O trespontano Luciano Paulo é um do sobreviventes da tragédia do Rio de sexta-feira. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Sexta-feira, dia 12 de abril, 9:00 horas da manhã. O telefone celular da doméstica Dona Teresa Cândida Pinto. Do outro lado da linha, o filho dela, Luciano Paulo dos Santos de 38 anos com uma notícia de uma tragédia que aconteceu no Morro da Muzema, no bairro do Itanhangá, na zona oeste do Rio de Janeiro.  Luciano disse “mãe não se assuste, mas o que houve aqui comigo foi muito grave. Eu cai com meu prédio, mas eu estou bem, estou vivo”. Na hora, Dona Teresa estava no trabalho, ficou desorientada demais e foi embora para casa.

O rapaz quis ligar para a mãe antes que ela visse a notícia pela televisão. Com mais calma, o chefe de cozinha contou à mãe, que estava no banho quando ouviu muita gritaria. Ele apenas se enrolou na toalha e saiu na janela, quando viu o prédio ao lado caindo. Ele deu alguns passos dentro do seu apartamento no último andar, o sexto, chegou em um corredor e o imóvel também veio abaixo.

Luciano dos Santos ficou soterrado cerca três horas no meio dos escombros. Ficou consciente o tempo todo, conseguiu fazer alguns sinais com as mãos, foi visto e socorrido pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, com escoriações leves em todo o corpo. Cinco horas depois recebeu alta. Foi um dos primeiros a contar o que havia ocorrido e está sendo muito requisitado para entrevistas, nas emissoras de TV, jornais e rádios do Brasil inteiro que acompanham as buscas por vítimas do desabamento. Ele morava sozinho e estava no Rio de Janeiro a nove anos.

De acordo com a mãe, há nove meses havia comprado este apartamento onde morava sozinho. Não tem a escritura do imóvel e não sabe como vai ficar sua situação. Paulo, que está hospedado na casa de uma amiga no mesmo bairro, disse que desde o ocorrido não conseguiu dormir direito. O chefe de cozinha contou ainda que sente dores no corpo todo e que “não está ligando” para aquilo que perdeu. “Os bens materiais a gente consegue de novo, a gente trabalha, luta, vai daqui, vai dali. Amigos a gente tem muitos. Mas os bens materiais passaram”, disse ele em uma de suas entrevistas.

Dona Teresa afirma que filho está vivo por milagre. Foto Equipe Positiva

“O mais importante é que meu filho saiu vivo. Foi um milagre de Deus”. Católica e temente a Deus, Dona Teresa (foto) revela que na última vez que foi visitar o filho no Rio, levou de presente à ele, a imagem de Nossa Senhora Aparecida que trouxe de Aparecida (SP). No meio do entulho, Paulo foi resgatado ao lado da coluna onde estava a Santa.

O chefe de cozinha deve visitar a mãe, na próxima semana em Três Pontas. Ela mora no bairro Santa Edwirges.