FOTOS: EQUIPE POSITIVA

 

Atualizada as 18:16

A Polícia Militar divulgou no início da tarde desta segunda-feira (24), que 65 mil pessoas visitaram Três Pontas neste fim de semana, quando os fiéis celebraram os 113 anos de morte do Beato Padre Victor. O grande movimento de devotos começou a ser registrado desde a manhã de sábado (22). No domingo feriado municipal na cidade, uma multidão veio a pé, pelas estradas e rodovias, de ônibus e em veículos de passeio e superou a expectativa que era de 50 mil. Orientados pela Polícia Militar Rodoviária Estadual e com apoio do 180º Grupo de Escoteiros de Três Pontas fixaram adesivos refletivos na roupas para ajudar na visibilidade dos motoristas.

Exemplos deixados por Padre Victor

Para receber bem quem visita a cidade, seguindo o exemplo de Padre Victor que pregou e foi tanto caridoso, voluntários se mobilizaram nos pontos de evangelização. Nele, orações e cânticos que fazem bem à alma e ao coração e o tradicional cafezinho com leite, servido com carinho na Terra do Café. A cerca de três quilômetros da estrada que dá acesso a Capela Santa Cruz, na Comunidade da Faxina, um grupo de voluntários atende peregrinos em um galpão de uma propriedade a mais de 40 anos. Antes de começarem eles fazem as orações e pedem forças para enfrentar a madrugada.

Há aqueles que são mais jovens na turma, mas não tão novatos assim. Sebastião Bento por exemplo faz questão de trabalhar todos os anos e isto completou 28 anos em 2018. Este ano, a noite estava com a temperatura agradável, mas ele já enfrentou até geada.

Marlene de Paula Júlio doa seu tempo para a Festa do Padre Victor já a 23 anos e não se arrepende. Acredita que Padre Victor retribui lhe dando saúde e forças para seguir os desafios da vida o ano inteiro.

Neste ponto de apoio que atende fiéis que vem de Carmo da Cachoeira e aqueles da cidade que vão para a ‘Capelinha’, foram distribuídos 1,5 mil pãezinhos com manteiga, além de café com leite, água. O principal ingrediente é a atenção e a alegria com que os devotos são recebidos. Eles são recepcionados com músicas por um grupo de cantores dos corais da Paróquia Nossa Senhora Aparecida. O líder deste grupo é o cafeicultor Raul Assunção. Ele conta que já são 46 anos neste local. O trabalho não é fácil, virar a noite requer disposição, mas é gratificante e os voluntários ouvem muitas histórias.

Na MG 167, em Santana da Vargem o coordenador é o agricultor Tristão Antônio Nogueira. Ele seguiu a tradição de 26 anos, deixada pelo seu sogro e na barraca localizada na beira do asfalto foram servidos água, café com leite, banana e até cachorro quente com refrigerante geladinho. Ele revela que o movimento mais que dobrou este ano e os voluntários registraram romeiros de Lavras seguindo a pé.

Ao parar para descansar um pouco, antes de seguir a viagem a pé, as pessoas aproveitam para contar suas histórias. Um dos relatos que ouvimos é da doméstica Antônia Joaquina da Cruz de 38 anos (foto). Ao lado das irmãs, ela relata que em 2016 fez a peregrinação com dificuldade, por conta de um reumatismo. Com a intercessão de Padre Victor ela está curada e não esconde a emoção ao demonstrar que sua fé no Beato aumentou ainda mais. “Enquanto tiver vida, vou fazer este caminho todos os anos, relatou Antônia”.

Tradição mantida

Quando o sol nasce, os trespontanos já estão retornando às suas casas depois de uma madrugada inteira de caminhada, até a Capela Santa Cruz, a Capela de Padre Victor, na Comunidade rural da Faxina. Muitos voltam a pé, outros de carro ou nos ônibus disponibilizados pela Prefeitura. Milhares de devotos participam da procissão, organizada pela Paróquia Nossa Senhora D’Aparecida. São pessoas de todas as idades, jovens, crianças, adultos e idosos fazem este sacrifício em nome da fé. O bispo emérito da Diocese da Campanha Dom Diamantino Prata de Carvalho faz questão de fazer o percurso de sete quilômetros e celebrar missa ao lado do pároco Padre André Rodrigues Villas Boas. Na homília, a trajetória de vida do Beato é retratada e pregada como exemplo a ser seguido.

Multidão na Praça Cônego Victor

Vista do alto, dava para ver a quantidade de gente que estava durante o dia no principal local de visitação dos romeiros na Festa do Beato Padre Victor. O sol forte não dificultou para aqueles que se abrigaram embaixo das tendas na Praça. Aliás, o crescimento de romeiros começou a ser registrado de madrugada. As 3:00 da manhã, já tinha muita gente na cidade que o sacerdote comandou religiosamente durante 53 anos. Pessoas de diversas localidades, de perto, de longe, de cidades pequenas ou de grandes centros, simples, humildes e com poder aquisitivo se misturaram, se uniram pela fé no Beato. Vieram pedir e agradecer graças, que dizem ter tido a intercessão do candidato a Santo. Apesar de não ter tido ainda o título da Igreja Católica, ele já é considerado por muita gente. Durante todo o dia, grupos de capoeira, congadas e folias de reis se apresentaram no meio da rua.

Moradores e comerciantes aproveitam este dia para garantir uma renda extra. Tem gente que amplia os itens oferecidos em seus estabelecimentos. Outros colocam os banheiros a disposição dos romeiros e cobram uma taxa.

Para muitos, alguns compromissos são obrigatórios ao visitar o Município. Visitar o túmulo onde estão os restos mortais de Padre Victor, na Igreja Matriz Nossa Senhora D’Ajuda. Para isto, é preciso enfrentar uma fila enorme, que contornou a Praça Cônego Victor, chegou a Praça Tristão Nogueira e exigiu paciência e muito trabalho dos voluntários.

Outro é participar de uma missa, em um dos horários celebrados durante todo o dia. Elas demandam um grande número de padres e seminaristas, que vem de várias paróquias e dioceses, que aceitam o convite e se colocam a disposição para levar a palavra de Deus aos trespontanos durante a novena e aos romeiros no dia 23 de setembro. Com o templo cheio durante o dia inteiro, muitos preferiram assistir a missa de um telão instalados em frente a Herma.

Feira no Parque Multi Uso agradou

Outro ponto de visitação é a feira tradicional para os visitantes e trespontanos, mas que teve como grande novidade a mudança de local. Desde que deixou as dependências do antigo Parque de Exposições, hoje sede da Faculdade de Três Pontas, a Fateps e foi para a Avenida Oswaldo Cruz, o movimento dos feirantes na via dividia opiniões.

A mudança proposta pelo prefeito Marcelo Chaves Garcia (MDB) e aceita pela organização, de forma geral agradou. A estrutura feita pela Associação Padre Victor, disponibilizada em 13 mil metros quadrados do Parque Multi uso da Mina, abrigou dezenas de barracas que vendem de tudo, desde comidas, bebidas, utensílios domésticos, eletroeletrônicos até prestação de serviços. Cada um fazia o que podia para atrair clientes e vender. Item mais vendido foi garrafinha de água mineral. Um local preferido foi embaixo das árvores. Assentar pelo menos alguns minutos na sombra, já era o suficiente para descansar e seguir às compras. Os terrenos que ficam em volta do Parque serviram de estacionamento para ônibus e veículos de passeio. Encontrar uma vaga para estacionar por perto foi difícil.

A Polícia Militar fez um trabalho em parceria com o setor de Posturas do Município, evitando que barraqueiros se instalassem fora das dependências do Parque Multi Uso, principalmente na Avenida Senador Josino de Brito. Diferente de quando alguns montavam suas estruturas ilegalmente próximo da Policlínica na Avenida Oswaldo Cruz, este ano, as barracas ficaram dentro da Mina e não houveram as reclamações dos moradores como tanto se tinha. O policiamento ostensivo foi reforçado em toda cidade, nas rodovias e estradas.