*Fazenda de Três Pontas, investe na qualidade de atendimento a quem busca conhecer a produção de cafés, com hospitalidade que é peculiar dos mineiros 

A hospitalidade mineira sempre foi destaque no Brasil, é comentada nos quatro cantos do país. O jeitinho mineiro de receber, atender e tratar as pessoas sempre atraiu para Minas muita gente. Agora esta fama ganhou um reconhecimento inédito e internacional. No início do mês, Minas Gerais foi reconhecida como uma das dez regiões mais hospitaleiras do mundo.

O título foi concedido pelo Traveller Review Awards 2021, um prêmio do site Booking.com, uma das plataformas digitais de viagens mais conhecidas internacionalmente. Foi a primeira vez que uma região brasileira entrou na lista, baseada na avaliação de turistas.

O reconhecimento coincidiu com os 300 anos completados por Minas Gerais, estado que tem no meio rural um dos seus grandes atrativos. E é no meio rural trespontano, que se desponta a bastante tempo uma fazenda centenária. Tudo começou há mais de cem anos, quando nossos avós começam a escrever a história de nossa família nas Fazendas Caxambu e Aracaçu. A terceira geração no processo de gestão das fazendas, já com a quinta geração começando a ser preparada para assumir, no futuro, o negócio de família que por muitos anos tem dado muitas oportunidades às pessoas que construíram suas vidas de forma digna, saudável e justa, tendo o café como responsável por todo desenvolvimento. E é muito mais que o aroma deste café, que chega na xícara do consumidor final, lá do outro lado do mundo, que a Fazenda Caxambu se tornou referência às visitas para conhecer como este grão precioso e sagrado é germinado em um terra fértil, abençoada por um santo, (considerado pelo povo) chamado Padre Victor.

É entre as montanhas sinuosas que pintam as paisagens do município de Três Pontas, que aguça a curiosidade de gente de todas as idades de vários países, por conhecer onde é produzido os cafés especiais servidos nos points e nas gôndolas do mercado internacional. A Fazenda Caxambu é formada por 211 hectares, 120 deles em lavouras de café, mais de 60 de reserva legal e áreas de preservação permanente (APP), 13 de pastagens e uma área de quase 10 hectares em estruturas para beneficiamento e preparo do café.

As duas fazendas, Caxambu e Aracaçu, em conjunto, formam um complexo de 380 hectares de terras. Um manto verde que produz 9.500 sacas de café anualmente que atendem a demanda dos mais exigentes mercados e consumidores do mundo por serem trabalhados com requinte e comprometimento.

Para transformar a propriedade na potencia que se tornou, a administradora Carmem Lucia Chaves de Brito “Ucha”, deixou em 2006 a sua profissão de psicóloga, no Rio de Janeiro, voltou para as terras da família e investiu em café especial. Para que isso acontecesse, foi preciso mudar a mentalidade de quem primeiro estava no campo. Foi necessário mostrar que o campo, não é lugar de gente marginalizada, do ‘zé ninguém’, que ficava a margem de tudo e que não sabia do que acontecia no ‘mundo’ da cidade.

Ao assumir de fato a gestão, foi necessário fazer entender que os trabalhadores escolheram viver no campo, onde se produz o alimento que abastece a mesa das famílias do mundo inteiro e enche a barriga do povo. Mas vamos imaginar o contrário disso; que ninguém escolhesse ficar no campo e o que seria produzido? Na visão de Ucha, a permanência de quem lida na roça é algo de profunda necessidade para a sociedade humana, do planeta.

Mas nos dias atuais, é preciso não apenas pensar no que se produz. A vida lá também mudou e qualidade dela é exigência. O trabalho não é apenas pensar no lucro. Outras questões de tornaram cruciais, como a preservação do meio ambiente, a sustentabilidade e a responsabilidade social. Quem está na roça não pode ser aventureiro, tem que conhecer, ser capacitado, fazer gestão e buscar resultados nestas vertentes. Só por isso, já é possível mostrar o quanto são importantes as pessoas que preferem o campo do que a cidade. Esta filosofia foi criada na Fazenda Caxambu e se tornou a identidade que transforma.

Identidade que o mundo inteiro vem conhecer dentro da fazenda, a linha de cafés especiais produzidos na propriedade. Ucha revela que não só disse para sua equipe da importância deles dentro de um contexto global, mas mostrou quanto são realmente importantes. “Quem chega aqui, conhece quem está por trás do nosso produto, como estamos produzindo, se de fato a nossa produção é responsável e sustentável, enfim é uma série de fatores que nos coloca na visão do mundo neste universo da cafeicultura”, afirmou.

O produto final foi cultivado em um campo experimental, hoje com 93 variedades de café plantadas, provenientes de renomadas instituições brasileiras de desenvolvimento e pesquisas em melhoramento genético em café, assim como de fazendas reconhecidas na produção de cafés diferenciados.

Todos os anos, eles tem visitantes da Cingapura, alguns países da Oceania, Austrália,  da europa, como França, Itália, Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Europa, América do Norte e Ásia. Na Ásia o maior comprador é o Japão, e os japoneses são os que mais vem, todos os anos, pois são bastante focados em cafés especiais. O japonês ele tem uma cultura maravilhosa que arranca os elogios da fazendeira, que acrescenta que eles são de aproximação,  colaboração, cooperação, parceria e de fidelização. “Dá prazer realmente de ter um relacionamento muito próximo com os japoneses, eu sou encantada com esse país”. Mas também tem muita gente do Brasil inteiro, que está numa mudança cultural em relação ao café bastante forte, seguindo muito modelos de outros países do mundo, demorou um pouco para chegar por aqui, mas principalmente puxada pela juventude, que está olhando o café realmente por outra perspectiva, com uma pegada diferente e bacana.

Estes clientes/turistas conhecem a tarefa desempenhada pelos trabalhadores na lavoura e nos talhões, o controle rigoroso feito no campo, o paiol, o processo realizado no terreiro e no processamento das máquinas de beneficiamento, o campo experimental, os testes feitos nas xícaras, na “Casa das Sensações”, onde é avaliado o resultado provando todos os cafés, traçando os perfis e descrições sensoriais e grupos aromáticos, os projetos ambientais, sociais e desportivos, que são desenvolvidos, em matas nativas e intermináveis bosques, corredores ecológicos que abrigam centenas de milhares de aves, animais e vegetações.

“Quando eles chegam se surpreendem e encantam, porque fazemos muita questão de servi-los bem, e eles avaliam o que tanto primam ao receber um excelente produto na xícara. Eles ficam a vontade em conversar aqui com as pessoas e saber que temos comprometimento e responsabilidade com a produção daquilo que eles amam tanto, que eles são apaixonados que é o café. É uma relação muito gostosa e motivadora à todos nós”, conta a produtora Carmem Lúcia.

O momento é uma grande oportunidade de ser investir no turismo rural, mas não de forma isolada, reflete Ucha. As culturas do café e da produção de leite e a vocação que Três Pontas tem na música podem ser aliadas e trabalhadas de forma conjunta, como um impulso à economia através do turismo. Somos os maiores produtores e consumidores de café do mundo, só não consumimos mais do que a água. Antigamente era apenas uma bebida dos avós, mas hoje o cenário se modificou e os jovens, de 20 a 40 anos estão entendendo este sabor, que inclusive está embalando os Coffes Lovers.

“Por conta dessas questões todas é que eu entendo que o turismo pode ser uma coisa muito forte para nós, porque a gente tem pegadas muito fortes. Podemos aliar o café a gastronomia mineira e o café está dentro desse contexto gastronômico, que está em alta e traz um glamour”, relata a produtora.

Na sua fazenda especificamente, por receber muitas pessoas de várias partes do Brasil e do mundo, acabou se tornando uma rota turística. Mas ela enxerga que é preciso fortalecer isso, transformando o turismo rural em um grande potencial de negócios, para todos da região do Sul de Minas. Atualmente os proprietários destes locais, estão atuando isoladamente e a sugestão de Ucha, é que se construa uma rede turística rural, com boa estrutura, com apoio de instituições que conheçam e tenham know-how, para ajudar neste processo de construção de algo significativo. A Administração pública, com alguns setores políticos devem estar juntos. Mas primeiro é necessário que os cafeicultores e empresários do campo, precisam estar organizados e alinhados. Além do café, tem as vertentes da fé e da música que precisam andar juntos e representar muito além do que é hoje, honrando inclusive os títulos que o município recebeu.

O turismo bem organizado e estruturado pode trazer muitas oportunidades para a cidade e a região. Exemplo disso, cita Carmem Lucia, foi quando esteve em Bonito, no Mato Grosso do Sul ano passado. Ela ficou impressionadíssima de ver como aquele lugarejo que não era absolutamente nada, só tinha grandes fazendeiros e propriedades fechados da porteira para dentro, se transformou em um verdadeiro polo turístico,  exemplar à todas as regiões do Brasil.

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