provedor Michel Renan Simão Castro, os vereadores decidiram extinguir o Grande Expediente, mas Luisinho deixou o Pequeno mais solto, apesar de ter nele inscrito apenas o vereador Sérgio Eugênio Silva (PPS)(foto).

Serjão falou da resposta que veio do Poder Executivo ao seu questionamento sobre o fim do convênio entre a Prefeitura e o Hospital São Francisco de Assis, que dava tratamento diferenciado aos servidores municipais em caso de internação na Santa Casa. Eles tinham direito a ficar na enfermaria com acompanhante, mas todos os procedimentos eram pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sérgio disse que está apenas cumprindo o seu papel de legislador e defensor dos funcionários, que por ser um deles, acaba sendo mais cobrado que os colegas. Na opinião dele, o ofício enviado em resposta não foi respeitoso e educado, mas que não deve ter partido do prefeito Luiz Roberto Laurindo Dias (PSD). Já do Hospital, explicou de forma convincente, que o contrato foi válido por um ano, em 2009 e que não pode haver a diferenciação quando é o SUS quem está pagando. A Prefeitura questionou porque o vereador não mandou o número do contrato, o que causou mais indignação no legislador. “Isto é coisa dos “cabideiros” de empregos, que vivem esperando para dar o bote. Eu procuro ter um bom relacionamento com todos, mas as pessoas não querem. Nunca fui desleal com ninguém, independente de situação e oposição. Bem que podia mandar embora da prefeitura, estes cargos que tem salários maiores e usar o dinheiro para repassar ao Hospital para garantir este benefício aos nossos servidores”, desabafou Sérgio Silva.

Oficialmente a reunião foi concluída assim, mas todos permaneceram para acompanhar a apresentação do provedor da Santa Casa Michel Renan, que usou a Tribuna para prestar contas, pedir apoio e deixar o Hospital de portas abertas para receber recursos de qualquer esfera ou político e para mais uma vez reiterar a importância do Hospital para a cidade de Três Pontas. Ele respondeu perguntas de todos, a maioria que vieram de populares que tinham assistido a sessão da Câmara.

Michel apresenta os números da Santa Casa e anuncia verba da Câmara

Foi assim quando assumiu a Associação Comercial e Agro Industrial de Três Pontas e, agora que está a frente da Provedoria da Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis Michel Renan Simão Castro, foi falar novamente com os vereadores.

O empresário de 43 anos que tomou posse em 26 de março, tem uma grande responsabilidade e acredita que a situação irá melhorar, se todos derem as mãos e enfrentar com pulso firme a crise financeira que na Santa Casa se arrasta há anos. Não será da noite para o dia e 2017, será um ano complicado, prevê, mas em 2018, os frutos começarão a ser colhidos.

Já conhecendo bem os números e a realidade da entidade gerida pela Irmandade, em um telão, o provedor mostrou que o Hospital tem um déficit significativo, mas é preciso considerar a importância econômica que ele tem, com um quadro de 282 colaboradores e 54 profissionais médicos.

A dificuldade é que em torno de 90% das receitas advém dos poderes federal, estadual e municipal e quando não há os repasses regularmente, as contas ficam comprometidas e a responsabilidade não pode sobre cair exclusivamente na direção.

Hoje há R$1.250.000,00 a receber do Estado da Rede de Urgência e Emergência desde o ano passado sem pagar e R$250 mil de uma emenda parlamentar, ainda de 2015. Esta semana foi recebido R$200 mil referente ao mês de outubro, mas ainda há em aberto outros cincos meses. Há a promessa de que anos próximos dias sejam pagos os R$400 mil do Pró Hosp.

Dentro da Programação Pactuada e Integrada (PPI), Michel apresentou que o repasse que o Governo faz ao Hospital de Três Pontas por ser sede de micro, atendendo outras quatro cidades – Santana da Vargem, Coqueiral, Boa Esperança e Ilicínea é insuficiente. O saldo é sempre negativo, como exemplificado os municípios de Santana da Vargem e Boa Esperança. Se tudo o que foi projetado fosse utilizado, o déficit só neste quesito seria de mais de R$23 mil. A intenção é convencer os prefeitos da região em destinar também subvenções à Santa Casa, o que já pode ser feito com a Certidão Negativa de Débito (CND), regularizada, o que não acontecia desde 2014.

Rifa de duas motos para único bilhete 

A rifa de duas motos zero quilômetros que está sendo vendida a R$25, vai ser aplicado no pagamento do 13º salário de 2016 dos funcionários que ainda não foi pago. A intenção é nos próximos dias começar a fazer alguns pagamentos, que será feito de forma gradativa como já anunciado e aproveitando que já houve um número significativo de bilhetes. “Dinheiro que vai ser investido no comércio local e vai retornar para nós mesmos”, disse Michel. Uma pessoa só vai levar os dois veículos. O sorteio será realizado no dia 14 de junho as 17 horas, no estacionamento externo da Santa Casa.

Pacote para gestante e Cartão Saúde

O provedor começou a listar os objetivos da nova diretoria e entre elas, citou a criação de um pacote para gestantes, que poderá ter um atendimento individualizado, mimos e comodidades que estão na lista de benefícios que a população poderá desfrutar e contribuir com a Santa Casa.

Uma das apostas é o Cartão Saúde, já conta com 8 consultórios modernos montados anexo ao Hospital e oferece consultas médicas que podem custar apenas R$120, valor bem menor de quem busca atendimento na rede particular. Nesta mesma linha, Michel disse que fez contato com o prefeito Dr. Luiz Roberto para estender estas vantagens aos servidores da Prefeitura, que não podem receber atendimento diferenciado se tratamento é todo pago pelo SUS. A intenção é que o Município ofereça uma contrapartida, além da subvenção para que seus colaboradores tenham algo a mais.

Médico expõe risco que Hospital correu

O médico cirurgião do Hospital São Francisco de Assis, Eduardo de Vasconcelos Camargo (foto) participou da sabatina e respondeu ao vereador Sérgio Silva que a Santa Casa correu um risco enorme quando ofereceu atendimento diferenciado aos funcionários da Prefeitura, o fere a lei que regulamenta o SUS. “O paciente era atendido pelo SUS e era colocado em quarto particular e não pode haver esta diferenciação. Sorte que ninguém tomou atitude, pois se houvesse denúncias o Hospital iria responder por isto”, alertou Dr. Eduardo. 

Contas do SAAE rendem R$19 mil

Veio do público a pergunta de quanto o Hospital recebe das contribuições feitas pelos trespontanos, através das contas do SAAE. Michel respondeu que é em torno de R$19 mil, mas que a uma meta de se alcançar R$80 mil. Objetivo que é atingível e necessário, já que são cerca de 21 mil casas com ligações de água e esgoto. Além de ampliar a campanha, a intenção é todo final de ano, enviar uma correspondência agradecendo aos doadores.

R$100 mil da Câmara para o Hospital

Quando estava concluindo, Michel falou da devolução de R$100 mil que o Poder Legislativo fez ao Poder Executivo para que seja destinado ao Hospital. De acordo com o presidente Luis Carlos, apesar das reservas que a Câmara está tendo que fazer para iniciar a obra de reforma do seu prédio, a economia gerada está proporcionando este adiantamento realizado nesta segunda-feira (17). Luisinho não explicou se a Câmara votará um projeto de lei, autorizando a Prefeitura a fazer o repasse à Santa Casa.

Sugestões e questionamentos

O provedor Michel Renan se despediu fazendo perguntas e sugestões a serem refletidas pelos vereadores. Primeiro que seja formada uma Comissão para levantar os problemas do Hospital. Depois, questionou o que foi feito nas gestões anteriores para se cobrar e fiscalizar a entidade.

“Estou dizendo isto, porque se existiu ou existe algo de errado, vocês como representantes do povo foram ou estão sendo omissos. Se tem coisa errada é obrigação de vocês verem isto”, cutucou.

Terminou pedindo o apoio dos vereadores e a população. Aos edis, que fosse até o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Sávio Souza Cruz para que não haja tanto atraso no repasse das verbas à saúde de Três Pontas. À população, que abrace esta causa que é de todos os trespontanos.

Membros da diretoria e conselho fiscal participaram da sessão desta segunda-feira por causa do provedor Michel Renan