Alguns levantamentos apontam que mais de 50% da população está acima do peso, ou seja, na faixa de sobrepeso e obesidade. Entre crianças, estaria em torno de 15%. A obesidade na infância também é preocupante, já que a maioria das crianças obesas se tornam adultos obesos. Estima-se que em torno de 15% das crianças brasileiras estejam acima do peso.

O estilo de vida sedentário e a má alimentação são as principais causas da obesidade e também estão muito ligados ao consumo em excesso de alimentos industrializados, refrigerantes e bebidas açucaradas em geral e a falta da prática de atividades físicas.

O estilo de vida moderno também favorece o ganho de peso por diversos fatores que interferem na ingestão alimentar: a necessidade de se realizar refeições em curto espaço de tempo atrapalha os mecanismos de saciedade. A diminuição dos níveis de atividade física e o aumento da ingestão calórica são fatores determinantes.

Mudanças sócio-comportamentais da população também estão implicadas no aparecimento da obesidade. A diminuição do número de refeições realizadas em casa, o aumento compensatório da alimentação em redes de fast food e o aumento do tamanho das porções “normais” levam ao aumento do conteúdo calórico de cada refeição.

A maior taxa de aumento da obesidade ocorre em populações com maior grau de pobreza e menos estudo. O que pode ser explicado pelo baixo custo dos alimentos mais gordurosos (sabor mais atrativo), afinal, um sanduíche é mais barato do que uma refeição equilibrada.

Interromper a prática de esportes e diminuir o gasto energético diário são mecanismos influenciadores de ganho de peso, o que pode estar ligado a início da vida profissional e falta de tempo.

As doenças cardiovasculares estão relacionadas ao aparelho circulatório: coração e vasos sanguíneos. Entre elas estão o AVC (acidente vascular cerebral) e a DIC (doença isquêmica do coração) são as principais causas de morte no mundo e no Brasil. Cerca de 30% das mortes no país são por essas causas. Existem diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares, os quais podemos modificar ou não. A obesidade é um dos fatores de risco modificáveis, pois exige um maior esforço do coração. Diminuir de 5 a 10 quilos no peso já reduz o risco de doença cardiovascular.

Quando comparados aos indivíduos com peso normal, aqueles com sobrepeso possuem maior risco de desenvolver diabetes mellitus, alteração do colesterol e hipertensão arterial, condições que favorecem o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A obesidade é um fator de risco independente dos demais para a ocorrência de doença isquêmica coronariana e morte súbita, especialmente em homens abaixo de 50 anos.

A principal causa do aparecimento de hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e ataque cardíaco é o excesso de gordura acumulada nas artérias, que também pode contribuir para o aumento dos triglicerídeos e do colesterol e para o desenvolvimento ou agravamento de varizes nas pernas. O acúmulo de gordura abdominal também é muito preocupante, já que também está ligada ao desenvolvimento destas doenças. Quanto maior a circunferência abdominal, maior o risco para doenças cardiovasculares e as pessoas que apresentam circunferência abdominal maior que 102 centímetros para homens e maior que 88 cm para mulheres estão neste grupo de risco.

A maior prevalência de pressão alta na obesidade tem sido atribuída ao aumento da insulina, decorrente da resistência à insulina presente em indivíduos obesos, principalmente naqueles que apresentam excesso de gordura na região do tronco. Este aumento da insulina promove ativação do sistema nervoso simpático e reabsorção de sódio, o que contribui para aumentar a resistência vascular periférica e a pressão arterial. Outros fatores de risco para doenças cardiovasculares, tais como intolerância à glicose e aumento dos lipídeos e triglicerídeos também estão associados a obesidade.

Ao contrário do que pensam as pessoas com sobrepeso ou obesidade que geralmente procuram uma fórmula mágica para emagrecer – pois quase sempre tem pressa – a obesidade é uma doença crônica, ou seja, deve ser tratada por toda a vida.

O tratamento da obesidade envolve mudança de estilo de vida. E para isso, precisamos de tempo, ou seja, as pessoas que precisam emagrecer devem seguir não uma dieta restritiva e sim fazer uma reeducação alimentar, corrigindo os hábitos alimentares errados, um dos fatores responsáveis pelo aumento de peso. Novos hábitos são adquiridos com prática no dia-a-dia.

O que seria uma reeducação alimentar? É uma alimentação que contém todos os grupos de alimentos considerados “saudáveis” e também os “não saudáveis”. No dia-a-dia, consumir frutas, verduras, legumes, grãos integrais, castanhas, carnes magras, leites e derivados magros. Doces, frituras e guloseimas também podem fazer parte desta alimentação, desde que consumidos com moderação. O importante é que as pessoas tenham prazer ao se alimentar ao invés de culpa. Obesidade se previne com reeducação alimentar e não com dieta restritiva.

Deve-se aconselhar aos adultos com sobrepeso e obesidade que quanto maior o IMC, maior o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e mortalidade por todas as causas. Devemos manter a medida da circunferência abdominal inferior à metade da sua altura.

É importante evitar a vida sedentária, praticar atividade física regularmente, mesmo os exercícios mais leves, desde que feitos com regularidade são benéficos, contudo os mais intensos são mais indicados. A atividade física também previne a hipertensão, o diabetes e abaixa o colesterol. Inicie os exercícios sempre de maneira gradual – não dispense a fase de alongamento, aquecimento e resfriamento; Mantenha um diário de exercícios; Aumente as caminhadas e procure sentir prazer em caminhar; Aumente a atividade no seu dia-a-dia, utilizando escadas e dispensando o carro sempre que possível;  Aumente a atividade no seu dia-a-dia, optando por fazer você mesmo algumas atividades domésticas como lavar o carro e jardinagem e levar o cachorro para passear.

Não se esqueça: Dormir bem é fundamental!

Por Dr. Humberto Gurgel
Santé Cardiologia & Diagnostico
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