Denis Pereira – A Voz da Notícia

Há poucos dias, o administrador da Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis, Wolney Reis Figueiredo desmentiu em entrevista à Equipe Positiva que não há qualquer possibilidade da entidade fechar as portas, porém, nunca escondeu que a situação financeira é cada vez pior, acompanhando o que vem acontecendo em todo o Brasil.

Neste domingo (17), a Administração do Hospital São Francisco de Assis, realizou uma Assembleia Geral com a Irmandade para apresentar as contas e buscar soluções para a crise financeira da Casa que se arrasta ao longo dos anos. Porém, o déficit mensal, calculado em cerca de R$230 mil mês, vem preocupando e ações emergentes precisam ser tomadas.

Na avaliação, a assembleia foi bastante proveitosa, onde vários assuntos foram discutidos e decisões emergentes foram tomadas para a curto levantar recursos para a Santa Casa. O administrador Wolney Figueiredo comentou iniciativas que foram tomadas pela Irmandade.

Uma Comissão foi criada para realizar uma quermesse, nos moldes da realizada pela Paróquia Nossa Senhora d’Ajuda. Por isto, uma reunião está sendo agendada com padre Ednaldo Barbosa para a próxima semana para pedir ajuda já que a duas últimas realizadas pela igreja conseguiu superar as expectativas.

Outra Comissão vai buscar melhorar os valores arrecadados com a contribuição que é feita nas contas de água, paga pelos contribuintes através do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). Os valores caíram bastante e uma campanha deverá ser feita a fim de conseguir mais colaboradores. Antes, a receita girava em R$16 e 17 mil por mês. Hoje não passa dos R$13 mil. A justificativa seja talvez a crise financeira e uma campanha forte para demonstrar a importância que estes recursos tem no fim do mês para a manutenção do Hospital. A ideia é estipular o mínimo de R$5 por cada conta paga, já que a maioria contribui com R$2 e R$3. Uma outra e nova forma de ajudar, seria através de um carnê de contribuição, onde todos possam doar.

O prefeito Paulo Luis Rabello (PPS), foi convidado a participar e, segundo Wolney, se dispôs a procurar os prefeitos da região que fazem parte da micro região de Três Pontas, para que eles possam repassar também subvenções sociais. Pertencem a micro, Santana da Vargem, Boa Esperança, Coqueiral e Ilicínea. A ajuda destas cidades seria uma importante forte de renda. E o prefeito que foi convidado e se dispôs a procurar os prefeitos da região que fazem parte da micro região, Boa Esperança, participar com uma contribuição social que seria uma importante fonte de renda.

A realidade exposta é que o Hospital está sem dinheiro em caixa. Enquanto isto, encargos sociais, como Fundo de Garantia e INSS estão atrasados desde abril e vários fornecedores estão sem receber, acarretando problemas com a compra de materiais e medicamentos. A direção refinanciou algumas dívidas que não podem ficar três meses sem serem pagas, mas no fim deste mês, vai se completar 90 dias que o Hospital não as quita. Cada prestação é no valor R$52 mil. Uma prioridade ainda está sendo honrada. Os salários dos funcionários estão sendo pagos rigorosamente nos vencimentos.

Fazendo as contas, Wolney revela que há um déficit mensal do Hospital de R$70 mil. Mas há outros compromissos assumidos no passado que precisam serem pagos. Um deles, é por exemplo, é um financiamento feito na Caixa Econômica Federal de R$90 mil que impede de recorrer à instituição.  Há um outro com a Cemig. Fazendo as contas, o déficit é de R$230 mil todo mensal. Este é o valor que o Hospital São Francisco de Assis precisa para sair do vermelho e ter uma vida financeira saudável.

É bom lembrar que o hospital está bem organizado de forma administrativa, muito bem equipado e com um corpo clínico de médicos e profissionais de enfermagem excelentes, prestando serviços de qualidade. “Não deixamos ninguém sem atendimento, mas precisamos de recursos que possam ser gastos nas despesas, como a compra de materiais de consumo. O dinheiro que sempre a população vê sendo divulgado na imprensa, são emendas parlamentares que podem ser gastas para a compra de equipamentos. A classe política será comunicada da importância de se ter dinheiro para pagar as contas que não param de chegar”, diz.

Uma equipe forte de trabalho será montada, para estudar as medidas a serem adotadas a médio e longo prazo para evitar que se tenha que recorrer à comunidade, sendo uma entidade auto suficiente para funcionar.

Voltando a falar da compra de equipamentos, a Prefeitura adiantou a subvenção mensal de R$180 mil para comprar um novo Arco Cirúrgico. O novo aparelho da marca Siemens já foi comprado e entregue. Ele é digital e auxilia nas cirurgias feitas, principalmente nas ortopédicas. O aparelho deve ser instalado ainda no início nesta terça-feira (19).

plPrefeito denuncia taxa de ocupação baixa no Hospital enquanto pacientes esperam em macas no PAM

Convidado a participar da Assembleia da Irmandade, o prefeito de Três Pontas Paulo Luis Rabello (PPS), fez várias sugestões com o intuito de ajudar a resolver o déficit financeiro que a entidade tem, afim de que a Santa Casa seja alto sustentável com os recursos que recebe.  O que lhe traz estranheza, é que a dívida quando ele assumiu a Prefeitura era de mais de R$13 milhões e hoje de R$12,2 milhões, porém, ninguém comenta a redução. Para a captação de recursos, na análise de Paulo Luis é preciso mudar o Estatuto da Irmandade, buscando que pessoas mais novas, com novas ideias integrem o grupo de irmãos, sem desfazer ou menosprezar os que lá estão, pois, muitos fizeram, se entregando de corpo e alma em favor da entidade.

Ainda de acordo com o prefeito, o Hospital precisa de uma gestão profissional. Por isto, é necessário um administrador hospitalar com curso superior. Sem menosprezar o trabalho que Wolney faz, mas é preciso acompanhar o desenvolvimento que o setor tem, para que a Santa Casa sobreviva com seus próprios recursos, já que hoje são apenas déficits. A partir daí, o prefeito Paulo Luis começou a tecer críticas. “Todas as vezes que fui procurado foi para mostrar que a situação está ruim, em nenhuma delas foi para indicar caminhos para gerar receita. Só despesa não adianta, sem receita não se faz nada. Precisamos é que as pactuações sejam cumpridas. Todas as pessoas que passam por Três Pontas tem o direito serem recebidas na Santa Casa. Não pode acontecer como recentemente de um paciente de Nepomuceno vir para a UTI de Três Pontas e, depois o Município ser acionado pela Justiça para removê-lo dentro de 24 horas para Varginha, sendo que a referência de Nepomuceno é Lavras, fomos nós que pagamos a conta e a Santa Casa é que perdeu”, denunciou.

Sobre o atendimento dado as outras cidades que integram a micro região de Três Pontas, o gestor afirma que para que os prefeitos ajudem é preciso de uma contrapartida, que hoje não é dada pelo Hospital.

Pacientes destas cidades não são recebidos pela Santa Casa e ficam no Pronto Atendimento Municipal (PAM). Isto já foi alvo inclusive de discussão do Ministério Público (MP), junto ao Caos Saúde que se reuniu na cidade recentemente. Ele se comprometeu a procurar os gestores, mas desde que a prestação de serviço seja feita, já que a Santa Casa é uma prestadora de serviços do SUS.

Outra informação importante dada pelo prefeito, é que as pessoas vão ao consultório particular e o médico telefona para o médico de plantão na UTI e ‘ajeita’ uma vaga para internação, enquanto há outras pessoas em cima de macas no Pronto Atendimento (PAM), a mais de 24 horas, quando deveriam estar internadas. Ele condena a ação de médicos que seguram vagas na UTI para seus pacientes e ainda mais no SUS. “Precisamos movimentar a Santa Casa, para ter o índice da taxa de ocupação. Nunca há vagas para internação, mas o Hospital sempre está vazio. Queria que as pessoas fizessem uma visita na Santa Casa nos fins de semana [de sexta a domingo] para saber quantos pacientes estão internados. Os servidores estão lá, os gastos são os mesmos. Se alguém achar que é mentira, basta ir conferir”, diz. Quando questionado porque isto está acontecendo, o Chefe do Executivo responde que são por questões administrativas da Santa Casa, e não da Prefeitura, que em momento algum quer fazer gerência no Hospital, que é gerido pela Irmandade. O Município faz a sua obrigação de repassar religiosamente todo dia 20 de cada mês, a subvenção de R$150 mil.

As outras ações são segundo Paulo Luis paliativas. Outra sugestão dele é a realização de shows. Três Pontas tem a LM Produções e outros empresários do ramo que poderiam promover eventos e transferir os lucros para Santa Casa, assim como já fizeram para a Apae e outras associações e entidades que precisaram. “Tenho certeza que se os procurarem eles não irão dizer não, mesmo porque o Hospital é de todos”, acrescentou.

A boa notícia é que muitos dos problemas devem ser minimizados com o início das atividades do SAMU, que está previsto para começar a funcionar a partir de 1º de outubro. A base está sendo construída abaixo da Terminal Rodoviário, ao lado da sede da Guarda Civil Municipal (GCM).

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