Por Loui Jordan

Um dos assuntos que sempre estão em pauta no Brasil é a escola. Serão enganados aqueles que acreditarem que o “debate” sobre o sistema escolar, gira somente em torno da questão de salários de professores, que aliás é justíssima e legítima a “briga” por melhores salários por parte da categoria. Mas a questão não é essa, o que tanto foi debatido entre parlamentares sobre o projeto “Escola sem partido” durante o final do ano passado e o primeiro trimestre de 2019, não é brincadeira, pelo menos no sentido de tentativa de aprovação. Realmente foram e serão muitas tentativas, cada um tem um lado, o que importa é que essa semana tem um começo menos tenso para a escola.

O presidente Jair Bolsonaro, anunciou o programa Ciência na Escola, nesta sexta-feira (19). Isso significa que serão 100 milhões de reais disponibilizados para as instituições apresentarem projetos e trabalhos que visem o objetivo do programa. A iniciativa dos ministérios da Educação e de Ciência e Tecnologia, oportuniza a possibilidade de escolas, centros de desenvolvimentos científicos e universidades, a disputarem a verba. Bom pontuar que as divisões serão feitas por escalas de projetos, ao todo são três: estaduais 4 milhões, interestaduais 10 milhões e regionais com 20 milhões.

Os ministérios anunciaram mais projetos e investimentos que englobam as pastas que visam ampliar a Olimpíada Nacional de Ciência. Isto posto, esse “combo”, o “desaparelhamento” que destoa entre alguns ministérios, é revelado a cada decisão por propostas que podem colocar as ambições do país nos eixos ou não. Se por um lado o ministério da Educação por si só “bate cabeça” em muitos pontos, a aliança no projeto com Ciência e Tecnologia é vital para a sobrevida dos recursos e projetos para escolas. É evidente que ajustes devem ser feitos, afinal não adianta oferecer subsídio em um sistema “meritocrático” que privilegia algumas educações mais do que outras, no sentido técnico.

Contudo, é preciso se tomar cuidado para não abastecer o monopólio da educação em frentes já conhecidas, isto é, todas as escolas deveriam ter um ensino que a possibilitasse de pleitear tal capital. Obviamente que com 4 meses de governo, será difícil adequar a engrenagem política e retórica e toda gestão em seu início está sujeita a viver um semestre de lua de mel ou críticas umas atrás das outras. O que é necessário se pensar em quanto bandeira hasteada, é o fato de que o olhar do Estado para com a ciência na escola, fomenta um esboço de trabalho e panorama elaborados com boas intenções, embora isso seja obrigação de qualquer gestor ou organização pública.

O Brasil das opiniões e ideias, muitas vezes é uma nação silenciada e injustiçada pelo filtro que canaliza essas ideias e opiniões. Em um país onde a escola, os professores e os alunos são tratados como lacaios da matriz que controla todo esse mecanismo, investir em ciência é um ponto positivo, mesmo sabendo que alguns colégios não terão poderio técnico que acaba substanciado pelo próprio sistema. Enfim, nada vai mudar em curto prazo, o que se espera é uma oferta que cabe a todos. A situação do Brasil é de descompassos e interesses, dar a escola o que sempre foi dela ou pelo menos o que por vários motivos foi oferecido de forma tacanha, é admitir ao mesmo tempo, indícios de melhorias a longo prazo e a problematização das hierarquias que o processo histórico lapidou.