A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Três Pontas – APAE, marca no calendário de datas históricas para a Instituição, o dia 16 de novembro deste ano. A partir desse dia, a APAE passa a transformar a vida de muitas pessoas com deficiência auditiva. É que o Centro Especializado em Reabilitação Auditiva, Física e Intelectual – CER III da APAE realizou as primeiras dispensações de aparelhos auditivos, atendendo uma demanda de quem espera na fila há anos e ainda tinha que buscar o atendimento e serviços longe daqui.

A conquista foi alcançada através de um trabalho realizado a muitas mãos, e é o resultado de mais uma luta travada desde a implantação do CER II, em 2018, que colocou a APAE na vanguarda na área de reabilitação, tornando-a qualificada pelo Ministério da Saúde, a partir de abril de 2022, para atender usuários com deficiência auditiva de três microrregiões de Saúde – Três Pontas, Varginha e Lavras, totalizando 20 municípios e uma população de mais de 500 mil habitantes. Nesse momento a APAE passou de CER II para CER III, quando incorporou a reabilitação auditiva.

De acordo com a Superintendente da APAE, Maria Rozilda Gama Reis, com a nova modalidade de reabilitação o trabalho continua para adaptar o espaço físico da Instituição, por isso, reformas e adequações estão sendo feitas e obviamente há necessidade de investimento de recursos financeiros. O esforço é recompensado para toda a equipe da APAE que tem a grata felicidade de todos os dias, ver as pessoas sendo atendidas, se recuperando e tornando realidade os sonhos que pareciam ser para eles impossíveis. Vale destacar, que estudos apontam que um em cada seis pessoas adultas, possuem algum grau de perda auditiva.

É o caso da engenheira civil, Andrea Torres Miari. Há vários anos ela atua como voluntária na APAE e agora foi beneficiada com um novo aparelho, que vai atender à sua necessidade. Ela já foi usuária dos serviços de reabilitação auditiva das cidades de Alfenas e Belo Horizonte, aonde realizou três testes auditivos que não foram suficientes para diagnosticar seu tipo de deficiência. O grande problema apontado por ela, é o acompanhamento e não simplesmente colocar o aparelho auditivo e pronto. É necessário reeducar a audição e saber que agora tem esse serviço disponível gratuitamente em Três Pontas, é algo que a enche de felicidade.

Andrea tem problemas de audição desde criança, mas a situação piorou bastante de forma gradativa nos últimos 20 anos. “É fantástico. Agora estou aqui ouvindo tudo nitidamente”, comemora a usuária. A perda auditiva não tratada pode fazer a pessoa se retirar do convívio em sociedade porque as conversas demandam muito mais energia mental. Sem tratamento, a perda de audição pode levar a sentimentos de isolamento e depressão.

A fonoaudióloga Josiely Cristina de Vasconcelos, que é responsável por fazer a adaptação dos aparelhos auditivos da marca Oticon, uma empresa global com sede na Dinamarca e presente em mais de 20 países, relata que o aparelhinho é pequeno, discreto, quase invisível e fica bem confortável no receptor no canal do ouvido. Ele ainda oportuniza ao usuário uma melhor produção de fala e é ajustado no computador. O ajuste é feito de acordo com o resultado de um exame chamado audiometria que utiliza um software de alta tecnologia. No teste são feitas perguntas com emissão de barulhos e vozes externos. Todos os usuários que recebem o aparelho necessitam de acompanhamento pela fonoaudióloga do CER III, com um período inicial de monitoramento a cada 40 ou 60 dias e posteriormente uma vez ao ano, contudo, isso pode variar de acordo com o tipo de adaptação ao aparelho.

Já a coordenadora da Reabilitação Auditiva do CER III, Priscilla Caroline Vas-Tostes, revela que os trabalhos de reabilitação auditiva começaram em maio desse ano. O início dos primeiros atendimentos, foram em pessoas que já tem a deficiência auditiva comprovada. Elas chegam já com um pré-diagnóstico, passam em consulta com a médica otorrinolaringologista, Dra. Yumi Tamaoki e posteriormente realizam os exames de diagnóstico de deficiência auditiva, tais como a audiometria, imitanciometria, logoaudiometria e bera-peate.

Nos usuários que são diagnosticados com a deficiência auditiva, já são feitas as pré-moldagens para recebimento dos aparelhos. A APAE já atendeu até o momento 500 pessoas com algum tipo de deficiência auditiva. Alguns já tinham aparelhos e agora passar a realizar a manutenção na Instituição, outros chegaram sem o aparelho e estão recebendo atendimento para se adaptarem e começarem uma vida nova.

 

E não só colocar o aparelho auditivo e sair ouvindo. Dentro do CER III, o usuário passa por uma equipe multiprofissional, com otorrinolaringologista, fonoaudióloga, assistente social e psicóloga, que analisam todos os exames e se existe a necessidade do aparelho ou não. A assistente social vai avaliar as condições do usuário e a psicóloga, vai explicar que a deficiência não é coisa de outro mundo, mas que suas condições vão mudar sua vida.

Nesta quarta-feira (16), foram feitos 12 atendimentos para a entrega de novos aparelhos. Nesse primeiro momento serão 40 usuários atendidos, ou seja, a dispensação de 84 aparelhos, pois na maioria das vezes os usuários precisam de aparelhos para ambas as orelhas.

Em nome da equipe do CER III, Priscilla Vas-Tostes, acrescenta também que é uma satisfação muito grande para a APAE proporcionar essa nova realidade para os usuários que com certeza ficam gratos e se emocionam, desde quando recebem a ligação para fazer o agendamento da primeira consulta até o momento em que de fato recebem o aparelho auditivo.

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