Com tema “Um olhar sobre Três Pontas”, os trespontanos celebraram com o tradicional desfile cívico, na manhã desta terça-feira, 03 de julho, o aniversário de 161 anos de emancipação político administrativa do Município.

A grande novidade trazida pela Administração Marcelo Chaves Garcia (MDB) foi o retorno do desfile para a Praça Cônego Victor, no Centro. A volta foi decisão do secretário municipal de Cultura, Lazer e Turismo, Alex Tiso Chaves, por acreditar que o local representa histórias e proporciona aconchego ao público, mais perto do comércio e de uma estrutura melhor. O Chefe do Executivo revela que assim como muitos da sua época, lembra de lindos eventos na Praça da Igreja, por isto aprovou a excelente escolha e teve a oportunidade de reviver momentos nostálgicos.

Tudo bem que no Sambódromo Jaime Abreu, na Avenida Oswaldo Cruz, existem as arquibancadas para as famílias se acomodarem, mas, a falta delas nunca foi dificuldade para muita gente prestigiar a data mais importante do calendário cívico da cidade. Em pé, acomodados no meio fio ou em torno dos canteiros em frente ao Coreto onde ficaram as autoridades, as pessoas se posicionaram para acompanhar todas as apresentações. A mudança foi positiva e agradou no geral.

Em um discurso rápido, Marcelo disse ter muita honra de ser prefeito, cargo que é passageiro, porém, prometeu honrar o apoio que tem recebido de pessoas e entidades. “Ser prefeito não é tarefa fácil, pelo contário é um cargo de muita responsabilidade. Pretendo ser feliz nesta empreitada ouvindo a todos, com diálogo e boas parcerias, construiremos uma história melhor”, frisou o gestor. Ele parabenizou os ex prefeitos que o antecedeu e fizeram pela cidade, a deixando linda e acolhedora, em especial lembrou de Adriene Barbosa de Faria Andrade, que lhe deu a primeira oportunidade no Poder Executivo. Marcelo Chaves pregou uma união de esforços para que o progresso seja almejado.

A comemoração começou cedo. Pontualmente as 8:00 horas, o prefeito Marcelo Chaves, o presidente da Câmara Municipal Luis Carlos da Silva (PPS) e o secretário de Cultura Alex Tiso estavam de frente ao pavilhão, hasteando as bandeiras com o Hino Nacional Brasileiro, sendo executado pela Corporação Musical Luiz Antônio Ribeiro. Não havia tanta gente naquele momento, mas a medida que a hora avançava e os estudantes passavam pela Praça Cônego Victor, os trespontanos se juntavam. Secretários de governo, assessores, vereadores e outras autoridades foram para o Coreto, de onde assistiram todas as apresentações.

O presidente da Câmara Luis Carlos, o prefeito Marcelo Chaves e o secretário de Cultura Alex Tiso, hastearam as bandeiras no pavilhão na Praça Cônego Victor, antes dos desfiles dos alunos e estudantes

O desfile se iniciou com os integrantes do 180º Grupo Escoteiro Boa Vista. Eles trouxeram suas tropas e demonstraram um pouco das atividades, que realizam semanalmente, com os ramos, patrulhas e tropas, que fazem com que o civismo vibre no coração de cada um deles, tendo como parte primordial a vivência escoteira, quando prometem fazer o melhor possível, para cumprirem o dever com Deus e a Pátria, ajudando o próximo em toda e qualquer ocasião, sempre obedecendo a lei escoteira.

As crianças atendidas nos Centros Municipais de Educação Infantis (CMEI’s) e as escolas da rede municipal que recebem diariamente os pequenos, foram os primeiros a passarem pela Avenida, vestidos de branco, que também é chamada de “cor da luz” representando a paz.

A primeira banda a ser bastante aplaudida pelo público foi da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Três Pontas (Apae) “Pequeno Príncipe”” sob a regência de Lidyanne Brito. A instituição foi fundada há 46 anos por um grupo de voluntários e hoje desenvolve ações que beneficiam não somente as pessoas com deficiência intelectual e múltipla, mas também a toda população trespontana.

Já com uns maiorzinhos, os professores trouxeram com as escolas municipais Professora Edna de Abreu, Antonieta Ferracioli Duarte e Solange Mendonça Reis, a importância de se cuidar e preservar a terra e o meio ambiente para as gerações futuras. Na prática, eles levaram a consciência em plantar árvores, reciclar o lixo, não poluir as águas, principalmente no Distrito do Pontalete. Algumas empresas parceiras que reciclam foram lembradas na cerimônia, principalmente a Atremar que é responsável pela coleta seletiva na cidade.

Os temas desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Educação aprofundaram o sentimento de amor da população à cidade, expondo valores e ações do cotidiano que refletem as atitudes que visam resgatar a preocupação e respeito ao bem comum. Vieram as homenagens à agricultura, que dá base a economia de Três Pontas com grande diversidade de culturas, como a pecuária leiteira e de corte, a criação de aves, floricultura, fruticultura, cultivo de hortaliças produzido basicamente pela agricultura familiar. Os produtores vem agregando valor aos seus produtos através do beneficiamento, industrialização e comércio como é o caso do mel, couve, alface, cana de açúcar, milho, uva, feijão, soja, leite e é claro o café. As escolas Cônego José Maria e Cônego Victor homenagearam os agricultores que contribuem com o crescimento do país.

Com eles, veio a Banda “Djalma Tiso” da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, do maestro Rafael Paiva Ferreira e Wander Scalioni. A escola tem utilizado a terminologia “família Tancredo”, forma carinhosa de descrever o ambiente de trabalho, acolhedor, participativo e amigável para superar os desafios que enfrenta diariamente. A Banda Djalma Tiso tem se apresentado a convite em vários municípios e é um projeto que apesar das dificuldades, toda a escola tem o orgulho e alegria em mantê-lo. Talvez seja pela ousadia que eles tem conquistado tanta gente. De frente a Matriz, eles tocaram até um pagode do Raça Negra.

O turismo religioso foi levado pela Escola Peixinho Vermelho e Colégio Novo Milênio (Cootec), os personagens mais ilustres desta terra abençoada. Crianças lembraram o Beato Padre Victor, a Serva de Deus Nossa Mãe, dotados de virtudes admiráveis, exemplos da religiosidade do povo trespontano.

A esquerda, a garotinha representa a Serva de Deus Nossa Mãe e a direita, o menino simboliza o Beato Padre Victor. Ambos chamaram a atenção

Saindo do campo religioso, foi lembrada a autêntica fazenda histórica de café, Pedra Negra, fundada no Século XIX. Hoje tem nela instalado o Museu Cultural, que documenta o papel econômico e social da produção de café. Foram registrados também a Casa da Cultura Alfredo Benassi, instalada em um Casarão antigo na Rua Barão da Boa Esperança e o Centro Cultural Milton Nascimento, grandes heranças patrimoniais e culturais.

A Fanfarra “Milton Nascimento”, da Escola Estadual Deputado Teodósio Bandeira, na regência de Fernando Marchetti, trouxe a sua tradição no desfile cívico. E para sempre homenagear seu Patrono, a canção Maria Maria, de Milton Nascimento lançada no álbum Clube da Esquina 2 em 1978, mostrou que é sempre atual. O estabelecimento educacional de ensino, aproveitou para lembrar que entre os meses de agosto e novembro deste ano, oferecerá a alunos interessados que fizeram inscrição para o Enem, um curso de aprofundamento. A partir de 2019, o “Estadual”, será uma escola totalmente de ensino médio, preparando o aluno para o trabalho e a cidadania.

Embalados a Bituca, a Escola Estadual Monsenhor João Batista da Silveira, homenageou a música de Três Pontas, que tem além de Milton Nascimento e Wagner Tiso, como seus maiores e eternos representantes, o destaque foi para aqueles profissionais e amantes da música que atuam em Três Pontas e lecionam, como os professores do Conservatório Municipal Heitor Villa Lobos e da Escola de Música Pró Artes, que tocam em bailes, bares, casamentos, saraus, palcos dos mais diversos, que criam novas canções, que promovem festivais e tantos outros projetos. Com dedicação e talento, mantém a chama da boa música acesa na cidade.

Muita esperada a fanfarra da Escola Coração de Jesus/Objetivo sob a regência do maestro Rafael Paiva Ferreira e André Duarte, por sempre surpreenderem. Desta vez, “Do Seu Lado da banda mineira Jota Quest” mostrou a versatilidade dos estudantes que colocaram instrumentos a mais dos habituais na banda, como o teclado, baixo e a guitarra. A parada deles todos os anos de frente às autoridades, faz o público ir a loucura.

Por fim o esporte. Trilhando no ritmo da Copa do Mundo e as vítórias da Seleção Brasileira no Mundial, as escolas municipais João de Abreu Salgado, Professora Nilda Rabello Reis (Caic) e o Colégio Travessia trouxeram o olhar sobre as práticas esportivas desenvolvidas em Três Pontas. Muitos talentos em várias modalidades continuam escondidos e anônimos. O mais importante é que em todas elas, ginástica artística, futebol, artes marciais, natação, vôlei, tênis e ciclismo, tem sempre um destaque.

Especificamente em Copa, a história da Seleção Canarinho foi recontada em alas, lembrando todas as disputadas e os títulos de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, que fizeram de nós, o único país pentacampeão. Vestidos de verde e amarelo, os estudantes demonstraram disposição de baixo de um sol forte, para celebrar a festa trespontana, diante da alegria que a Seleção de Tite está dando aos brasileiros. O Colégio Travessia trouxe banda, tocou o Hino Nacional em ritmo de samba e ousou com um mini trio elétrico de onde uma turma de professores, Wander Scalioni, Lidyanne Brito e Helbert Gama, promoveram um “Carnaval da Copa” e usaram além do saxofone até um violino.

Para terminar o desfile cívico, os convidados dos Clubes de Desbravadores Guardiões da Serra e Tigres do Vale, de Santana da Vargem fizeram suas homenagens, quando o relógio da Matriz Nossa Senhora D’Ajuda já quase se aproximava de meio dia.

De mãos dadas e vestidos de preto, professores protestam

Os professores da rede estadual de ensino de Três Pontas, aproveitaram o desfile cívico deste aniversário de 161 anos, para protestar contra o Governo de Minas Gerais e pedir o apoio da população.

Desde a primeira fanfarra a desfilar, da Escola Tancredo Neves, vestidos de preto, de mãos dadas e usando uma faixa “luto pela educação”, os profissionais demonstraram que a educação não é mais prioridade, está sendo olhada com descaso e deixada em segundo plano.

Os servidores do Estado, usaram  silenciosamente o momento cívico de forma pacifica,  para mostrar à comunidade a indignação com o tratamento que eles vem sofrendo ao longo dos anos: estagnação na carreira, baixos salários, parcelamentos e atrasos em seus vencimentos e uma total indiferença dos políticos com a categoria.

De acordo com o professor Mário Fernandes de Carvalho, que é vice diretor da Escola Tancredo Neves, no mês de junho a situação chegou ao limite da tolerância, além de um atraso significativo no salário, a parcela foi dividida em parcelas e nem assim os aposentados receberam. O salário do mês de maio somente foi pago na sua totalidade do mês de junho. “Os servidores da educação do Estado, não conseguem mais pagar pela irresponsabilidade dos governantes”. Este é o trecho de um texto que os professores pediram que a organização fizesse a leitura durante a passagem deles pelo Coreto, mas isto não aconteceu.