*Apesar de estar com leitos de UTI lotados, situação é controlável e pior momento foi a alguns meses, mesmo assim, Hospital reforça medidas de isolamento

A maior preocupação com a pandemia da Covid-19, é o colapso do sistema de saúde, como voltou a ser registrado nos últimos dias em várias regiões do país, inclusive do Estado de Minas Gerais. E para evitar que falte leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tratar da doença, é que o governador Romeu Zema (Novo), impôs a onda roxa, através do Programa Minas Consciente.

Em Três Pontas, na Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis, que se tornou referência para a macrorregião, recebendo pacientes de várias regiões de Minas Gerais, a preocupação é com a falta de medicamentos e insumos, que estão escassos e os preços dispararam.

A alta taxa de ocupação dos leitos, já acontece a bastante tempo, já não traz temores e a equipe está habituada com o grande fluxo de pessoas que acessa a Santa Casa. Os 10 leitos criados para atendimento à Covid-19 estão lotados, com 100% de sua capacidade. Dos 21 leitos de enfermaria para tratar a doença, 11 estão ocupados. Em caso de necessidade, a equipe estabiliza o paciente que chega ao Pronto Atendimento Municipal (PAM), ou na ala 1 que é exclusiva da Covid, até que possa surgir a vaga na UTI. São maneiras que a Santa Casa tem buscado para que todos tenham um atendimento digno. Isto não pode ser uma situação muito crescente, porque pode se tornar insuportável, por isso que é necessário que a população redobre os cuidados e precauções. Para o diretor técnico Dr. Geovanni Barros Pereira, a situação não pode ser considerada confortável, mas está administrável, diferente de outros municípios em que é caótica. Isto é resultado de um trabalho alinhado, desde a chegada do paciente no PAM. O acolhimento precoce, é fundamental para o resultado positivo de um tratamento. A Secretaria Municipal de Saúde tem oferecido isto e a equipe de atuação tem conseguido internar os pacientes numa condição propícia ao tratamento. Os óbitos acontecem quando o paciente chega em uma situação em que não há mais o que fazer. Por isso, a indicação do médico, é que a pessoa ao apresentar os sintomas procure atendimento médico. O serviço é referência e os profissionais que estão atendendo desde o início da pandemia, no ambulatório ao lado do PAM, tem tido a sensibilidade para conhecer se é Covid-19 ou não.

De acordo com o provedor Michel Renan Simão Castro, os níveis de estoques dos insumos vem diminuindo muito a cada dia. Os laboratórios vem advertindo os hospitais que a qualquer momento podem entrar em colapso. Se isto ocorrer, aí sim a situação se torna preocupante. Por isto, Michel Renan, que tem se manifestado contrário ao lockdown, reforça que é preciso se precaver, se isolando.

O desabastecimento de insumos já fez com que a Santa Casa suspendesse por tempo indeterminado as cirurgias eletivas. Estão sendo realizadas apenas as cirurgias de urgência e emergência. Os medicamentos que mais preocupam entrar em falta, são os que integram o kit intubação, como os relaxantes musculares e sedativos. Segundo o diretor clínico Dr. Eduardo Vasconcelos, a preocupação são com os medicamentos usados na anestesia e ventilação médica, que não tem substitutos.

Dr. Eduardo, o provedor Michel Renan e Dr. Geovanni

Dr. Geovanni acrescenta que o cancelamento das cirurgias eletivas foi feito na semana anterior a aplicação da onda roxa, para proteger e preservar os medicamentos usados na UTI. Os pacientes graves de Covid-19 utilizam os mesmos medicamentos que são usados na anestesia. Com a falta destes no Brasil, a dificuldade começa na cotação. As cirurgias eletivas serão restabelecidas assim que estiver garantidos os medicamentos.

Além de escassos, os preços estão cada vez mais exorbitantes. Para exemplificar este aumento considerado abusivo por Michel, ele conta que no início da pandemia, um item que o Hospital pagava R$6 hoje custa R$60. “Eu vejo que tem muitas pessoas que estão ganhando dinheiro com a desgraça de outros e isso para mim é triste, traz muita decepção”, opinou. Cerca de 400 hospitais utilizam uma plataforma de venda de medicamentos, entre elas o de Três Pontas, chamada de Apoio, onde cada um coloca sua demanda e é feito um pregão e as compras vão sendo feitas.

Fornecimento de oxigênio

O Brasil tem menos de 5 empresas que fornecem oxigênio, e uma crise no abastecimento é sentida em várias regiões do país e é preciso que o poder público incentive mais empresas a prestarem este tipo de serviço. A empresa fornecedora à Santa Casa é White Martins. Muitos hospitais hoje tem suas usinas próprias de oxigênio e a partir do próximo ano com a instalação da Hemodiálise, o Hospital terá a sua, produzindo inicialmente 30% do que é consumido. Porém, é preciso fazer uma análise. Tem as unidades hospitalares que tem êxito e outras não. Uma análise que precisa ser feita, é quanto ao funcionamento dela no horário de pico, o que não é viável financeiramente. Entre 17 e 20 horas, no setor industrial e inclui hospitais, o quilowatt-hora por dia nas maiores empresas custa R$ 0,50 no horário fora de ponta. Já no horário de pico é cinco vezes mais caro, custando R$ 2,50. Assim, não é conveniente financeiramente a usina trabalhar nesse horário devido ao custo. Se funcionar no gerador, o custo do óleo diesel também está muito caro, inviabilizando também. A situação agora é continuar consumindo o oxigênio da White Martins. Michel não acredita no desabastecimento do produto neste momento.

Infectologista e capacete de ventilação na Santa Casa

A boa notícia é que a Santa Casa conseguiu fechar negociação para que tenha em seu quadro um médico infectologista. A conversa com o profissional já dura tempo e os trabalhos foram iniciados na última semana, realizando protocolos e acompanhamentos. A nova especialidade no Hospital, vai ampliar ainda mais o tratamento oferecido a todos. A Santa Casa também adquiriu um novo equipamento que é um capacete de ventilação mecânica, um elemento menos invasivo e menos traumático para o paciente na intubação.

Ampliar leitos de UTI

O provedor Michel Renan diz que sempre ouve as pessoas dizerem que o Hospital deve investir na compra de aparelhos respiradores e ampliar a UTI e consequentemente acabar com o medo da falta de leitos. Ele aproveitou para esclarecer que as pessoas não tem ideia da complexidade de uma unidade de terapia. Ter mais leitos não significa que mais vidas serão salvas. A equipe de profissionais, formada por médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros, fisioterapeutas, assistente social, psicólogos – depende de uma capacitação que demanda pelo menos um ano de treinamento. “Só quem atua dentro de uma UTI, sabe como ela funciona”, justificou. Os colaboradores tem que estar com cuidado redobrado, convivendo com a ameaça de serem infectados apesar de todos os cuidados e ainda estarem com otimismo e sorriso no rosto, repassando aos pacientes que ele irá vencer esta batalha. Michel revela que viveu os piores momentos de sua vida, com sua mãe Márcia Diana na UTI, que infelizmente morreu vítima da Covid-19. Os pacientes da Santa Casa, tem todos os tratamentos possíveis e no caso dela, não foi possível reverter o quadro, assim como não teria em qualquer outro hospital.

Nos próximos dias, a Santa Casa irá fazer um comparativo de mortes pelo Coronavírus por habitantes, com cidades circunvizinhas, com o mesmo porte de Três Pontas.

Agravamento inesperado

O agravamento da situação pandêmica foi algo inesperado e ninguém esperava esta crescente de vidas perdidas. Na visão do provedor Michel Renan, quem dizer o contrário, é uma sandice. Até maio do ano passado, com dois meses e meio de pandemia, haviam 10 mil mortes. Sendo que na quinta-feira (18), foram quase 3 mil óbitos.

“Não existe um tratamento 100% eficiente. Os desafios são postos nas nossas vidas não por acaso. É uma seleção natural da vida, mas que nós temos que estar cada vez mais precavidos com ferramentas que nós temos. Estamos buscando incessantemente meios que amenizem este sofrimento, que hoje assola nosso país. São quase 300 mil pessoas que morreram, é um número assustador. Esperamos nos próximos meses que não apareça novas variantes que nos trazem novas ameaças. Desde o primeiro dia aqui na Santa Casa, nós buscamos cada dia mais meios para que possamos ter uma rotatividade maior de pacientes, recuperando-os o mais rápido possível para deixar os leitos disponíveis”, ponderou Michel Renan.

Mais acertos do que erros

Uma equipe que está comprometida, mantendo princípios que norteiam um setor crucial, pois se trata de vidas. É com união que a Santa Casa tem acertado muito mais que errado, mas com a busca incessante de acertar. Nas decisões tomadas são vistas os vários pontos de vistas – médica, administrativa, comercial e política, além de dar voz a população, que sabe na prática o que realmente necessita. Não é apenas analisar o número de mortes. Existem outras consequências que também precisam ser colocadas na balança e ponderadas, pois toda medida tem os prós e os contras.

O provedor coloca nesta lista de parceiros para que o Hospital esteja se mantendo erguido, o apoio da secretária municipal de Saúde Tereza Cristina, que sempre está buscando meios de ajudar juntamente com o prefeito Marcelo Chaves que nunca economizou nada no intuito do bem-estar da população. Ele também especialmente agradece a todos a equipe, desde a direção aos colaboradores da limpeza, que fazem a diferença.

Um esclarecimento importante dado por Dr. Eduardo, é que em Três Pontas, a maioria dos pacientes internados, são idosos. Os mais jovens que se internam são aqueles que já tem comorbidades. Os mais jovens sem nenhum problema de saúde é exceção.

Estado em dia

O provedor Michel Renan também enaltece a pontualidade dos repasses feitos pelo Governo do Estado. As pactuações vem sendo pagas pontualmente em dia com as gestões dos hospitais. Concluíndo, Michel aponta que Romeu Zema, tem buscado as informações e demonstrado conhecimento técnico com pessoas que tem conhecimento da área da saúde.

Cuidado com fake news

Dr. Eduardo orienta que as pessoas precisam tomar cuidado com as informações que recebem e compartilham nas redes sociais. As noticias precisam ser muito bem checadas para serem divulgadas, pois existem milhares de fake news. Muitas coisas que ele tem visto em redes sociais são posições políticas, que não condizem com a realidade e a situação de pandemia varia muito de município a município.

Para Michel Renan, não é hora de brigas políticas, entre defensores e críticos de Bolsonaro e Lula. Por isso, diz ele que são duas pessoas que jamais deveriam estar na política novamente, pois já demonstraram claramente que deixaram muito a desejar. Porém, não se pode neste momento desamparar o atual presidente. Se ele não sair bem quem vai perder são todos os brasileiros. As preferências políticas devem ser expostas no período oportuno na próxima eleição.

Ainda segundo Michel, Três Pontas traz um espelho desta realidade. Em outros mandatos eram uns contra outros e a cidade não prosperava. O resultado é que a cidade está melhorando, sem brigas políticas e picuinhas.

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