Por Loui Jordan

No país das consciências assintomáticas, mais um episódio peculiar da forma de se fazer política de conveniência foi registrado, dessa vez em Minas Gerais. Na última quarta-feira (03), o Governador Romeu Zema, do Partido Novo, concedeu uma entrevista coletiva onde deixou cristalina algumas mudanças urgentes visando estancar a sangria da pandemia, uma dessas mudanças é a inserção da Onda Roxa no Programa Minas Consciente.

Isto posto, embora a decisão seja acertada tendo como premissa evitar a potencialização dos números de infectados e dos óbitos, trata-se de um ajuste estratégico que não precisaria ser feito se o Estado de Minas Gerais arbitrasse desde o início sobre os municípios. É claro, existem pontos colidentes dentro desse enredo, como a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em decidir e delegar poderes tanto a estados, quanto a municípios para decidirem quais medidas devem ser tomadas para conter o avanço do vírus e mais, quais regras devem ser estabelecidas de acordo com a necessidade de cada município, se assim o órgão gestor municipal optar.

Vale salientar que aderir ou não ao Programa Minas Consciente é de caráter facultativo, no entanto com a inserção da Onda Roxa, especificamente neste item, a obrigatoriedade de aderir à nova onda caso seja necessário está em vigor. Portanto, quando o Governo Estadual e instituições que regem a democracia desse país, forneceram aos municípios uma liberdade excessiva, as consultas à consciência foram voltadas para um equilíbrio entre economia e saúde, que na verdade serviu de plataforma para políticas de conveniência. Assim como é perfeitamente possível um município que de forma facultativa aderiu ao Minas Consciente, ter saído quando a situação estava delicada, afim de manter aberto certos setores da ala comercial e trabalhista, o Estado foi passivo demais e estrategicamente falho.

Basta pensar que a adesão a uma certa onda ou a uma certa macro ou microrregião se dá através de interesses políticos, sociais e econômicos de momento, ou seja, é uma decisão muito mais fisiológica do que consciente. Com isso, respondendo ao título da presente coluna, a tomada de decisão por um aspecto impositivo, se deve ao fato de que quando as decisões poderiam ser em sua totalidade facultativas e utilizando-se da consciência, o resultado não foi bom em termos de poucos infectados e poucas vidas ceifadas, fora as medidas paliativas que são pouco operantes.

No fundo no fundo, os municípios em boa parte buscaram agradar a todos e a situação saiu do controle, até mesmo porque a forma de usar o controle era facultativa e quantitativa, dessa vez dependendo do caso, será impositiva. É um erro também do Estado de Minas Gerais, que observou demais e agora tem que voltar atrás de sua estratégia, que era claro, dar autonomia aos municípios, já que eles possuem um olhar mais clínico. Por fim, esse olhar mais “clínico”, é recheado de necessidades, queixas e desejos a pequeno prazo, sendo assim, é mais conveniente nesse momento adotar uma política um pouco mais centralizadora e exigente, até porque o prejuízo é em todo o Estado.

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