Loui Jordan

“Foca naquilo que você quer, não relaxa não. Se você tem esse sonho, esse desejo, foca nisso, que a vitória é certa. Se você fizer o tratamento e acompanhamento correto, a vitória é certa”

Muitas pessoas mudaram de vida e de perspectiva em 2019, um começar de novo ou pelo menos, novas oportunidades, sempre fazem parte do dossiê da vida. O caso de Wellison Bruno Santana, carinhosamente chamado de Brunão, é mais uma dessas histórias que torna a vida um aprendizado e um sonho a ser realizado para aqueles que se esforçam e vão atrás de um lugar ao sol.

Brunão, tem 41 anos e trabalha ao lado dos pais comerciantes. Eles possuem pastelaria e atualmente, ele já pensa em ocupar seu merecido lugar para trabalhar na Prefeitura de Três Pontas. Há 4 anos ele fez o concurso para o órgão público e passou. Será nomeado em breve e traça seus planos. Na entrevista relata o passado difícil antes da cirurgia de “redução de estômago”, a que foi submetido.

Cirurgia bariátrica

Desde 2014, Brunão estava pleiteando fazer uma intervenção, a cirurgia bariátrica. Somente no final de 2018, ele obteve êxito e foi aceito no processo de tratamento da Santa Casa de Poços de Caldas (MG). Em 2019, ano da sua grande mudança de vida, estava tudo praticamente pronto, programado para operar no dia 24 de julho, mas o anestesista pediu que ele fosse por precaução para o Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI), mas no dia não havia vaga e a cirurgia foi adiada para 25 de setembro.

Para todo este trâmite burocrático ser aprovado se deve a certos fatores. Uma das necessidades era fatos é a questão de perder peso para fazer a cirurgia e claro, o requisito obrigatório, o peso, ou seja, quanto realmente você precisa da cirurgia, afinal tem muitas pessoas na fila e Brunão operou pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Brunão pesava 246 quilos antes da cirurgia. Era preciso emagrecer 23, para fazer o procedimento cirurgico, mas ele perdeu 40 quilos e agora está com 170 quilos após a bariátrica.

Até operar em Belo Horizonte ele havia tentado, assim como em um programa na Unicamp no estado de São Paulo. Em 2009, na Universidade de Campinas, fez o acompanhamento, mas chegou a um ponto que não conseguia mais emagrecer, por fim não prosseguiu as metas do programa. Não foram considerados os seus esforços, apenas os números de ter que perder um kilo por semana, mas Brunão disse que valeu de experiência. Nos dias de hoje tem um cardápio diferenciado do que tinha antes. Cortou a cerveja, a gordura e o amado refrigerante.

Bem, nas palavras do próprio Brunão, o que incomodava eram as constantes dores e incômodos. “Apesar de eu ter 246 quilos e 1,92 de altura, eu não tinha problema de pressão, ácido úrico,  diabetes e eu não tomava nenhum remédio. Só que as articulações não estavam aguentando, joelho, tornozelo, coluna, estava doendo demais da conta” visivelmente mais aliviado. A recuperação da redução é de 6 a 8 meses. São 15 dias ingerindo só líquido.

As roupas era uma dor de cabeça para Brunão. Ao chegar nas lojas, os vendedores logo deixavam claro que não tinha roupa pra ele, o que o deixava chateado em todos os sentidos. Suas camisas precisavam ser encomendadas e até para calçar uma meia ou sapato, ele possuía dificuldade.

Brunão era magro, começou a engordar depois dos 20 anos, quando começou a trabalhar em lanchonetes. Consumia muito salgados e bebia refrigerante com muita frequência. Ao invés de se alimentar razoavelmente bem, ele trocava o almoço por um salgado, o que descontrolou sua alimentação.

Fazer caminhada de 2k m diariamente, ter um cardápio regrado, se tornaram rotina na nova vida de Brunão. Ele tem mais planos para 2020. O rapaz pretende voltar para hidroginástica e bicicleta ergométrica, mas tem que ir devagar por orientação médica, pois a cirurgia está recente, vai completar apenas três meses no Natal.

Brunão fez todo o tratamento pelo SUS e recebeu atenção especial da Secretaria Municipal de Saúde. Ele economizou em tudo, gastou apenas com exames o montante de R$11 mil, já que o custo de uma cirurgia bariátrica custa em média R$40 mil. Para conseguir este dinheiro, fez rifas e contou com a ajuda de muita gente para acelerar este processo.

Fome versus vontade de comer

Esse é um tópico fundamental. “Nós não somos gordos no físico, somos gordos na cabeça”. Brunão explica a diferença entre fome e vontade de comer. A fome passa, a vontade não. Uma meta para quem busca o emagrecimento, é ter isso como filosofia de vida, até mesmo pelo fato do estômago gradualmente ir laceando com o tempo, o trabalho psicológico deve ser bem feito antes e claro, após a bariátrica ou um procedimento.

A reeducação foi bem feita depois da cirurgia. A vida absolutamente regrada e disciplinada de Brunão, faz com que ele viva melhor e saudável. Se ele comer mais ou errado, passa mal, pois o estomago não aceita certas coisas e quantidades.

Quando trabalhava na padaria, Brunão recomendava aos colegas, fazer bolos e tortas mais bonitas e cheirosas. O motivo disso é simples, seja gordo ou magro, as pessoas comem com os olhos e com o nariz. Os tempos são outros, a quantidade de trailers aumentou, as comidas rápidas não saem de moda, tudo contribui para que as pessoas fiquem mais atentas e não misture a fome com a vontade de comer.

Preconceito

“As pessoas acham que o gordo só sabe trabalhar em cozinha”, é assim que Brunão considera o olhar dos preconceituosos da sociedade. Até emprego ele deixou de ganhar, pois achavam que pelo peso ele não iria aguentar uma jornada de trabalho. O preconceito é muito grande e certa parcela de pessoas veem a pessoa com sobrepeso como sendo destinada a trabalhar com comida, em restaurante ou lanchonete.

Quando se é gordo, infelizmente, o sujeito acaba se tornando uma referência para as outras, e isso não é bom. Muitas vezes essa referência é de cunho negativo e visando só o peso e aparência. Brunão opina que as empresas de transporte, deveriam rever os assentos em ônibus. Quando estava acima do peso, ele já teve dificuldades. “Tinha que ter pelo menos uns quatro assentos apropriados. Hoje pensam no idoso, nas gestantes. Isto é é correto e louvável, porém, um olhar para aqueles que estão acima do peso, é uma necessidade”, analisa.

Brunão, deixa uma provocação contra o preconceito que acaba sendo minimizado na sociedade. “Uma comparação que eu sempre fazia era sobre o racismo. Se você chegar e chamar um negro de macaco, você está sendo racista, e se você chegar e chamar um gordo de elefante? Que diferença que tem aí”. Ambos são preconceitos, entretanto, ninguém tem essa preocupação com o ser humano que está acima do peso

“Bem ou mal, as pessoas sofrem com isso”, continua Brunão. Isso tudo deixa a pessoa pra baixo, depressiva, as piadas e brincadeiras com gordo tem graça para quem faz, não para quem recebe.

Oportunidade de mudar os rumos da vida

ANTES E DEPOIS Fotos: Arquivo pessoal

Antes da cirurgia, todos diziam para ele de simpatias e remédios, mas ele nunca tomou nada para emagrecer. Foi no objetivo e persistência em um sonho é que valeu a pena. Existem picos de felicidade e desânimo quando se quer perder os excessos de peso.

“Você desanima quando para de perder peso. No início, nos primeiros dias você perde peso fácil. Mas quando você já não tem tanto líquido para perder, você tem que começar a queimar a gordura mesmo  é mais difícil e você desanima, ao ver pouco resultado”. Bruno admite que a desistência pode ser infelizmente uma consequência natural.

A melhor parte tudo é a disposição que ele tem pra contar sua história de superação vivida em 2019. Hoje ele está feliz, com um peso que lhe dá a segurança de buscar novos horizontes, com a certeza que estará realizando outro proposito de trabalho ao se tornar servidor público.

“Agradeço publicamente a todas as pessoas que me ajudaram no processo de cirurgia de alguma forma, comprando a minha rifa, me ajudando a vender. Quero deixar um agradecimento público a todo mundo e deixar um conselho mais uma vez, se você tem uma vontade de fazer a bariátrica, corre atrás que vale a pena” – Wellison Bruno Santana “Brunão”.

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