Rafael, Luis Marcelo e André Ramos receberam determinações do PCC para tocar o terror em Três Pontas. Ordem inicialmente era executar o diretor. Nesta terça-feira grupo criminoso já arquitetava incendiar um ônibus do transporte coletivo 

A Polícia Militar prendeu na tarde desta terça-feira (05), os acusados de participar do ataque ao veículo particular do diretor de segurança do Presídio de Três Pontas na noite de segunda-feira (04). As ordens partiram de dentro de um Presídio, de membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), que já haviam planejado também um ataque a um ônibus coletivo.

Assim que o crime foi registrado no bairro Padre Vitor, na casa do diretor prisional, de forma ininterrupta, os militares e o Setor de Inteligência da PM fizeram diversas diligências pela cidade.

De acordo com o comandante da 151ª Companhia Capitão Bruno Neves Tavares, a polícia foi informada de que alguns indivíduos envolvidos no tráfico de drogas no bairro Padre Vitor estariam insatisfeitos com Rafael Fabiano da Silva “Pretinho” de 25 anos, por ele ter ateado fogo no veículo, provocando assim, a atenção da polícia para um policiamento mais específico no local. Consequentemente atrapalharia a venda de drogas.

Com base nestas informações que foram bastante precisas, a Companhia reforçou o policiamento com o emprego de diversas viaturas, na tentativa de identificar e abordar os suspeitos. As equipes se espalharam pelo bairro Padre Vitor, onde mora “Pretinho” e a movimentação era intensa e houve muito corre corre. Quando chegaram residência dele, o suspeito não estava.

Rafael Pretinho tentou fugir, mas acabou preso na Rua São Paulo
Menor que estava com Pretinho correu para o mato, mas não conseguiu fugir

Os militares viram um suspeito que havia sido abordado no dia anterior, com Pretinho. No imóvel, Pretinho juntos para saber. Chamou na residência, foi um dos mandantes, Pretinho tentou fugir pela janela dos fundos, pulou o muro de várias residências, saiu na Rua Rio Grande do Norte e deu de cara com a equipe que estava em motocicletas. Mesmo assim, tentou fugir, jogou um aparelho celular para um menor em um terreno baldio. Este também tentou dispensar o celular, todos viram que não haveria como fugir e foram interrompidos na fuga. Pretinho foi preso na Rua São Paulo.

Em conversa com os policiais, ele inicialmente negou a autoria do crime, mas depois de um tempo, começou a cair em contradição. Por fim, apontou dois menores como suspeitos, inclusive irmãos, mas continuava insistindo em dizer que não tinha culpa de nada. Ele apontou a residência destes adolescentes que moram na Rua Rio Grande do Norte, que foram encontrados e apreendidos.

Com o passar do tempo, Rafael Pretinho abriu o jogo. Disse que estava com medo por ter sido pressionado pelo PCC para executar o atentado contra o carro do diretor do presídio. Presos que estão cumprindo pena em diversos presidios do Estado de Minas Gerais, estariam determinando as ações. Um deles bate com informações que a PM possuía quando efetuou uma abordagem realizada em que indivíduos confirmaram a mesma versão. Áudios trocados via aplicativo de mensagens indicava o comando do tocar terror. A ordem inicialmente repassada pela organização era de que eles teriam que matar o diretor.

O comandante da PM Capitão Bruno Neves explica que estes criminosos mantém contato via mensagem e ou whatsapp, com indivíduos simpatizantes, ou integrantes do PCC para que estes pressionem outros que queiram integrar a organização criminosa, ou aqueles tem que dívida de tráfico de drogas e são pressionados, a maioria das vezes são menores.

Neste caso, a ordem que partiu do PCC, era que Rafael Pretinho, Luis Marcelo Rosa Pereira de 29 anos e André Ramos “Dereca” de 35 anos, aliciassem os menores. Foi assim que eles fizeram, combinaram o plano com pelo menos três adolescentes de 15, 16 e 17 anos. Caso não cumprissem as ordens, eles seriam mortos pela organização. Em contrapartida eles seriam equipados com armas de fogo e por uma motocicleta, furtada no último sábado do pátio da Rodoviária, mas que foi recuperada horas antes do atentado.

Capitão Bruno, ainda conta que nas organizações criminosas, os menores são sempre colocados na situação de execução. Os adultos planejam e dão condições para que o esquema funcione e o menor é quem atua. É assim também no tráfico de drogas. “O menor tem um papel importante, porque caso algo dê errado, o menor é quem responde e acaba se beneficiando da lei”, revela.

Resposta rápida ao crime que provoca  terror na população

A polícia defende que este tipo de crime, necessita de uma resposta rápida das autoridades, pois foge do padrão de ocorrências corriqueiras e alastra o terror na população, inclusive quando praticada contra instituições públicas e profissionais do sistema de defesa social, Poder Judiciário ou Ministério Público. “É uma situação complexa de transformar a segurança e caos total.

A operação contou com a participação de 25 policiais militares e chamou a atenção dos moradores dos bairros Padre Vitor, Santa Inês, Santa Margarida. Os presos e apreendidos foram encaminhados à Delegacia de Polícia Civil de Varginha.

O crime

O diretor de segurança do Presídio estava em casa, na noite desta segunda-feira (04), quando ouviu o barulho de um líquido caindo no chão e, em seguida, o som de pessoas correndo de frente a sua residência onde estava estacionado seu veículo. Ao olhar pela janela da sala, já viu seu automóvel, um Vectra em chamas. O fogo foi apagado por ele com apoio de vizinhos, utilizando mangueiras com água.  O caminhão pipa do SAAE foi acionado e fez o trabalho de rescaldo. As chamas danificaram apenas a parte da frente do carro.

Novo atentado já estava marcado

A Polícia Militar já tinha informações que o mesmo grupo que incendiou o veículo do diretor de segurança do Presídio, na porta da casa dele, já se organizava para um novo ataque. Desta vez, o alvo seria um ônibus do transporte público que seria incendiado, as 21:00 horas desta terça-feira, nas proximidades da Rua São Paulo.

A PM continua com efetivo reforçado com atenção total nestas ações graves que vem sendo registrados em Minas Gerais desde o fim de semana. (Fotos: Equipe Positiva)