O irmão, a mãe e o padrasto de Padre Felipe. Fotos: Hécio Rafael

 

Reportagem: Denis Pereira – A Voz da Notícia
Imagens: Hécio Rafael

Familiares, sacerdotes amigos do padre e conhecido da família foram até a Igreja Matriz Nossa Senhora D’Ajuda na manhã desta sexta-feira (30), se despedir do padre Felipe Alves de Assis. Ele morreu vítima de uma parada cardiorrespiratória, na Santa Casa de Misericórdia em Itajubá. O religioso havia sido internado em Três Pontas e diagnosticado com histoplasmose pulmonar, mas morreu na madruga desta quinta-feira (29). O padre trespontano havia se ordenado a dois anos na Diocese de Paranaguá, e era pároco da paróquia São Francisco de Assis de Tunas do PR, cidade de pouco mais de 6 mil habitantes que fica distante 70 km de Curitiba.

O corpo de padre Felipe chegou ontem na Matriz as 17:00 horas e foi velado durante toda a noite. Duas missas foram celebradas, a tarde e a noite, período que muitos trespontanos foram se despedir do conterrâneo, que enfrentou muitas barreiras para realizar o seu sonho que era ser padre.

Durante a manhã, a missa de despedida de padre Felipe, recebeu a presença de amigos sacerdotes do Paraná, padres que passaram pelas paróquias de Três Pontas e viram o ex coroinha e acólitos servir na Igreja do Beato Padre Victor. Ele sempre se referia a Padre Victor e Nossa Mãe com muito carinho e devoção e sempre visitava as irmãs do Carmelo São José quando estava na cidade. Curiosamente, desta vez que veio para sua terra natal passar férias, ao invés de vir de ônibus, como fazia, teve a companhia de dois padres que servem em sua Diocese. Como disse Monsenhor Emerson, vigário geral da Diocese ao presidir a missa, que seus irmãos de vocação o trouxeram para se despedir de todos. Felipe tinha uma paixão enorme pela sua mãe Maria Sueli Assis e sua avô, a Dona Loures. Aos sábados, ele apresentava desde o dia 20 de março, no facebook da Equipe Positiva, o Programa Manhã de Bençãos. Pela internet, o jovem sacerdote, de um sorriso cativante, uniu Minas Gerais com o Paraná, seus familiares e amigos daqui, com seus paroquianos de lá que conseguiu arrebanhar.

Na sua despedida, o altar da Matriz ficou rodeados por flores. Na pregação, Monsenhor Emerson que representou o bispo de Paranaguá, Dom Edmar Peron, contou que a última vez que se encontrou com padre Felipe, estavam organizando uma promoção para o Seminário da Diocese. Ao chegar na casa dele em Tunas, falou que precisava ir para Cerro Azul. Se tivesse que voltar pela estrada, demoraria cerca de quatro horas para conseguir chegar, mas foi alertado por padre Felipe que pelo meio do mato, dava para chegar em uma hora. Padre Felipe disse a ele que o carro dele estava preparado e acostumado para pegar estas estradas. Os dois foram juntos e conversaram muito sobre o seminário. Padre Felipe revelou ao vigário diocesano que passava por ali sempre, onde ia pregar para cerca de 5 a 10 pessoas. “Para ele, não importava quantos, o lugar ou a distância, mas sim a missão. Ele rezava como se fosse numa grandiosa Catedral cheia de gente”. Sem dar detalhes da vida que eles levam, Monsenhor Emerson se dirigiu aos colegas paranaenses, dizendo que eles fazem o podem e as vezes até o que não podem, para serem presença de Deus na vida do povo. A vida no Vale do Ribeira, não é para qualquer um. É necessário ter muita consciência de fé, para de fato enfrentar as situações que a vida impõe, porque é de fato uma vida um pouco dura. Porém, quem conhece aquele povo, se encanta, se apaixona, sorri e se alegra.

À mãe de padre Felipe Dona Sueli, o pregador disse que o filho dela foi presença de Deus para o povo que o amou como filho e tinha enorme afeto. Ele percebia isto toda vez que ia a Paróquia São Francisco de Assis. Tanto é que seus colegas viajaram a noite toda para estar ao lado dela, pois imagina o sofrimento que é uma genitora enterrar seu filho. Segundo o Monsenhor, mãe de padre é mãe de todos os padres.

No rito de encomendação feito diante do altar, os padres paranaenses choraram muito, inclusive alguns se amparavam nos braços da mãe de Felipe, que também não conseguiu esconder a dor da despedida tão prematura. Carregado pelos corredores onde o acólito se dirigia para o altar da Matriz, o corpo de Felipe fez o trajeto inverso no ombro dos amigos sacerdotes que o carregaram para a cripta onde ele foi sepultado, junto a outros padres que serviram e dedicaram suas vidas ao povo de Deus e hoje descansam na morada eterna.

 

 

 

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