O prefeito de Três Pontas Marcelo Chaves Garcia (MDB) fez um balanço da sua gestão a frente do Município. Apesar de enfrentar uma crise nunca vista por nenhum outro prefeito, bastante otimista, Marcelo revela que precisou economizar para manter as contas equilibradas, com salários e fornecedores em dia. Automaticamente compromete os serviços, quando recursos que deveriam chegar do Estado de Minas Gerais e não chegaram. A maior dificuldade é na saúde. Além do alto investimento nos serviços oferecidos foi preciso socorrer o Hospital São Francisco de Assis, também afetado pela falta de dinheiro.           

Como a Administração Municipal está conseguindo manter as finanças em dia, com pagamento dos servidores e fornecedores, diante da falta de repasses do Governo do Estado de Minas Gerais?

Foi um período muito difícil. Logo que assumi teve a greve dos caminhoneiros e em seguida estourou a crise do Estado de Minas Gerais que confiscou recursos importantíssimos para os Municípios. Só para Três Pontas deixou de vir aproximadamente R$15 milhões.Tivemos que fazer muita economia para cumprir com todos os compromissos. Graças às atitudes certas da minha equipe conseguimos manter a situação do Município equilibrada, com salários e fornecedores em dia.

Diante disso, os serviços básicos de manutenção da cidade estão sendo comprometidos por conta desta falta de recursos?

Acaba sim comprometendo alguma. Porque o Estado deixa de fazer os repasses e de cumprir com suas responsabilidades. Em muitas ações uma esfera governamental depende da outra. O transporte escolar é um exemplo: transportamos alunos do Estado na frota do Município. Em muitos setores um depende do outro e quando um, no caso o Estado de Minas Gerais, deixa de cumprir prejudica o serviço como um todo. Com certeza a população ficou prejudicada. Basta pensar o tanto de obras que poderiam ser feitas com R$15 milhões a mais nos cofres da Prefeitura. Mas,ao contrário do Estado, a Prefeitura vem cumprido com tudo aquilo que é de sua responsabilidade.

Qual é a maior dificuldade?

A maior dificuldade é sem dúvida na saúde. A saúde das pessoas não espera e por isto o Município gasta bastante neste setor. Também tivemos que auxiliar financeiramente o Hospital São Francisco de Assis, com recursos de emendas parlamentares que poderiam ser utilizadas em mutirões para zerar exames e procedimentos cirúrgicos da Secretaria de Saúde. Porém o fechamento da Maternidade poderia trazer muitos problemas para o nosso povo. Graças a Deus está tudo funcionando.

A Prefeitura anunciou um processo seletivo para o setor de limpeza. Qual o período que estas pessoas serão contratadas e qual será o serviço desempenhado por elas?    

Esta contratação é temporária para a realização de um mutirão de limpeza de combate a Dengue. A Vigilância Epidemiológica já vinha trabalhando com a possibilidade de um surto diante das informações de especialistas de que a cada três ou quatro anos há uma epidemia: a última foi em 2016. Como o vírus é mutante, existe a possibilidade de que apessoa que já teve Dengue tenha novamente. Isto é muito preocupante. Não é de hoje que estamos trabalhando com os agentes de saúde nas residências e com o projeto Cidade Limpa, levando esta mensagem às crianças nas escolas. O mês de abril ainda é perigoso e costuma ser um dos mais críticos, por isso a decisão de fazer uma faxina geral na cidade. Aproveito para pedir à população que nos ajude, já que a maioria dos criadouros está dentro dos quintais das próprias residências.

A Prefeitura recebeu recentemente do deputado federal Diego Andrade máquinas para a Secretaria de Transportes e Obras. Elas já estão sendo utilizadas? De que forma e qual a importância delas?

Nesta última entrega que ele nos fez, veio uma Patrol e uma Retroescavadeira, todas zero quilômetro. Elas são fundamentais e nos ajudam demais. Todas estão sendo utilizadas e agora nós temos três Patrols. São aproximadamente mil quilômetros de estrada rural para a Prefeitura dar manutenção, sem contar aquelas secundárias. Faço um apelo também aos proprietários de terras para que nos permitam fazer um serviço que seja duradouro. Tenho que lembrar aqui que o deputado Diego Andrade é um grande parceiro do nosso Município e que já destinou diversos recursos para nós, inclusive ajudando muito a área de saúde e o próprio Hospital.

Falando em obras, a Prefeitura vai mesmo asfaltar a estrada de terra que liga a região dos Quatis a rodovia MG 167, passando pelo Motel?

Vamos sim. Iniciaremos esta obra que é muito importante, mas por ser uma obra de milhões depende de mais recursos. Estão surgindo empreendimentos (loteamentos) naquela região que também vão nos ajudar. Fizemos uma reunião com o DER e a viabilidade de fazer o trevo na rodovia, a MG 167, próximo do Motel está bastante concreta. Não podemos estipular prazo porque é preciso de autorizações e estudos que não dependem de nós. Os recursos, na sua maioria, estão vindo de emendas parlamentares do deputado federal Diego Andrade. Esta obra irá trazer um benefício muito grande para a cidade inteira e para aquela região que está crescendo e sendo muito disputada, em especial para a expansão e instalação de empresas. Prova disso, foi o loteamento aberto lá que vendeu todos os lotes em poucos dias.

A Secretaria de Obras irá asfaltar quais trechos de ruas de terra?

Já estão licitados alguns trechos, porém o período chuvoso atrasou os trabalhos. As empreiteiras só fazem o serviço quando todas as condições são favoráveis para não correrem o risco de perder o serviço. Na Avenida Conceição Marinho, atrás do CCC, tivemos um problema específico que foi o desmoronamento da estrada, devido à chuva, no córrego. Não é um serviço muito complicado ou demorado, porém necessita de uma licença ambiental por ser beira de córrego. Queremos resolver isso logo para a empreiteira começar o serviço. Além deste trecho, vamos asfaltar a sequência da Avenida Zé Lagoa.

Falando ainda em infraestrutura, é difícil manter as       estradas da zona rural em bom estado de conservação?

Nossas estradas estão boas e temos recebido elogios por conta disso. Tenho andado e visto o trabalho de manutenção pessoalmente, inclusive aos finais de semana. A manutenção e conservação das estradas rurais não são simples, visto que por elas passam todos os dias caminhões pesados, máquinas e colheitadeiras. No entanto, a maior dificuldade é o adequado escoamento das águas. Com as águas da chuva correndo dentro da estrada, não tem como mantê-la boa o ano inteiro. No período chuvoso temos chuvas com 100, 150 milímetros, ou seja, é água demais, que precisa ter uma saída. Precisamos que os proprietários cedam um pequeno espaço em suas terras para fazermos as caixas secas. E ainda temos a dificuldade de conseguir cascalho, indispensável para conservação das estradas. Atualmente, estamos com três retroescavadeiras neste serviço na zona rural. Nossa ideia é colocar uma retro com cada patrol. Isto nunca foi feito no município de Três Pontas. Assim conseguiremos

A Prefeitura está reformando o prédio da antiga Policlínica para transferir a Secretaria de Saúde para lá. Existe uma previsão de término da reforma do imóvel?

O nosso objetivo é este desde o início. Se não tem dinheiro, não se pode pagar aluguel. Temos que usar nossos prédios próprios e é o que estamos fazendo e vamos gerar uma economia muito grande. As obras de reforma do prédio estão adiantadas e em poucos meses acredito que já vamos conseguir mudar a Secretaria de Saúde para o antigo prédio da Policlínica.

Quando começa a obra de duplicação da captação de Sete Cachoeiras, que vai diminuir o problema com a falta d’água?

Esta obra é muito importante, aliás, é fundamental para a nossa cidade, só que o custo é relativamente alto. O projeto está praticamente aprovado. No momento, para dar certo, está faltando apenas algumas formalidades por parte da Caixa Econômica Federal e do Ministério das Cidades. Dependemos também de aprovação ambiental que está sendo aguardada pelo SAAE. Está tudo muito bem encaminhado.

A Administração tem tentado gerar mais empregos, buscando trazer novas empresas para a cidade e incentivando os empresários locais?

Nosso grande foco tem sido a implantação de um Distrito Industrial no município de Três Pontas para atrair empresas. A região do Quatis está totalmente propicia para isso já que ainda receberá  a obra da Avenida do Foguetinho. Estamos recebendo com frequência propostas de empresários locais para expansão e pleitos de empresas de fora pretendendo a instalação aqui na nossa cidade. O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (CONDES), composto por membros da sociedade, tem auxiliado o Município na formulação e implementação de ações para a geração de renda e empregos. Em resumo, existe um enorme esforço tanto da Prefeitura como dos membros do CONDES na industrialização e no desenvolvimento local.

Falando em Cultura, já existe uma previsão para a reabertura do Centro Cultural Milton Nascimento que passou por reformas?

O que falta no Centro Cultural agora é a execução das obras decorrentes do projeto do Corpo de Bombeiros. Como é um serviço relativamente pequeno, licitamos duas vezes e não apareceram interessados.Porém, o jurídico já está avaliando a possibilidade de uma dispensa para a contratação. Em breve, teremos notícias da inauguração.

Já foi anunciado a volta do Festival Nacional da Canção em Três Pontas. Mas, e o Festival Canto Aberto, será realizado este ano?  

Com certeza! Uma iniciativa que deu certo deve continuar independentemente da volta do FENAC que, diga-se de passagem foi a pedido dos próprios trespontanos. O Festival Canto Aberto foi um sucesso. Nós temos uma programação bacana para a cultura este ano. Para realizar estes eventos batalhamos por parcerias junto à iniciativa privada. Exemplos disso foram o Auto de Natal em parceria com a CP Agrícola e o Canto Aberto em parceria com a Cocatrel. Os empresários trespontanos compreendem a importância de eventos culturais para nossa cidade, inclusive como fomento para o turismo local.

A Prefeitura tem algum projeto para o Parque Vale do Sol?

Existe sim. Só que será bem planejado e feito para dar certo. O UNIS, grande parceiro da Prefeitura, tem colaborado com projetos de revitalização de parques e arborização de ruas realizados pelos alunos. E tem um específico para o Vale do Sol. Compareci pessoalmente numa aula do Curso de Administração para discutir com os alunos o que poderá dar certo naquele local.

Como o Prefeito, como tem reagido e absorvido as críticas feitas pelos vereadores na Câmara?

Eu costumo nem ouvir. Eu tenho comigo que cada poder tem sua independência e cada um sabe o que faz. Eu procuro não ouvir. Eu respeito muito os vereadores. Eu fui vereador e Presidente da Câmara de Três Pontas e sei que é mais fácil criticar do que fazer. Eu respeito e quero ter uma boa convivência com eles que acho ser fundamental. A gente precisa avançar naquilo que é importante para a cidade e espero estar contando cada vez mais com eles.

Três Pontas tem recebido apoio dos deputados estaduais e federais na destinação de emendas e recursos financeiros?

Eu sempre preguei que seria um divisor de águas quando a cidade tivesse deputados como seus representantes. Esta aí a prova. Hoje temos o deputado estadual Mário Henrique Caixa que só agora conseguiu mais de R$1,6 milhão em emendas e isto para um deputado estadual é muito recurso, ainda mais com a crise vivenciada pelo estado de Minas Gerais. O deputado federal Diego Andrade conseguiu só ano passado, mais de R$5 milhões para nós, ajudou muito o Hospital, tem destinado máquinas e equipamentos para a cidade. O Diego é um parceiro de primeira hora. A gente precisa dos deputados, sem eles a gente avança muito menos. Todos estão vendo que os municípios estão sofrendo e não conseguindo nem manter as contas em dia. Além de mantermos a casa em ordem, Três Pontas ainda está fazendo alguma coisa. E temos perspectivas de fazermos mais. Na visita deles em Três Pontas, tanto o Diego como o Caixa declararam o apoio deles para mim e isso é muito bom.

Mensagem final.

A população pode esperar muita coisa boa da nossa gestão. Eu sou muito otimista apesar de tudo. A situação que enfrentamos não foi fácil porque que nunca foi antes enfrentada por nenhum outro prefeito. Tenho esperança de que nunca mais os municípios passem por isso. Os prefeitos estão unidos e a Associação Mineira de Municípios (AMM), reuniu 600 prefeitos, um fato inédito. Acredito que a população tem enxergado esta luta dos gestores municipais. Eu só tenho a agradecer pelo carinho, respeito e apoio que tem sido fundamental. Sozinhos não fazemos nada.