A quarta-feira (03) em Boa Esperança, começou com muita comoção e homenagem à Nelson Freire. Moradores e familiares deixaram flores em frente a casa que foi do pianista, enquanto esperavam pela chegada do corpo que será enterrado na cidade. O pianista, conhecido mundialmente, morreu nesta segunda-feira (1º), após uma queda na residência onde morava no Rio de Janeiro.

O terreno onde ficava a casa em que o pianista morou em Boa Esperança ficou tomado por flores e homenagens deixadas por moradores e familiares de Nelson Freire. “Boa Esperança chora a morte do filho que a enaltece”, diz uma das faixas colocadas no local.

O local fica bem no Centro da cidade, em frente à Igreja Matriz. A casa foi demolida por estar abandonada. Moradores chegaram a pedir a construção de um museu em homenagem a Nelson Freire.

“Nesse terreno estava a casa onde ele nasceu. O local realmente está abandonado e o dono não mora na cidade. Mas a prefeitura tem um projeto para transformar o local em um centro cultural”, explica a diretora de cultura da cidade, Sandra Mara Santos Pimenta.

O primo do pianista, Celso Freire, estava pelo local e relembrou a ultima vez que os dois se encontraram. “Na infância brincamos juntos e morávamos um de frente pro outro. Eu fui em quase todos os shows dele. A última vez que o vi, faz 3 anos, no aniversário dele em Betim, numa fazenda”, lamenta Celso.

A diretora de cultura da cidade também falou sobre o legado do pianista em Boa Esperança. “Apesar de ser uma tragédia, como foi a morte dele, ficamos extremamente tristes com esse acontecimento, mas por outro lado, ficamos muito felizes pela família quer trazê-lo pra cá. Afinal é um representante mundial da música erudita. Aqui temos artistas que se inspiraram nele”, ressalta.

Funeral

O músico foi sepultado no túmulo onde os pais dele também estão enterrados, no Cemitério Municipal da cidade. O corpo do músico foi transladado do Rio de Janeiro para Varginha (MG) e chegou no início da tarde no aeroporto de Varginha. Depois disso, o corpo de Freire seguiu para Boa Esperança, cidade natal dele, em um carro funerário.

O corpo de Nelson Freire saiu por volta de 11h30 do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. O traslado foi feito pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. O avião pousou por volta de 13h em Varginha e em seguida foi levado Boa Esperança por uma das funerárias da cidade.

O corpo foi recepcionado na entrada de Boa Esperança pela Guarda Municipal, Polícia Civil e Polícia Militar. O Corpo de Bombeiros levou, em cortejo, o corpo do pianista em um de seus caminhões até o Clube de Esportes de Boa Esperança, onde Freire foi velado.

Homenagens foram preparadas pela Corporação Musical Lira Esperancense, pela Academia Dorense de Letras e pelos ex-alunos da escola de Música Nelson Freire.

Após o velório, o corpo seguiu novamente em cortejo até o cemitério municipal, onde Nelson Freire foi enterrado, por volta 17h45.

A morte do pianista

O pianista Nelson Freire morreu aos 77 anos em decorrência de uma queda na própria casa, no Joá, na Zona Oeste do Rio. O corpo do músico já havia sido velado nesta terça-feira (2) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O velório foi no palco onde ele se apresentou diversas vezes. A última, há três anos.

O corpo de Nelson seria sepultado no Memorial do Carmo, no Caju, mas parentes decidiram que o enterro será realizado em Boa Esperança.

Carreira

Corpo do pianista Nelson Freire foi sepultado em Boa Esperança. Foto: Festival Internacional de Música/Divulgação

Mineiro de Boa Esperança, nascido em 18 de outubro de 1944, Nelson Freire começou a tocar piano aos 3 anos de idade, vendo a irmã estudar o instrumento. Dois anos depois, ele fez seu primeiro recital, no Teatro Municipal de São João Del Rei.

Naquela noite, os pais se preocuparam que ele dormisse antes da apresentação e fizeram questão de massagear as mãos dele para afastar o frio.

O talento de Nelson o levou à Europa com 12 anos para estudar com os melhores professores. Com 15, ele dava seus primeiros concertos.

Consagrado pela crítica europeia, Nelson se apresentou com as melhores orquestras do mundo e se tornou um dos grandes intérpretes de Beethoven. Ele também era conhecido por ser um grande intérprete de Chopin.

Durante décadas, Nelson se recusou a fazer gravações. Para ele, a música só acontecia ao vivo, diante do público. A partir de 2001, ele começou a lançar grandes discos, como o dedicado à obra de Debussy. Ele também fez interpretações da obra de Villa-Lobos. (Fontes: Estado de Minas e G1 Sul de Minas – fotos TV Boa Esperança)

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