Os trespontanos estão se despedindo esta semana, de sacerdotes que foram importantes nas histórias de duas paróquias de Três Pontas. Padre Ednaldo Barbosa da Paróquia Nossa Senhora, pároco durante oito anos e padre Rogério Augusto da Silva, que completou 10 anos de trabalho na Paróquia Cristo Redentor, no bairro Catumbi. Eles atenderam o chamado do bispo da Diocese da Campanha Dom Pedro Cunha e já estão em novas paróquias – Sagrado Coração de Jesus, em Três Corações e São João Nepomuceno, em Nepomuceno, respectivamente. Quem também se despediu dos paroquianos foi padre José Rodrigo Pereira. O vigário paroquial trabalhou durante oito meses na Paróquia d’Ajuda e agora assume como administrador paroquial a Cristo Redentor.

Padre Rogério diz que missão foi cumprida

Padre Rogério se tornou o primeiro pároco da Paróquia Cristo Redentor, em janeiro de 2009. O sucessor de padre Décio, cumpriu sua missão de forma exemplar. Conquistou o coração das crianças, levou para dentro da igreja os jovens e reuniu famílias em torno de Deus. Durante seus 10 anos de pastoreio, ele reformou e melhorou a Igreja de Nossa Senhora das Graças no bairro Catumbi, construiu o Centro Catequético na Comunidade São Cristóvão, no bairro Aristides Vieira e em dois terrenos, um deles sendo pago, no bairro Santa Tereza II está sendo planejado uma nova comunidade paroquial.

A sua grande conquista mesmo foi há oito anos, com a fundação do projeto pastoral Arte Cotidiana. O trabalho socioeducativo atende mais de 250 adolescentes e jovens, que residem em uma região socialmente carente. Eles são atendidos com aulas de aulas de violão, batuque, canto, dança, jiu-jitsu, futebol e vôlei, recebem atendimentos de fisioterapeuta e psicóloga. Ao longo destes anos, se apresentaram na cidade em diversos eventos.

O padre atleta também promoveu a saúde. Praticante do futebol e do ciclismo, padre Rogério criou a Trilha das Virtudes, que percorre ruas e estradas da zona rural, sempre as vésperas da Festa do Beato Padre Victor. Ele revela que muitas pessoas dizem a ele que mudaram seus hábitos ao praticar esportes, graças ao seu incentivo. “Este evento plantou o bem na vida das pessoas e isto vou levar comigo”.

Tem também a Trolada. O evento que surgiu de uma brincadeira feita por ele ao padre Ednaldo Barbosa, em 2017, se transformou em coisa séria. Gente de tudo quanto é idade montou seu trolinho para acompanhar o padre. Ganhou apoio do poder público e se tornou também atividade da Festa de Padre Victor.

A despedida dele foi em uma missa no Caic no último domingo (20). Depois dela, ao receber o carinho de seus paroquianos, uma pessoa o perguntou o que ela faria quando sentisse saudades. Rogério pediu que ela rezasse, assim, os dois estariam sempre juntos um do outro. “A despedida para mim também não foi fácil. Criei muitos laços fortes de amizade com este povo de Três Pontas que é muito acolhedor.

Missão cumprida na Terra de Padre Victor, o trespontano que carrega o Título concedido pela Câmara Municipal em 2012, segue seu pastoreio na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Três Corações, a partir do próximo domingo (27). Ele está de volta 24 anos depois, onde iniciou sua caminhada vocacional e começou seus estudos para ser padre. É lá que funcionava o antigo Seminário. “Vou ter muita alegria ao receber a visita dos trespontanos lá, para tomar um café comigo, rezar um pouco. A minha casa está aberta à todos vocês”, lembrou padre Rogério.

Padre Ednaldo agradece e pede apoio a nova equipe

O novo vigário padre Ivan, padre Ednaldo que foi para Nepomuceno e padre José Rodrigo que assume a Paróquia Cristo Redentor

Padre Ednaldo concelebrou missa de Ação de Graças nesta segunda-feira (21), na Matriz Nossa Senhora D’Ajuda pelos seus oito anos de trabalho a frente da Igreja do Beato Padre Victor. Era sua última celebração como pároco. Por isto, a missa foi concelebrada pelos padres José Rodrigo, Mateus Arantes, Roberto Carvalho e Ivan de Souza Carvalho. Este último, assume na próxima quinta-feira (24), como vigário paroquial, os trabalhos na paróquia trespontana junto com o Cônego José Douglas Baroni. Além deles, seminaristas, líderes de pastorais, movimentos e das comunidades urbanas e rurais foram se despedir.

Sendo cumprimentado pelos trespontanos, Pe. Ednaldo participou da procissão de entrada. Subiu pela última vez como pároco e iniciou a missa que marcou o encerramento de seu ciclo por aqui. Sem que muitos soubessem, o sacerdote apresentou a imagem de madeira da padroeira Nossa Senhora D’Ajuda toda restaurada. Um novo Menino Jesus foi esculpido do tamanho proporcional. O trabalho que começou a um ano, foi feito em São João Del Rey e todo custeado pela empresa AgroCP, que no fim da missa recebeu a história da imagem, bastante diferente daquela que estava no altar.

Imagem da Padroeira de Três Pontas, Nossa Senhora D’Ajuda foi restaurada e custos foram pagos pela AgroCP

Devolver a imagem original restaurada da padroeira da cidade, foi seu último ato na missão pastoral, confiada a ele, pelo bispo diocesano da época Dom Diamantino Prata de Carvalho em fevereiro de 2011. Na época, vindo de Cruzília, depois de 11 anos, Ednaldo contou que não queria vir para Três Pontas e que tinha chorado muito quando soube seu destino. Sua família ficou feliz, porque o padre da família estaria mais perto de casa. Ledo engano. Suas idas se tornaram ainda mais raras.

Ao chegar na sua segunda paróquia, mostrou sua personalidade forte, seu perfil de exímio de administrador, mas com a sabedoria para pregar a palavra de Deus. Ele veio junto com o padre Elias Tadeu Souza. Depois passaram pela paróquia que ele vários vigários: padres Mateus, Guilherme, Noel, Juninho, Frei Ivair, André, Tonhão, Bento e por último José Rodrigo que permaneceu durante oito meses apenas e está assumindo a Paróquia Cristo Redentor no lugar de padre Rogério. Segundo Ednaldo, todos estes foram importantes na caminhada e são co-responsáveis na missão que estava encerrando. Teve boa convivência com os padres Rogério, Vânis, André, Roberto, Dom Diamantino que se aposentou e decidiu morar em Três Pontas, com a Associação Padre Victor, as irmãs do Carmelo São José, os seminaristas que passaram pela Paróquia D’Ajuda ao longo destes anos e cada membro das pastorais e movimentos.

Lideranças e autoridades de outros segmentos também foram lembradas em seu último discurso como pároco. Os prefeitos Luciana Mendonça, Paulo Luis e Marcelo Chaves, cada uma da sua forma e possibilidade contribuíram com as ações desenvolvidas a favor da comunidade, incluindo as festas de aniversário de morte do Beato Padre Victor e a de Beatificação. Na época, o prefeito era Paulo Luis Rabello (PPS). O sacerdote afirma que o gestor fazia sempre um trabalho silencioso, foi sempre franco e por isto, ambos se tornaram amigos e padre Ednaldo admirador da sua forma de administrar o município. Aos comandantes da Polícia Militar Capitão Ricardo Carvalho e Bruno Neves, ao Ministério Público, ao Hospital São Francisco de Assis, comerciantes e tantos leigos que se tornaram anjos, ao socorrerem a paróquia em momentos que ela precisou.

Alguns eventos, marcaram a vida pessoal de padre Ednaldo, a maior delas foi a beatificação. Ele sonhou alto, não conseguir desenvolver tudo que deseja, mas de um ele tem orgulho em dizer. A formação do campanário completo. Dois anos antes de vencer seu tempo, desistiu. Quando soube que ficaria, disse que aquela era a hora. Conseguiu e uma das suas maiores satisfações é ouvir ao meio dia e as 18:00 horas, os sinos tocarem.

As capelas rurais foram suas paixões, principalmente dos Distritos do Pontalete e Quilombo Nossa Senhora do Rosário. Ele sempre fazia questão de celebrar lá, realizar atividades religiosas que antes não aconteciam na zona rural. Gostou tanto do Pontalete, que anunciou: “quando eu morrer é no Cemitério do Pontalete que quero se sepultado”. Nas suas últimas idas às comunidades rurais, ele não quis falar nada, fez de conta que voltaria, mas isto não irá acontecer mais.

Falando sua gestão administrativa, padre Ednaldo revelou que gastou muito tempo indo ao Fórum, aos Cartórios regularizando documentos e fazendo valer o direito da Paróquia D’Ajuda, que é do povo.  “Fiz com que a igreja não fosse refém de ninguém e não foi. Briguei muito e peço que vocês não cruzem os braços e deixem tudo por conta do pároco. Ajudem a defender aquilo que é de vocês, que é do povo de Deus”, pediu durante a sua despedida.

No fim de mais uma missão, ao lembrar que chegou a pedir duas vezes para Dom Diamantino o transferir para outra paróquia, o padre agradeceu por ter sido um sucessor de Padre Victor e disse que está feliz, com o carinho, o apoio, a dedicação de sempre. “Sem vocês eu não faria nada. Até mais”. Todas as pastorais e movimentos falaram no final da celebração, da tristeza da partida, de seus novos desafios e expressaram o desejo que Deus, com a intercessão de Padre Victor continue iluminando o Cidadão Trespontano, que recebeu o título da Câmara, em Nepomuceno, na Paróquia de São João Nepomuceno, onde já estava atuando paralelamente. Padre Ednaldo recebeu presentes e abraços de uma comunidade que o aprendeu a admirar.