Em 1996, a pediatra queria ficar com o dinheiro de um seguro de vida e planejou com o amante, a morte do marido que também era médico

A médica Maria de Lourdes Peloso Pereira de 54 anos, está presa no Presídio de Varginha. A pediatra foi presa em sua clínica nesta segunda-feira (06), em Boa Esperança depois que a justiça de Porto Ferreira (SP), expediu um mandado de prisão contra a profissional. Maria de Lourdes foi condenada em segunda instância, a 16 anos de prisão pela morte do seu ex marido, que também era médico.

A pediatra chegou em Três Pontas em 2005 e trabalhou no Hospital São Francisco de Assis e em vários postos de saúde, como dos bairros Santa Edwirges e Catumbi e no Centro Pediátrico. Atuava em Três Pontas vários dias e na próxima semana seria no Posto de Saúde do bairro Morada Nova.

Quando não estava na cidade, atendia em sua terra natal, em Boa Esperança em seu consultório. Amigos de trabalho disseram que sabiam que ela respondia a um processo, mas ficaram surpresos ao saber como foi o ocorrido. Considerada uma excelente profissional, Dra. Maria de Lourdes é também muito querida pelos companheiros de trabalho e pacientes.

Homicídio planejado

O crime foi em 1996 e a história foi contada pela Rede Bandeirantes no programa Brasil Urgente e na Record no Cidade Alerta. A vítima identificada por Marcelo Pereira, era um médico recém formado, tinha 32 anos e casado com Maria de Lourdes, que é natural de Boa Esperança. Juntos eles tiveram uma filha que na época estava com dois anos. O casamento nunca foi feliz e as discussões eram constantes.

Celso era médico obstetra e Chefe do Pronto Socorro, amigo do casal e os três atuavam juntos. Ao saber dos planos do marido de se separar, Maria de Lourdes começou a arquitetar um plano para matá-lo, com a participação do amante. Ela se precaveu e falsificou o seguro de vida, colocando ela própria como beneficiária.

No dia da execução do plano, a vítima estava de plantão e recebeu uma ligação da esposa dizendo que ele fosse direto para casa. Ele desconfiou, mas atendeu ao pedido dela.

No caminho de casa ele viu um carro com o capô aberto. Era uma armadilha. Celso simulou que precisava de ajuda, porque o carro teria estragado. Quando começou a olhar para dentro motor para ver se poderia resolver, Celso sacou a arma e atirou duas vezes. Fechou o capô e foi embora com a certeza de que tudo teria dado certo e ele já estaria morto.

O marido foi socorrido. Chamava muito pelo pai e dizia que não queria morrer. O médico, agonizando, conseguiu pronunciar o nome do criminoso, citando Celso.  

Internado no Pronto Socorro onde trabalhava, um detalhe chamou a atenção. Depois de tentar matar o marido da sua amante, Celso retornou à Unidade de Saúde onde os três trabalhavam. O casal de amantes discutiram. Alguns funcionários ouviram aquilo e desconfiaram. Eles ligaram para o pai de Marcelo e contaram o que havia acontecido.

A partir daí o pai começou a desconfiar dos dois. Enquanto estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no terceiro dia, Maria de Lourdes tomou uma iniciativa inesperada. Ela foi até a casa onde viviam e se mudou. A pediatra vendeu o imóvel e desapareceu. Marcelo não resistiu e faleceu.

Apesar dele dito o nome do assassino, nada parecia suficiente para a polícia prender o criminoso. Ele fugiu por um período e tentou atrapalhar as investigações. O julgamento de Celso e Maria de Lourdes aconteceu 9 anos depois. Em 2015, saiu a sentença. O criminoso foi condenado a 16 anos de prisão e levado para uma cadeia do interior de São Paulo. Já Maria de Lourdes a 16 anos e quatro meses. Mas a pediatra não passou um dia se quer atrás das grades, pois nunca havia sido encontrada.

Celso solicitou a transferência de carceragem para ficar perto da família, no Espírito Santo. Quando conseguiu a mudança, pouco mais de dois anos depois recebeu a liberdade provisória. Conheceu uma namorada mais jovem e a matou, jogando o carro dela em um rio, no interior do estado.