Áddilla, atleta trespontana destaque no Campeonato Mineiro de Natação disputado na cidade de Ipatinga. (FOTO: Arquivo pessoal)

Loui Jordan

O esporte tem se consolidado cada vez mais como um negócio, as cifras estão tomando o lugar do desejo, da diversão e do amor. O espetáculo, muitas vezes é propagado para se obter o maior prêmio, o lucro. Só que existem pessoas e não são poucas, que ainda amam aquilo que fazem e se dedicam constantemente na obtenção daquilo que mais se procura, ser feliz e satisfeito fazendo o que gosta. Esse é o caso de Áddilla Caroline Laurindo, uma jovem que tem sonhos e objetivos dentro de um esporte, a natação. Ela mesma sabe que desejo por desejo não basta, tem que fazer acontecer e ela tem feito.

A trespontana Áddilla, de 21 anos, 60kg e 1,70 de altura, estabeleceu um recorde mineiro em sua categoria. O feito aconteceu no último final de semana. Áddilla é atleta de natação do Clube Campestre de Varginha e nos dias 6 e 7 de julho, participou do Campeonato Mineiro de Natação Máster de Inverno 2019 – VII Troféu Roberto Antônio Lima, na cidade de Ipatinga. A jovem mais do que promissora, uma vencedora, conquistou e estabeleceu ao lado de suas colegas de clube, o recorde mineiro na prova 4×50 metros Medley. 4 atletas por equipe participam dessa prova e Áddilla e suas companheiras (Marcela, Bruna e Vanessa) conseguiram um inédito tempo de 2:30.58.

Durante o torneio em Ipatinga, a atleta também conquistou seis medalhas e posições importantes no Campeonato Mineiro de Natação, confira:

1° Lugar – 100m costas

2° Lugar – 50m livre

2° Lugar – 50m costas

2° Lugar – 100 livre

1° Lugar –  revezamentos 4×50 medley – Estabelecendo recorde Mineiro

2° Lugar – revezamento misto

Nada disso seria possível sem esforço e aptidão. Percorrer trajetos e ser premiada por seu próprio esforço no final deles, já se tornaram rotina na vida da moça que se inspira em Michael Phelps e claro, César Cielo.

Áddilla ao lado de suas companheiras, elas estabeleceram o recorde mineiro. (Foto: Arquivo pessoal)

O trajeto até o pódio

Atualmente, Áddilla é estudante de Educação Física, embora ainda não seja uma atleta profissional, sua trajetória começou cedo com o apoio do pai. Por volta de 3 a 4 anos de idade, a futura profissional do esporte nadava com a ajuda do pai e resolveu insistir nas águas. Acabou que a persistência se tornou mútua, a água parece gostar da presença da jovem que tem mais de 100 medalhas em seu currículo. Para ela, o começo foi mais do que melhor, “no Sesi tive meu primeiro treino, com apenas duas semanas treinando tive meu primeiro campeonato na qual Três Pontas foi sede. Consegui 1° lugar nadando crawl e durante 8 anos fui campeã invicta no crawl nos campeonatos da Copa Sesi”.

Áddilla no pódio em 2017 quando defendia o clube SESI de Três Pontas. (Foto: Arquivo pessoal)

De acordo com ela, a motivação vem dos resultados e claro, se superar a cada treino e prova. “O que me motiva a nadar são meus resultados, a adrenalina de subir no bloco e disputar, a vontade incansável de superar os adversários e a mim mesma. Se desafiar o tempo todo a quebrar recordes pessoais. O esforço vale a pena. Os elogios e o reconhecimento são importantes, pois mostram que estou no caminho certo”, a dedicação é símbolo que reflete nas piscinas.

Importante ressaltar que durante todo o período de maturação nas piscinas, a chegada da faculdade foi fundamental na questão de abrir um leque de possibilidades. Fora isso, a proximidade com o município de Varginha foi de grande valia. Áddilla sempre foi persistente, mesmo quando não dava certo, hoje colher os frutos é uma dádiva do trabalho árduo praticado por ela e todos a sua volta. Na preparação para o Campeonato Mineiro, Áddilla teve um “staff” que contribuiu por ela e com ela, fora os treinadores que já observaram a sua performance na piscina e nos clubes, tanto de Varginha quanto de Três Pontas. Para exemplificar a aplicação e preparação para o torneio já citado, a atleta treinava 40 minutos nas segundas e quartas-feiras, já na terça e quinta, fazia um treino entre 40 a 60 minutos, fora as idas a Varginha quando o tempo e as condições permitiam e lá o treino durava cerca de 100 minutos.

Por falar em Campeonato Mineiro, Áddilla se diz privilegiada e ao mesmo tempo, motivada por estar ao lado de grandes atletas, “O Campeonato Mineiro foi uma motivação, nadar ao lado de grandes atletas me mostrou que sou capaz. Não é fácil, mais é possível, basta acreditar e treinar, treinar muito”, conclui a colecionadora de recordes e medalhas.

Por consequência do amor à natação, Áddilla tem sido frequentemente presente na arbitragem. Segundo ela, ser árbitra, faz com que o objeto de trabalho e paixão, fique mais próximo. “Trabalhar como árbitra é querer estar do outro lado competindo, mas é gratificante ver o esforço de cada um que está ali participando”. Agora ela segue trilhando seu caminho de vitórias rumo aos infinitos campeonatos que certamente a terão como protagonista. Além de fomentar a natação em Três Pontas e em Varginha, a moça ousada de talento raro, é um expoente no esporte do Sul de Minas.

A persistência e o futuro como divisores de águas

“Uma palavra que me definiria seria intensidade”. Mesmo se definindo dessa forma, a futura profissional de educação física, tem muitas qualidades a se destacar, além do talento descomunal para nadar, a persistência é um divisor de águas que sem ela, as coisas seriam mais difíceis.

A respeito da persistência, a nadadora revela seus pontos positivos, assim também como os negativos. “Minha qualidade é a disciplina e força de vontade, meu defeito é o nervosismo, que na maioria das vezes não consigo controlar, isso me atrapalha um pouco. “, finaliza.

Um ponto interessante, é entender como o nervosismo surge e prejudica o atleta, seja ele de qualquer esporte, modalidade e esfera. O peso da pressão e do nervosismo é inerente ao esporte, pelo menos nesse caso, o peso por mais que exista, é compensado com vitórias. Uma queixa a ser feita, é a estrutura de alguns esportes no Brasil. Muitas vezes a expectativa de disputar um campeonato ou se tornar um grande ou uma grande atleta, é frustrada pelo fato de se ter cada vez mais, menos oportunidades.

É preciso oportunizar desde a escola até os clubes. Praticar esportes é mais do que um jogo, é uma vida de determinação e comprometimento. Promover a possibilidade de pessoas construírem através do seu talento e capacidade, pontes para os seus respectivos sucessos e progressos enquanto seres humanos, é um divisor de águas. Cada caso é um caso, para a felicidade e a competência de Áddilla, que nada desde os três anos de idade, um longo caminho já foi trilhado com absoluto êxito.

Sonhos e metas movem as pessoas e a energia das mesmas. Para esta atleta trespontana, é difícil responder sobre qual a meta a ser atingida, pois a próxima meta é sempre a vitória seguinte ou o passo seguinte. É claro que a profissionalização seria o ápice, mas um passo deve ser sempre dado com cuidado, assim como suas braçadas na água. A menina pequena que nadava com o pai no Clube de Campo Catumbi (CCC) de Três Pontas e que já representou Minas Gerais em um torneio na cidade de Mococa-SP, hoje já criou asas para centros maiores, não se sabe aonde a mulher que desfruta de suas medalhas pode chegar, mas se sabe que caso ela resolva ir nadando até o pódio de seus objetivos, provavelmente deixará a dificuldade e o nervosismo naufragados com sua vitória.

“As derrotas servem de aprendizado e mostram como ser melhor na próxima”