Por Loui Jordan

Antes de qualquer coisa, a educação sempre foi maior que o poder, afinal de contas ela é um instrumento que possibilita tal poderio. Em algumas ocasiões é possível encontrarmos o oposto, isto é, a busca do poder e a tentativa de silenciar uma educação barulhenta, caso se invista nela. No Brasil, Jair Bolsonaro, Presidente da República, utilizou o Twitter para comunicar que o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, estuda descentralizar o investimento nas faculdades de Filosofia e Sociologia. O objetivo é focar em áreas que gerem um maior retorno imediato ao contribuinte, entre elas por exemplo: Veterinária, medicina e engenharia.

Presidente Jair Bolsonaro ao lado de Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub, Ministro da Educação. (Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Muito bem, é necessário pontuar algumas questões e dúvidas. Primeira pergunta, o investimento estava centralizado nessas áreas? Outra coisa, este retorno imediato ao contribuinte seria econômico ou político? As perguntas vão ao infinito, a grande questão é saber o motivo da escolha em optar por “deixar de lado” a filosofia e a sociologia. A medicina, engenharia e veterinária são muito importantes, mas são tão importantes para se tornarem objetos de estudo que visa focar apenas nas já citadas e não em outras da área de Ciências Humanas?  

Filosofia e Sociologia

Filosofia e Sociologia são áreas que gostam de tirar as atitudes da zona de conforto. A filosofia mais do que tudo provoca e questiona, ajuda a pensar, a questão ética que é tão debatida nos campos da sociedade, é na filosofia que estes valores são discutidos. Na sociologia é utilizado a leitura sobre determinados fenômenos sociais ou de grupos, isto é, toda engrenagem que rege ou o pensamento que conduz um país ou região, o que for a nível social, tudo é objeto de estudo da sociologia. Os algoritmos, as construções, a moda, a cultura e a moral etc, são eles uma obra a ser explorada pela área que estuda a sociedade.

Isto posto, é no mínimo um equívoco de política educacional negar tamanha influência dessas áreas na esfera social. Em relação a gerar um retorno imediato ao contribuinte, se faz necessário analisar o atual estado onde as coisas se encontram no país. Compreender as amarras sociais não geraria nenhum valor para a sociedade? Normalmente as áreas de ciências humanas são deixadas de lado em alguns governos, o correto e prudente seria não só destacar áreas de interesses institucionais do Estado, mas sim tratar todas as modalidades de curso, iguais.

A educação como ferramenta coletiva

A educação torna o conhecimento muitas vezes incomum. Na instrumentalização política e em sua retórica, existe a educação política. Trata-se de um processo que tem como objetivo maior, informar e oferecer a todos um leque maior e uma melhor leitura dos nuances da engenharia social. Perceba, é uma disciplina que visa fornecer conhecimento para os cidadãos para que esses porque não, possam participar e ter uma voz mais polida na polis. A desinformação em diversos momentos norteia as opiniões e a ausência de opiniões das pessoas, poucos possuem acesso à informação.

A educação na política e na sociedade, deve ser tratada como algo que pensa no coletivo. Focar em alguns e desfocar nem que seja um pouco em outros, é no mínimo uma decisão fadada ao subdesenvolvimento. Em um país que tem sua história protagonizada por políticas oscilantes e em certos momentos obsoleta, colocar de lado a reflexão, crítica construtiva e o exame através das elucubrações e estudos, é denunciar a falta de lucidez em prol de um futuro que já está sendo esquecido por atitudes do presente.