Por Loui Jordan

Vamos à notícia desta quarta-feira (10): o Facebook vai testar a partir dessa semana e das próximas, a redução da exibição de conteúdos políticos no chamado feed de notícias. Resumindo, não vai acabar, mas será mais reduzido e restrito o acesso a temas políticos. Os testes entram em vigor já nesta semana no Brasil, por exemplo. Isto posto, a pergunta que não quer calar é a seguinte: a política está tão chata e tóxica para se chegar a este ponto ou é apenas uma visão empresarial do Face?

Muito embora o Facebook dificilmente responderia a isso, é possível dizer que uma preposição justifica a outra. Que os temas e conteúdos políticos estão se tornando palco de discussões muitas vezes tolas, é fato, que talvez certa parte dos usuários da rede social estejam com aquilo cheio, de política prá lá e política prá cá, também pode proceder, essas duas condições corroboram para uma possível visão empresarial de mercado e demanda, isto é, se o Face não reduzir esses conteúdos, os usuários que serão reduzidos.

Nesse teste inicial, não só o Brasil fará parte, outros países também, como Canadá e Indonésia, depois os Estados Unidos da América. É a chamada fase de testes, não será sentida muita diferença no início, afinal de contas, o Face precisa saber detectar e diferenciar o que é um conteúdo político e as formas como ele se “manifesta” na rede, se é apelativo, como é interpretado, coisas assim.

Parafraseando, Mark Zuckerberg, Presidente-Executivo da rede social, essa iniciativa tem o intuito de atender os muitos usuários que não queriam que pots de política estivessem em seus feeds, o que atrapalhavam os próprios usuários, isso tudo foi possível detectar com os feedbacks dos mesmos. Bem, no fundo no fundo, o objetivo é asserenar os ânimos dos mais exaltados, o Facebook não quer se tornar uma gaiola virtual de picuinhas, brigas e desentendimentos, que muitas vezes causam rupturas.

É claro que também existe uma justificativa financeira, em 2020 a empresa teve um lucro pouco maior que US$ 29 bilhões e uma receita na casa dos US$ 86 bilhões, isto é, um aumento de bem mais que 50% em relação a 2019. Contudo, os boicotes em marcas e publicidades que estão na moda, devido a “Era do cancelamento”, continuaram a todo vapor, isso sinalizava que o Facebook precisava adotar medidas mais severas a propagação de informações falsas, de discursos impregnados por ódio e confronto.

Para finalizar, a política está em tudo, mas “politizar” tudo no sentido de buscar vantagens políticas, é diferente de se debater a genuína política. Mesmo que esta arte ocupe todos os espaços, a partir do momento que os discursos e comportamentos travestidos dela impõem barreiras e produzem um revanchismo sem limite, passa a ser muito prejudicial. Na realidade, o Facebook só está sentindo os sintomas do efeito do clima polarizado e intolerante no mundo político, que aliás, por incrível que isso pareça, ser apolítico nesse atual cenário, é visto como algo positivo devido aos rumos que a política conduzida por boa parte dos que se dizem políticos, está tomando.

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