Por Loui Jordan

Uma frase linda do hino oficial do Santos ajuda a revelar o que aconteceu durante os episódios da saga santista na Copa Libertadores. Como é de conhecimento geral, o Santos foi eliminado nas oitavas da competição continental, o algoz da vez pode possuir vários nomes além de Indepediente, dentre eles, Santos.

O que deve ser dito e avaliado não são apenas os acontecimentos antes do jogo de ontem (28), mas sim, os fatos ocorridos durante e depois do duelo entre brasileiros e argentinos no Pacaembu em São Paulo.

Os bastidores da punição

A Conmebol puniu o Santos devido a escalação irregular do jogador Carlos Sánchez, a entidade considerou o clube paulista perdedor da partida por um placar de 3 a 0, o jogo “dentro” de campo terminou 0 a 0 no duelo em questão. Para resumir, o jogador uruguaio foi expulso quando atuava pelo River Plate (ARG), o volante agrediu um gandula durante uma partida da Copa Sul-Americana contra o Huracán. O atleta foi devidamente punido com 3 jogos de suspensão. É válido lembrar que esse jogo da Sul-Americana havia sido o último de Sánchez em competições organizadas pela Conmebol até então.

Isso porque o jogador se transferiu para o Monterrey do México e só saiu de lá para o Santos, onde teve seu primeiro contato novamente com uma competição da entidade aqui da América do Sul. Como está no Regulamento Disciplinar da Conmebol, a suspensão deve ser cumprida na competição posterior a qual o atleta participará, isso claro, sendo a Conmebol a entidade organizadora.

Tendo tudo isso em vista e para arrematar, em 2016 a Conmebol fez uma declaração de anistia, ou seja, ela reduziu pela metade todas as ações de punições dadas a clubes e atletas. Sánchez passou a ter apenas 1 jogo para cumprir suspensão eele deveria ter cumprido contra o Independiente na partida de ida das oitavas no último dia (21). O Santos alega que consultou o sistema de registro de atletas (Comet), segundo o registro consultado pelo Santos, o atleta não tinha nenhuma pendência.

Enfim, o Santos, pelo fato de não ter obtido informações precisas e que de certa forma foi influenciado por um sistema de registro ao qual a priori, seria de cunho atualizado e legítimo. O peixe também “cobrou” digamos assim, uma punição para o River Plate. Um atleta do clube argentino atuou nessa edição de libertadores mesmo constando que ele estava “suspenso” e a Conmebol nesse caso, se considerou culpada e não puniu nem o atleta e nem o clube, apesar da situação ter sido semelhante. Cada instituição possui seus argumentos, a Conmebol tem em “mãos” boas brechas e precedentes, assim como o Santos, o problema para o Santos é que o clube foi eliminado, para a Conmebol resta melhores explicações e aplicações organizacionais.

“Punição” pós-jogo

Não bastasse a punição severa, embora não deva ser executada punições brandas devido a possibilidade de beneficiar o infrator, alguns torcedores do Santos, para não dizer maioria ou generalizar, fizeram uma manifestação nada pacífica no Pacaembu. O jogo foi encerrado antes dos 90 minutos, por volta dos 36, 37 minutos, os torcedores resolveram externar suas revoltas diante da punição sofrida. Alguns adeptos jogaram bombas na direção do banco de reservas dos argentinos, torneiras foram quebradas nos banheiros, cadeiras da arquibancada foram destruídas, o gramado foi prejudicado e etc.

O juiz da partida, Julio Bascuñan, encerrou o jogo aos 42 minutos, é claro, as brigas entre os policiais e torcedores deixaram um retrato de horror e falta de lucidez ao agir. Para completar, a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEME) se posicionou sobre o caso e a Conmebol com certeza irá avaliar melhor a situação e tomar providências. É lamentável agir dessa forma, o Estádio do Pacaembu é municipal e sim, é compreensível a raiva do torcedor, mas é inadmissível utilizar a violência e a agressividade para justificar tais pensamentos e condutas como essa.

Nota Oficial da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEME)

Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEME) lamenta profundamente o que aconteceu na noite de ontem nas arquibancadas do Estádio do Pacaembu durante a realização da partida entre as equipes do Santos e Independiente (ARG) e informa que fez um levantamento parcial sobre as depredações ocorridas na partida válida pela Copa Libertadores da América.

Foram destruídas mais de 60 cadeiras do setor laranja da arquibancada, parte dos alambrados foram amassados, os banheiros tiveram as torneiras quebradas, bem como alguns banheiros químicos, que são locados, foram vandalizados. Também foi constatado que parte do gramado sofreu avarias devido aos artefatos jogados antes da partida ser interrompida. Ainda hoje será feito um levantamento mais apurado e a contabilidade de todos os prejuízos será enviada à diretoria do Santos Futebol Clube.

Futebol dentro de campo

Dentro das quatro linhas, o Santos foi pior do que o Independiente, mesmo com o 0 a 0 no agregado, que depois passou a ser 3 a 0 devido a punição. O time da vila foca suas ações nos tribunais e no campeonato brasileiro, foi uma Libertadores dura essa, o peixe além de enfrentar um adversário forte, teve suas complicações.

O sentimento do futebol em campo é de deixar qualquer um pra baixo. O Santos precisa melhorar como aconteceu nos últimos jogos de Copa do Brasil e Brasileirão. O time volta a campo nesse sábado (01) contra o Vasco da Gama, o confronto será pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro, o jogo será no Rio de Janeiro a partir das 19 horas.