Fotos: Equipe Positiva

 

*Apresentação dos grupos de congadas e moçambiques e dos Deuses do Terreiro, foram os momentos que mais movimentaram o público que foi ao Caic 

Trespontanos receberam neste domingo (05), o 1º Encontro Regional de Afromineiridade na Escola Caic. Como se já tivesse experiência e excelência em preparar todos os detalhes o Grupo Afro Irmãos do Quilombo, se atentou a tudo para receber bem quem veio de fora e foram grandes anfitriões. O evento trouxe artistas de vários segmentos afro da região, congadas, membros de terreiros, grupos de capoeira e estilos musicais que “estão no sangue” das pessoas do universo afro, como o samba e o hip hop.

Integrantes dos movimentos vieram de Alfenas, Campo Belo, Ilicínea, Campo do Meio, Lavras, Guapé, Poços de Caldas e até do Rio de Janeiro. Os convidados foram recebidos com um belo café da manhã preparado na cozinha do Caic, que tem por vocação não decepcionar o paladar de ninguém.

Depois da abertura, com o grupo da Tenda de Umbanda Maria Baiana de Aguiné, todos se reuniram em uma roda de conversa. Segundo o mestre mucambo José Vitor Silva (foto direita),  que esteve a frente do encontro, a roda falou sobre a desconstrução do preconceito, das diferenças, sobre a soma que a cultura traz na escola e pode ser colocada como matéria aos estudantes. Foi possível também falar do trabalho feito pela Secretaria de Cultura, Lazer e Turismo.

O apoio da Prefeitura para que os recursos da Lei Aldir Blanc saíssem lá do Governo do Estado e chegasse a quem promove a cultura nos municípios e mantém as tradições, é mérito reconhecido publicamente e destacado do secretário da área Alex Tiso Chaves. Aliás, não fosse este incentivo financeiro, o Encontro Afromineiro jamais sairia do sonho e da vontade do mestre José Vitor. Ele revela que nunca conseguiu nenhum patrocínio porque falta apoio. Porém, a repercussão que foi o evento, Três Pontas pode se tornar referência não apenas na cultura e nas tradições, mas colocar o encontro em seu calendário de eventos. Os elogios ao encontro que conseguiu unir toda a diversidade e transformar em algo único, peculiar de Minas Gerais, foi reconhecido pelo presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), Felipe Pires. “Aqui temos o reconhecimento das expressões, o que a gente chama de afromineiridade atualmente está sendo valorizado, ganhando o reconhecimento da mídia com oportunidade de aparecer, se promover e se manter como um elemento principal que dr formam Minas Gerais”, disse ele em entrevista à Equipe Positiva. Aos participantes, prometeu muito trabalho em 2022, elogiou a transformação de um espaço escolar em um lugar democrático para abrigar o evento, mas sugeriu porque não o Estado criar espaços específicos.

José Vitor permaneceu o tempo todo com uma coroa na cabeça, o que para ele é uma honra, mas que pesa a responsabilidade. Por isso, pediu que as pessoas rezem por ele. “O Rei maior, foi coroado com coroa de espinhos”, se referindo a Jesus Cristo.

Os grupos tradicionais da região se apresentaram logo após o almoço. Abrindo com o anfitrião Irmãos do Quilombo, depois o Moçambique São Benedito, o grupo de Guapé, a Congada de Ilicínea e de Campo do Meio. Eles reverenciaram Jésus e Cida, pai e mãe da Tenda de Umbanda de Guiné, que ficou com o mestre José Vitor.

O encontro seguiu sem intervalo, mesmo durante o cafezinho da tarde, houve roda de capoeira e a apresentação dos Deuses do Terreiro chamou a atenção. O traje, a forma de apresentar e alguns de dançarem, fez o público que conhece da espiritualidade cantar e aplaudir bastante, principalmente pedindo proteção a divina.

No fim, houveram homenagens a quem promoveu, incentivou e apoiou o primeiro de muitos destes eventos, que celebra a cultura afro e de um povo que sofreu muito na escravidão, mas que até hoje enfrenta mazelas de uma parcela da população preconceituosa e racista. E gente para mostrar que cor de pele não faz o caráter de ninguém, não falta nos Irmãos do Quilombo, que carrega junto ao seu nome, a figura de um Beato, que enfrentou os preconceitos da época, desde o tempo de seminário, até quando se ordenou sacerdote e veio pastorear em Três Pontas, onde permaneceu por 53 anos e foi religioso a frente do seu tempo – Padre Victor.

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