*Direção anunciou a liberação de R$390 mil do que o Governo do Estado devia ao Hospital e negou qualquer emenda parlamentar

A diretoria da Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis reuniu a Irmandade e a imprensa na noite desta terça-feira (19), no Auditório da Associação Comercial e Agro Industrial de Três Pontas. O objetivo foi prestar contas da situação da Santa Casa, que desde março é gerida por uma nova direção que está desde então fazendo levantamentos da situação geral da entidade, pedir apoio efetivo da Irmandade e a liberação de recursos atrasados do Rede Resposta. Desta vez, não foi apresentado o balancete detalhado que ficou a disposição, mas mostrado as ações que estão sendo desenvolvidas desde março. A realidade não é a mesma daquela época de cinco meses atrás, porém, a “caixa preta”, que falavam existir não faz parte da realidade atual. O provedor Michel Renan Simão Castro revelou que enfrentou uma longa jornada para chegar até aqui, quando o Ministério Público e a comunidade abraçaram o Hospital e começou a entender o patrimônio valioso que está em Três Pontas e pertence a região, que usufrui desta estrutura que é considerada fundamental para os atendimentos a que se propõe. Muitas coisas estão sendo revistas, tanto do passado como do presente. Mais uma vez, não colocou culpa nos ex administradores e provedores, que tentaram dar o melhor, mas muita coisa não tinha como permanecer como estava. Uma delas era o antigo administrador hospitalar Silvio Denis Grenfell que permaneceu dois meses com a nova direção por eles terem pouco conhecimento na área hospitalar. O serviço dele foi uma enorme decepção, inclusive a contabilidade era gerida por uma empresa contratada de Varginha.

A dívida da Santa Casa era de R$19,5 milhões e é hoje R$19,6 milhões. É que neste período, a atual gestão pagou R$1,6 milhão de contas da diretoria anterior. Por isto é que o passivo cresceu R$100 mil. Michel Renan detalha que o déficit que a atual gestão teve nestes cinco meses é menos da metade que a gestão anterior teve nos três primeiros meses deste ano, de janeiro a março, quando Michel não era ainda provedor.

Membros da Irmandade ouviram o apelo da diretoria para que participem mais da vida da Santa Casa

O déficit mensal que era de R$450 mil já caiu para cerca de R$80 mil a R$100 mil, fruto de uma economia enérgica, como por exemplo, adequando itens na farmácia, onde se perdia medicamentos por causa da validade e os gastos eram de R$150 mil ao mês. A perda hoje é zero, o investimento não supera R$80 mil e não compromete o tratamento dos pacientes.

A direção se debruçou sobre a papelada e várias negociações foram feitas. A conta de energia elétrica do Hospital com a Cemig era de R$2,7 milhões. Além de conseguir um parcelamento, parte da dívida foi perdoada. A Santa Casa não vai pagar R$1,3 milhão e R$1,4 milhão foi dividido em 200 parcelas fixas de R$7 mil. Isto foi resultado da intervenção do deputado estadual Mário Henrique Caixa (PV). O 13º salário de 2016 está quase cumprido. Foram investidos R$470 mil, faltam quitar R$55 mil, sendo que R$25 mil serão feitos nesta sexta-feira (22) e o restante com a renda do Festival de Carne Suína, que será promovido no dia 15 de novembro. O Hospital a cerca de um mês tem novo fornecedor de gás medicinal. A Linde Gás que fornecia o produto e não recebia, deixou de entregar o material. O Hospital pagava R$5,78 no metro cúbico e a Lithe Martin está fornecendo por R$2,80 e pagando em dia.

Há muitas negociações em andamento como a terceirização do serviço de tomografia que gera prejuízo, a lavanderia, a construção de um heliponto (a custo zero) que não existe na região e a cobrança do estacionamento, são algumas das formas encontradas para arrecadar. Existe ainda a necessidade de se desligar mais funcionários, porém, não ocorra imediatamente. Os que foram demitidos estão negociando com o Hospital no Ministério do Trabalho, sem que tenham prejuízo, mas o pagamento está sendo feito em parcelas. A direção lembra que não teve acesso a lista e não houve nenhum tipo de interferência inclusive política nos cortes feitos na equipe, que ocasionou uma economia mensal de R$100 mil ao mês.

Uma empresa especializada em administrar hospitais da região está sendo contratada para dar um norte ainda maior na gestão e o custo é pequeno, R$3,5 mil ao mês.

Michel reforçou à Irmandade que as cidades da região estão sensíveis quanto a importância deles colaborarem financeiramente a partir de janeiro de 2018, com exceção de Boa Esperança, que tem colocado empecilho, porém, é uma das que mais utilizam dos leitos e de toda a estrutura. Moradores de lá que souberam do impasse demonstra extrema preocupação, porque sabem que não será possível encontrar outra unidade hospitalar para atendê-los. Para Três Pontas foi sugerido uma subvenção de R$180 mil mês a partir do próximo ano, que é aquilo que se gera de demanda de serviço, através da Programação Pactuada e Integrada (PPI) e tem o extrapolamento calculado em torno de R$60 mil a cada 30 dias. A ideia é que se sobrar recurso deste, coloque em um fundo, mas se ultrapassou que pague. “A Santa Casa arca com muitas responsabilidades que são das Prefeituras, como eu soube recentemente que o enxoval (roupas de cama) do Pronto Atendimento Municipal (PAM) são do Hospital. Segundo Michel e funcionários da Administração, pelo menos 60% dos leitos são ocupados por pacientes da região.

Depois de abrir às perguntas, Michel deixou claro que não tem chegado desde que assumiu a provedoria nenhuma emenda parlamentar. Quando isto acontecer, ai sim, ele próprio dará a notícia e comemorará de fato.

A boa notícia dada à Equipe Positiva quando perguntamos sobre a dívida do Estado de Minas Gerais com a Santa Casa, ele disse que teria uma boa notícia que a Secretaria de Estado de Saúde pagou nesta terça-feira (19), R$390 mil referente a três parcelas que estavam atrasadas do Rede Resposta. Com o dinheiro os médicos serão pagos na próxima semana. A dívida ainda soma R$1,2 milhão e a luta não terminou.

O hospital vive um novo tempo, as coisas ainda estão longe do ideal e daquilo que a diretoria busca, mas, eles parecem ter encontrado o caminho certo. Entre as pessoas que estão ajudando a mudar a realidade da entidade é a servidora municipal Giselle Oliveira Azevedo, que está atuando no setor contábil. O objetivo é que o cargo de provedor seja exercido apenas como conselheiro, já que a gestão precisa ser de empresa. “A Santa Casa é muito maior do que nós imaginamos. Temos vários projetos e estamos trabalhando em várias frentes”, detalhou.

O vice provedor Wilson Ferreira Júnior revelou que a Irmandade é formada por 208 irmãos. Muitos não contribuem com o Hospital na conta de água ou auxiliam nas festas e ações que estão sendo realizadas recentemente. Wilson e Michel pediram a presença e a participação ativa dos Irmãos, com sugestões, opiniões e uma avaliação de como eles estão trabalhando. Ao todo 40 irmãos participaram desta reunião, mas já houve quando apenas dois ou três marcavam presença.