Foto: Divulgação Grupo Amigas Guerreiras

 

Receber o diagnóstico de um câncer não é fácil. Grupos de apoio são fundamentais para a paciente se sentir acolhida, perceber que não está sozinha. Mas é importante lembrar que cada doença é única e que nenhuma história é igual à outra. Em Três Pontas, o grupo Amigas Guerreiras, que surgiu em 2012 com a missão de pregar a prevenção e de trocar experiências entre elas sobre o tratamento. O apoio destas guerreiras da vida real, é fundamental não apenas para a mulher que está acometida com a doença, mas também para a família. A paciente sente que está condenada a morte e seus familiares ficam sem saber o que fazer. A Equipe Positiva se encontrou com parte do grupo na casa de Marilda Tiso. Ao redor da mesa, vestidas de rosa, as integrantes falaram das ações realizadas, ao longo destes anos, principalmente no mês do Outubro Rosa.

Elas são diferentes no perfil, mas se identificam pela doença que enfrentam e estão enfrentando e se ajudam mutuamente. Algumas estão fora de Três Pontas e faziam antes da pandemia da Covid-19 uma reunião mensal para tratar de eventos que elas mesmo organizavam e eram convidadas, além do Outubro Rosa. Os convites vem sempre da Secretaria de Saúde, do Centro Integrado de Assistência a Mulher e a Adolescente (Ciama), de empresas, estabelecimentos comerciais, clubes de serviços e instituições, que organizam encontros, palestras e até desfile para focar o assunto. A amizade criada entre elas as fizeram amigas, proporciona momentos de troca de conhecimento e até de de lazer que elas não abrem mão, seja no período de tratamento ou depois. Elas se encontram para tomar um bom vinho e não é só para falar da doença, mas também expor o lado bom da vida.

As Amigas Guerreiras realizam com frequência campanha para arrecadar cabelos para produzirem perucas, leites e donativos para o Vida Viva, que em Varginha faz um diferencial para as pacientes e seus familiares que precisam de atendimento no Hospital Bom Pastor, que é referência no atendimento ao câncer na região. “Lá somos acolhidas com amor e precisamos despertar nos trespontanos a consciência de ajudá-los, pois faz toda a diferença”, relatam as guerreiras. Durante o tratamento, é preciso ter uma alimentação balanceada, cheia de frutas e por isso uma das campanhas realizada é esta, pois nem todo mundo tem condições financeiras de arcar.

Na pandemia, sem poder fazer eventos, elas não deixaram de divulgar o trabalho social que fazem, realizaram visitas com poucas pessoas para não haver aglomeração e ano passado, produziram um vídeo para conscientizar às mulheres a não fugirem do médico e não deixar de fazer o auto exame. O grupo fez recentemente uma sessão de fotos para mostrar às mulheres a força, vitória e união, uma forma de incentivar quem está descobrindo a doença agora. Sempre pensando a frente, os planos são para o Natal e as ações para os próximos meses.

Descobrir o câncer é algo terrível, mas não é o fim do mundo. É preciso não perder tempo e buscar o quanto antes o tratamento, que é oferecido na rede pública de saúde e de graça. Quanto mais precoce for a descoberta, maiores as chances de cura. Mulheres de todas as idades devem fazer o autoexame da mama pelo menos uma vez por mês. A partir dos 40 anos, é indicado uma mamografia anual. Em caso de qualquer alteração, um mastologista deve ser consultado. O tratamento não traz só efeitos colaterais físicos, mas também psicológicos. A queda do cabelo e a retirada da mama costumam abalar a autoestima da mulher, pois impacta duas partes do corpo muito relacionadas à feminilidade. Manter o equilíbrio emocional da paciente é fundamental para o tratamento, pois o desenvolvimento de quadros depressivos ou de ansiedade pode fazê-la querer desistir. Primeiro é preciso ter fé, depois ter o apoio da família.

As pessoas precisam entender que a doença, que em algumas casas dizer o nome dela é expressamente proibido, não é transmissível, ninguém passa câncer de uma pessoa para outra. É neste momento que as mulheres mais precisam de apoio e de ajuda, que infelizmente familiares as abandonam, marido deixa de dormir com ela, se separa ou sai de casa por causa da estética. Elas contam que um caso extremo, foram irmãs abandonaram e colocaram uma mulher para fora de casa porque ela contraiu a doença.

Foto: Divulgação Grupo Amigas Guerreiras

O grupo Amigas Guerreiras é formado por elas que já tiveram câncer de útero, ovário e a maioria de mama. Quando elas perdem alguém do convívio que estava com a doença, não escondem a sensação de impotência e passa pela cabeça que elas podem ser a próxima vítima. Característica que elas compartilham: nenhuma delas esconderam e ‘deitaram’ esperando a morte, lutaram e venceram e nunca tiveram complexo de inferioridade.

Dona Mirna Donizetti Antunes teve cinco casos de câncer de mama na família e uma irmã e duas tias perderam esta luta. A irmã Márcia lutou por 11 anos. Mirna é o exemplo que é preciso se cuidar e acreditar. Ela completa 19 anos que fez a cirurgia e está curada e leva uma vida normal.

Marilda Tiso se recuperou a 40 anos, quando a doença ainda não era tão conhecida. Descobriu o câncer no terceiro mês após o nascimento dos seus filhos gêmeos.

Já a Jussara Pereira Henrique chegou no grupo por causa do marido. Quando ele soube que a mulher estava com câncer de mama, foi ele quem procurou ajuda, sem saber o que fazer, como se portar e cuidar da mãe de seus filhos. A história da Jussara, comprova que o Mulheres Guerreiras está pronta para apoiar não apenas a paciente, mas sua família. Ela a incentivou a procurar as integrantes do grupo.

Gilvana Vieira Lima teve dois câncer de mama e ainda está em tratamento. O primeiro, em 2012, ela descobriu debaixo do chuveiro. Enquanto tomava banho fez o toque seio e descobriu que o caroço estava saindo para fora. Apesar de atuar na área de saúde, caiu no choro. Procurou ajuda médica e fez todo o tratamento. Quando fez o exame para ser liberada, em 2017, descobriu que estava com câncer de novo. “A doença diz que está comigo, mas eu não estou com ela”, diz Giovana determinada a não desistir nunca.

Dona Tânia Cláudia Mendonça Zacaroni ficou 10 dias sem comer e beber nada, impedida pelo enjoo que sentia. O resultado foi que perdia a cada 20 dias 10 quilos. Além dos problemas familiares que enfrentou na época, venceu a doença, está curada e diz para aquelas que pegaram o diagnóstico recente ou estão passando pelo que passou, que não desistam, lutem, porque o mais importante que isso tudo é a nossa vida, é a nossa cura!

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