Fotos: Denis Pereira - Equipe Positiva

 

Costumeiramente quando o sol se põe, os portões do Cemitério Municipal de Três Pontas se fecham, porque é o fim do horário de funcionamento. Na sexta-feira (13), eles permaneceram abertos e muita gente estava chegando. Quem passava pela Praça Monsenhor Silveira imaginava ser algum sepultamento, mas não, se tratava da Serenata dos Tiso. Em um primeiro momento parece estranho, mas o encontro é longe de ser uma despedida.

Músicos, amigos e conhecidos se encontram em frente ao túmulo da Família Tiso para uma homenagem anual aos entes queridos ali sepultados. É assim há mais de 40 anos. A família é conhecida por sua linhagem de músicos. O mais famoso entre eles, Wagner Tiso, é pianista, compositor, maestro e parceiro de composições de outro ícone trespontano, Milton Nascimento. O talento musical é perfil dos “Tiso” e nas ramificações com pessoas de outros sobrenomes.

Dona Aparecida Tiso conta como começou a tradicional Serenata dos Tiso. “O nosso tio Mário Tiso tinha paixão pela música “A Lenda do Beijo” e ele falava assim: quando eu morrer vocês tem que prometer que vão fazer uma serenata pra mim”. Sr. Mário morreu em 1975. Na noite em que ele partiu, os moços mais novos da família estavam em um bar e resolveram fazer a serenata para o tio Mário. Eles pularam o muro do Cemitério e realizaram a primeira cantoria que, gostando da ideia, a família passou a repetir todos os anos.

Dona Aparecida é sobrinha do primeiro homenageado. Hoje, eles levam instrumentos, aparelhagem de som e usam apenas a iluminação do próprio Cemitério.
Familiares e amigos se revezaram, tudo meio improvisado, mas as apresentações foram perfeitas.

Segundo o músico Alex Tiso Chaves, não existe um estilo musical definido para a Serenata. São canções que marcaram os entes queridos, músicas que eles gostavam. Começaram com a oração do Pai Nosso e terminaram com a canção Serra de Boa Esperança, de Lamartine Babo.

O neto de Walda Tiso, João Marcos Veiga de Oliveira (foto), estava na Serenata pelo quinto ano. Ele faz questão de deixar Belo Horizonte para prestar esta homenagem e aproveita para rever familiares que ele só vê nesta data, em decorrência do encontro. “A gente toca inspirados nos nossos familiares que estão aqui. E não é um momento de tristeza. Manter viva esta energia nos renova e nos traz uma emoção muito grande”, revela João Marcos.

Érik Ximenes Abreu exerceu a função de mestre de cerimônia. Ele anunciava, empolgado, os descendentes da família Tiso. Isabela Moraes não escondeu a emoção tremenda de cantar neste local tão especial. “Cantar aqui é especial. É uma tradição que eu admiro muito e fico muito honrada de agora fazer parte dela”.

No dia seguinte, a família Tiso se reuniu no espaço de festa do Restaurante Charneca para celebrar a vida. E é claro, ao som de muita música, dança e alegria.

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