Por Loui Jordan

Dificilmente uma convocação agrada a opinião pública de forma geral, nomes contestados, ausências questionadas e por aí vai. Nessa Segunda-feira (14), o técnico Tite convocou os 23 jogadores que irão disputar a Copa do Mundo de Futebol que esse ano tem a Rússia como país sede, o evento ocorrerá entre os dias 14 de junho à 15 de julho e reunirá 32 seleções de todo o mundo.

Tirando essa parte protocolar, o que vale mesmo apena tentar entender, é a justificativa por trás de cada jogador convocado. Vamos por posição:

Goleiros:

Alisson (Roma)

Cássio (Corinthians)

Ederson (Manchester City)

Alisson e Ederson já estavam confirmados, a excelente fase de ambos em seus clubes fez com que eles se tornassem peças indiscutíveis. Cássio ganhou a concorrência com grandes arqueiros, sendo eles Neto, Vanderlei e Grohe.

Laterais:

Danilo (Manchester City)

Filipe Luís (Atlético de Madrid)

Marcelo (Real Madrid)

Fagner (Corinthians)

Com o corte de Daniel Alves, a lateral direita tinha um nome certo, Danilo. Mesmo contestado pelo número baixo de partidas disputadas em seu clube e por muitas vezes atuar no meio de campo e na outra lateral, o seu nome era certo na lista. Fagner conquistou a outra vaga por ter uma consistência maior nos últimos anos do que seus concorrentes, Rafinha e Fabinho eram cogitados, mas mesmo estando em um continente onde o futebol é melhor jogado, Rafinha e Fabinho perdem no quesito confiança, embora ganhem na questão de versatilidade.

A única dúvida da lateral esquerda era quem seria o reserva de Marcelo. Na disputa entre Filipe Luís e Alex Sandro, o jogador que atua por tantos anos no futebol espanhol levou a melhor. Muitos dizem que Filipe defende melhor e Alex Sandro ataca com mais eficiência. Tite sabia que qualquer um que ele escolhesse automaticamente cometeria uma injustiça com o outro, o importante é saber que Filipe sai na frente no requisito “jogo grande” e por mais que Alex Sandro tenha um pouco mais de habilidade e agilidade, Filipe Luís é um bom jogador quando ataca por dentro no corredor e tem boa saída de bola, se pudesse o comandante levaria os dois, mas a necessidade pedia soemente um.

Zagueiros:

Marquinhos (PSG)

Miranda (Inter de Milão)

Thiago Silva (PSG)

Geromel (Grêmio)

Os quatro zagueiros são incontestáveis, assim como na lateral esquerda, só tínhamos uma vaga em aberta. Pedro Geromel venceu o criticado e polivalente Rodrigo Caio, nomes como Gil e Jemerson não foram páreos para o melhor zagueiro que atua no país. Convocação mais que justa e ele leva a melhor em tempo de bola e na questão de antecipação, fora o bom posicionamento.

Meio-campistas:

Casemiro (Real Madrid)

Renato Augusto (Beijing Guoan)

Fernandinho (Manchester City)

Paulinho (Barcelona)

Philippe Coutinho (Barcelona)

Willian (Chelsea)

Fred (Shakhtar)

Dos convocados, Fred é o grande nome ao lado de Renato Augusto que foi olhado com tons de crítica. Renato é titular, mas pode perder espaço para Fernandinho, campeão brasileiro em 2015 pelo Corinthians, o meia tem perdido lugar não apenas por estar na liga chinesa, mas sim por ter piorado um pouco a condição física durante a temporada. Nomes como Arthur do Grêmio estavam e estão no vocabulário do povo, mas a falta de experiência do meia gremista e o bom momento de Fred pesou na decisão. Fred é pretendido pelo City de Guardiola, ele tem um bom passe e pode ser o ritmista que Tite tanto fala.

Atacantes:

Neymar (PSG)

Gabriel Jesus (Manchester City)

Roberto Firmino (Liverpool)

Douglas Costa (Juventus)

Taison (Shakhtar)

Como sempre Taison foi contestado, não apenas por possuir uma qualidade considerada inferior aos seus concorrentes pela vaga, mas também pelos números da temporada que são baixos, poucos gols e assistências. Luan do Grêmio e até mesmo William José da Real Sociedad da Espanha, eram melhores opções. Taison tem a confiança do treinador, mas não tem a confiança dos analistas, nem dos torcedores.

Quais as opções táticas e estratégicas do Brasil de Tite

O time na fase ofensiva vai jogar no 4-3-3, na fase defensiva em um 4-1-4-1 variando para um 4-2-3-1. No 4-3-3, o Brasil pode ter Coutinho como um extremo pelo lado direito e se Fernandinho entrar na vaga de Renato, o time ganha uma marcação melhor e um chute de fora da área de maior qualidade, porém perderá na construção do jogo. Quando a equipe passa para um 4-1-4-1, a linha de meio campo ganha outro desenho e postura, Paulinho ganha responsabilidades maiores. Na fase defensiva, Paulinho recua fazendo com que as linhas fiquem mais agrupadas, onde a margem de espaçamento pode ser reduzida deixando o time mais compacto.

Tite convocou William José para os amistosos contra Rússia e Alemanha para observar como ele se comportaria e como o time se adaptaria a um atacante móvel de área. Ele foi observado em treinamentos e parece não ter agradado, poderia ser útil em um jogo onde alçar bolas a área adversária fosse necessário. A questão a se resolver é se Coutinho irá jogar por dentro ou por fora, pode ser que faça um rodízio de posicionamento. William pede passagem no time titular, mas é outro que se jogar, provavelmente irá usar as beiradas.

Falando em beirada, se repararmos a seleção não tem um jogador com características ofensivas de jogar centralizado pelo meio campo. Isso pode ser um problema, tem jogadores no elenco selecionado que pode desemprenhar esse papel, mas não fará a altura o mesmo que na função original. Arthur seria esse cara, mesmo que avançado, o articulador possui qualidades de controlar o jogo através de passes e movimentação em espaço curto.

Outro assunto que deve ser colocado em pauta é Marcelo, o melhor lateral esquerdo do mundo tem papel fundamental no ataque do time, a pergunta que resta fazer é se ele vai atacar pelo fundo ou vai centralizar as jogadas, fazendo com que os pontas fiquem abertos afim de esticar a linha de marcação alheia. Enfim, o time é ótimo, mas precisa estar melhor preparado para mudanças, alguns jogadores estão voltando de lesão e isso pode ser prejudicial também. O Brasil pode enfrentar adversários que façam marcação individual e não por zona, pode enfrentar seleções que joguem com linha de cinco atrás e isso tudo deve estar assimilado e treinado.

Ausências e Apostas

Torcedor nem sempre opina com a razão, muitas vezes é pautado pela emoção, por isso o gestor deve saber filtrar todas as informações. Nomes como Marcos Rocha, Dudu e até mesmo Paquetá, não seriam convocados. Tite gosta das palavras coerência, justiça, momento e meritocracia, mas alguns nomes não se justificam de maneira correta e acentuada, é claro que 23 vagas é passível de cometer muitas injustiças, mesmo assim Tite não errou em quase nada.

Um ou outro nome como Dedé que vive um bom momento ou os destaques do Grêmio é natural ser cogitado, o maior defeito é não ter levado um armador central.Talvez a safra não tenha esse jogador, mas na última copa não tínhamos meio de campo e perdemos de 7 a 1. Não falo de volantes, falo de um passador, um organizador seja ele ofensivo ou de articulação.

A aposta é Firmino, claro que Fred e Fernandinho podem chamar as atenções, mas no ataque o bom jogador do Liverpool pode ser tanto um centroavante, quanto um ponta de lança, dando ao time uma mobilidade maior em alguns casos. Douglas Costa é outro, ele pode dar amplitude, é veloz, habilidoso e ousado. Temos um banco melhor que nas últimas duas copas, agora é saber colocar as peças certas nas horas certas.

Por fim, o Brasil tem mais dois amistosos contra Croácia e Áustria, depois é o ínicio da preparação em Sochi na Russia. Só a copa dirá se a convocação foi boa ou equivocada, mas até lá Tite e o Brasil deverão ter mais alternativas e adequar-se a novas posturas estratégicas, antes de tudo é melhor ganhar o título mesmo com dúvidas de possíveis nomes, do que perder tento a mais absoluta certeza na razão pela qual se convocou.