Para chegar a se ordenar padre, Felipe Alves de Assis (32), ouviu duas vezes a palavra, mas com o apoio que recebeu do padre Roberto Donizeti Carvalho. Coube ao seu padrinho religioso na manhã desta quinta-feira (29), levar uma equipe que foi preparar a Cripta da Matriz Nossa Senhora D’Ajuda para o seu sepultamento. Foi com o ex-pároco trespontano, que Felipe, ainda menino, iniciou sua caminhada vocacional rumo ao sacerdócio.

Foto: arquivo pessoal

A trajetória de Felipe está viva na memória de padre Roberto, que falou com exclusividade à Equipe Positiva. Assim que assumiu a Paróquia D’Ajuda em 2001, como administrador paroquial, encontrou um grupo de coroinhas na época coordenado pela Irmã Norma, da Congregação que cuidava da Vila Vicentina, entre os adolescentes e jovens Felipe era um daqueles que se destacavam.

Quando a reforma da Igreja Matriz foi concluída, teve a iniciativa de criar o Ministério dos Acólitos, e Felipe estava neste grupo e exerceu a função por vários anos. Foi neste período que foi despertando nele e outros jovens a vontade de ir para o seminário. Diante do desejo de Felipe, padre Roberto o encaminhou ao Seminário Diocesano Nossa Senhora das Dores, em Campanha.

A equipe de formadores que avalia a caminhada dos pretendentes ao vocação religiosa, acharam que Felipe não tinha o perfil da Diocese. Sugeriram então que ele procurasse outra Diocese ou Congregação Religiosa. O jovem então retornou para Três Pontas bastante chateado. A mãe dele, Sueli Assis, procurou por Padre Roberto dizendo que o filho estava sentindo mal por isto. Foi neste momento que o pároco deu mais uma demonstração de carinho com o jovem. “Falei para ele que não estava tudo perdido como estava imaginando”, detalhou. O padre tinha amigos na Ordem dos Agostinianos e o reitor do Seminário em Bragança Paulista, que era natural de Campos Gerais era seu amigo e foi padre Roberto quem teria preparado sua ordenação sacerdotal. Depois de um contato telefônico, no dia seguinte, eles pegaram estrada e Felipe já se apresentou. Em São Paulo, ele estudou e chegou inclusive a terminar o curso de Teologia

Quando ele iria fazer os votos perpétuos, surgiu um problema na ordem que ele servia, não por conta dele, mas acharam que ele não tinha perfil para ser um Agostiniano. Disseram que ele deveria procurar outra Diocese ou Congregação.

Foi encontrando estas barreiras que surgiu a inspiração dele procurar a Diocese de Paranaguá, no Paraná, onde foi muito bem acolhido bem bispo para fazer uma experiência. O bispo que o acolheu foi um verdadeiro pai, porém, faleceu pouco tempo depois, vítima de um infarto. Felipe ficou por lá três anos e enfim se ordenou sacerdote, junto com outros colegas de seminário.

Padre Roberto não foi na cerimônia, mas fez questão de prestigiar seu afilhado religioso quando ele celebrou sua primeira missa em Três Pontas.

Uma informação importante é que desde a infância Felipe tinha adenoide e já fez inclusive uma cirurgia para melhorar sua condição respiratória. Ele até usava um aparelho para dormir.

Ele se contaminou na sua paróquia e já veio de lá doente, para passar 15 dias de férias pertinho de sua mãe, que era sua maior paixão, mas já chegou doente.

Quando aportou na sua terra natal, procurou auxílio médico que já estava habituado. Pensou-se inicialmente que o estado febril que estava vivendo seria a Covid-19. Depois que se internou, foi submetido a três testes, que deram todos negativos. Porém, o estado de saúde de padre Felipe só foi se agravando.

Com os olhos cheios de lágrimas, padre Roberto avalia que Felipe cresceu muito como pastor, que estava conseguindo levar de volta a Tunas, fiéis que haviam se distanciado da Igreja. Ele era alegre, estava sempre disposto e de bem com a vida e tinha o sonho de ser padre. Enfrentou todas as barreiras, mas com muita fé e perseverança conseguiu. Exerceu seu ministério durante quase dois anos e cumpriu sua missão de sacerdote.

Padre Roberto mostra o local onde o corpo de Padre Felipe será sepultado na Cripta

Morte repentina

Padre Felipe Alves de Assis faleceu durante a madrugada desta quinta-feira (29), na Santa Casa de Misericórdia de Itajubá. Ele estava internado com diagnosticado de histoplasmose pulmonar, que é uma micose causada por fungo encontrado nas fezes de aves e morcegos. Ele é capaz de causar inflamações diversas que surgem em pontos como o pulmão e podem ir se espalhando por outros órgãos.

De madrugada ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu. O corpo dele está sendo velado na Matriz Nossa Senhora D’Ajuda e o sepultamento será na própria igreja, depois da missa e rito de encomendação, as 9:00 horas.

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