Por Loui Jordan

Grêmio e Flamengo foi o melhor jogo das quartas de final da Copa do Brasil. O jogo prometia demais e se cumpriu o bom futebol esperado e essa com certeza entre os melhores jogos do ano, só não podemos nos esquecer que a volta promete muito mais, se a logística e a vontade permitirem que nenhum dos clubes tirem o “pé”. Nessa fase da competição, tivemos a vitória do time que aparenta ganhar quando quer, Cruzeiro, o time mineiro saiu contente ao bater o Santos. Acompanhamos o bom momento corithiano ao vencer a Chapecoense e claro, o empate sem gols entre Bahia e Palmeiras. Nenhum desses jogos, nenhum mesmo, foi melhor ou de maior valor técnico do que foi exibido em Porto Alegre.

Tudo igual no Sul

O melhor jogo da noite na Arena do Grêmio lotada, gaúchos e cariocas começavam um grande duelo. O Flamengo foi surpreendente, iniciou bem e com a posse de bola, depois o Grêmio começou a rodar algumas peças e foi buscando alternativas. Houve um certo equilíbrio no primeiro tempo, os visitantes tinham mais a bola, só que o Grêmio quando encontrava o espaço, sabia usar suas finalizações para balancear as ações do jogo.Foi assim com o Luan, Cícero e o Maicon em chutes de média distância. Em compensação, André centroavante do Grêmio não foi bem, mas ajudou a recuperar algumas bolas no meio de campo. Tirando isso, não teve uma atuação digna da aposta de seu treinador.

Já Leonardo Moura foi uma peça importante, o lateral de 39 anos, errou poucos passes, foi o mínimo vulnerável possível defensivamente e claro, protagonizou o grande lance do primeiro tempo. Após bela tabela com Ramiro, o lateral-direito passou como quis pela marcação adversária e encontrou Luan na área, o atacante aproveitou o bom passe e de primeira colocou dentro das redes aos 37 minutos, Grêmio 1 a 0. Antes do gol, Moreno e Rodinei fizeram Grohe trabalhar, o time de maior torcida no mundo não contou com uma apresentação boa de seu atacante principal, Uribe. No segundo tempo, o Flamengo foi muito superior e dominou o jogo por boa parte do tempo, soube arquitetar bem as artimanhas.

O visitante que lidera o campeonato nacional e colocou o time de Renato Gaúcho atrás da linha da bola durante os 25 minutos finais. O Grêmio não teve sucesso nas alterações e se mostrou desgastado fisicamente em relação ao adversário, o gol de empate era questão de tempo. A pressão imposta pelo rubro-negro era abissal, a saída de bola para um eventual contragolpe não existiu por parte gremista. O gol de empate surgiu com ares dramáticos. O cronômetro já apontava 48 minutos da etapa complementar e o Flamengo tentava até que conseguiu com Lincoln, que saiu do banco e marcou após passe de Renê. O atacante estava na pequena área e teve o tempo certo para se movimentar, antecipar e decretar o empate merecido, Grêmio 1 x 1 Flamengo.

Os detalhes que não poderão ser esquecidos

O grande espetáculo de futebol apresentado por Grêmio e Flamengo tiveram brechas e reparos. Primeiro ponto: o time de Barbieri envolveu muito bem o Grêmio nos primeiros 45 minutos e também arquitetou com grande qualidade o segundo gol, no entanto, errou em alguns lances de saída de bola. Paquetá que é um excelente jogador e com um futuro promissor, errou muito quando tentava individualizar a saída da área de contenção para a área de construção. Se for marcado individualmente no confronto decisivo, o Grêmio conseguirá assustar em desarmes próximo ao gol.

Outro erro grave foi o gol sofrido. Rodinei dava condições para todos os jogadores rivais, erro crasso de posicionamento. A mesma coisa com Éverton Ribeiro que olhou somente a bola e deixou Luan livre, falha coletiva. Para finalizar, a parte vermelha e preta, Uribe teve uma atuação fraca, não pecou em arremates como nos últimos jogos, o colombiano não proporcionou nenhuma ocasião de gol ao seu time. O ponto positivo é Barbieri e a forma de jogar, o Flamengo foi lúcido quando precisou e seu técnico soube mudar o time.

Do lado tricolor existem muitas justificativas, nem sempre elas serão assertivas. O Grêmio utilizou um time alternativo pra não dizer outra coisa, contra a Chapecoense no jogo que antecedia este. Mas o irônico é que no final do jogo, o que se percebia era que o Flamengo estava tendo um condicionamento físico melhor e maior do que os donos da casa. O Grêmio não recuou por estratégia no segundo tempo, afinal de contas faltou artifícios para sair da proposta intensa e ofensiva que o time sofreu. Renato mudou o time com as melhores peças que tinha, entre André e Jael, não obteve êxito, apenas trocou seis por meia dúzia. Perdeu algumas bolas na área de conflito, nenhuma resultou em lances de perigos capitais.

O ponto que o Grêmio deve se atentar é o fluxo de jogo do seu rival. O jogo do Maracanã está em aberto, o empate é bom para o Flamengo que lutou para conquista-lo, entretanto, a forma como o segundo tempo terminou, deixou ao imortal a seguinte pergunta: Por que fomos tão dominados? Ora, o Grêmio não teve o repertório suficiente para se adequar ao jogo do Flamengo que esse, ao contrário, se impôs. Tudo bem, não foi um massacre, no duelo de volta teremos um time que passa a ser favorito, Flamengo, e outro time que com certeza, estará engasgado com o fato de não ter conseguido agredir o oponente após o 1 a 0.

Enfim, no dia 15 de agosto eles voltam a se enfrentar pela Copa do Brasil. Vale lembrar que essa é a competição mais rentável a nível econômico, até lá vão se ensaiando para o melhor que está por vir, se o primeiro round foi de tirar o fôlego, imagina o segundo. Em linhas gerais o Flamengo foi melhor e saiu com semblante de favorito pelo futebol demostrado, para o “rei” de copas, será necessário recolocar a coroa novamente, porque nas quatro linhas, o pouco em que ela foi notada, não bastou.