A grande ação policial em Varginha repercutiu no Brasil inteiro neste fim de semana, depois que 26 criminosos, suspeitos de atacarem instituições financeiras, foram mortos durante confronto em uma operação conjunta entre Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), na manhã deste domingo (30). Conforme a polícia, a quadrilha se preparava para atacar um centro de distribuição de valores do Banco do Brasil na cidade.

Os mortos são suspeitos de integrarem uma quadrilha especializada de roubo a bancos e de acordo com o comandante do Batalhão de Operações Especias (Bope), tenente-coronel Rodolfo César Morotti Fernandes, pela assinatura, pelo planejamento deles, que possa ser a mesma quadrilha que tenha operado em Uberaba MG), Criciúma (SP) e Araçatuba (SP), pela quantidade de agentes, veículos utilizados.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os confrontos com os homens ocorreram em dois sítios diferentes localizados em duas saídas da cidade. Na primeira, na comunidade da Flora, próximo da MGC 491, os suspeitos atacaram as equipes da PRF e da PM, sendo que 18 criminosos morreram no local. Em uma segunda chácara, na saída de Varginha para Três Pontas, foi encontrada outra parte da quadrilha e neste local, após intensa troca de tiros, sete suspeitos morreram. Eles chegaram a serem socorridos para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e hospitais de Varginha, mas não resistiram aos ferimentos. Os corpos foram transferidos para o Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte, onde serão submetidos a exames de necropsia e identificação. Todos os envolvidos tinham idades entre 25 e 40 anos. Nenhum policial ou morador morreu.

Ao todo foram apreendidas 26 armas, dois adaptadores, 5.059 munições, 116 carregadores, capacetes à prova de balas, explosivos diversos, 12 coletes balísticos, sete rádios comunicadores, 12 galões de gasolina de 18 litros cada e quatro galões de diesel de 100 litros cada. Entre as armas, havia um ponto 50, além de fuzis e granadas. Entre os objetos apreendidos, foram encontrados ‘miguelitos’, usados para furar pneus de veículos e facilitar a fuga dos criminosos. Pelo menos 12 veículos roubados que estavam com a quadrilha foram recuperados.

Foto de uma casas onde estavam uma parte do grupo criminoso

A Polícia Militar de Varginha revelou que os suspeitos haviam alugado um sítio na região do bairro rural da Flora para ficarem perto do Batalhão da PM e assim realizarem a ação.

A capitão Layla Brunnela, porta voz da Polícia Militar, contou que os bandidos entraram em confronto com os policiais militares e tiveram a resposta devida. “A gente quer evitar a todo momento confronto, não vamos aqui comemorar nenhuma morte, isso não é intenção da Polícia Militar de Minas Gerais nem da Polícia Rodoviária Federal, mas sim, uma ação precisa da nossa inteligência, trabalho conjunto da inteligência da PRF. Ações como essa sempre serão pautadas pela legalidade, a gente só fez aqui responder à altura aquele risco que nossos policiais sofreram”, disse a capitão da PM.

Ainda conforme a polícia, os criminosos já tinham preparado uma carreta com fundo falso que foi apreendida em Muzambinho (MG), para eles fugirem. O veículo onde caberia de maneira confortável toda a quadrilha, tinha colchões e água e foi apreendido.

A operação da Polícia Rodoviária Federal recebeu o nome de “Audaces Fortuna Sequitur”. Segundo a polícia, ela recebeu esse nome por fazer referência “à sorte, que acompanha os audazes”. Segundo a polícia, a quadrilha já vinha sendo investigada há alguns meses.

Foto: Varginha 24 horas

Autoridades parabenizam ação policial

O governador Romeu Zema (Novo) se posicionou sobre a operação e parabenizou os agentes envolvidos. Em uma rede social, Zema disse que “em Minas a criminalidade não tem vez”. Ele também destacou que “as Forças de Segurança do Estado trabalham com inteligência e integração para impedir ações criminosas”.

A Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas também parabenizou os agentes envolvidos na operação. “A Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal realizaram uma operação importantíssima para enfrentar e combater a criminalidade. Este trabalho conjunto das forças de segurança faz de Minas Gerais um estado cada vez mais fortalecido, onde a criminalidade não avançará e onde os criminosos não terão espaço. Parabéns a toda tropa pela condução da operação. Seguiremos sendo o estado mais seguro do País”, postou a Secretaria, em uma rede social.

O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) parabenizou a operação. “Apreensão de fuzis, munições, granadas, explosivos e, após confronto, 25 criminosos tiveram a conversa antecipada com o capiroto. Parabéns aos nossos policiais pelo brilhante trabalho. Todos estão bem”, escreveu Flávio no Facebook.

Mais cedo, o irmão de Flávio e deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também comentou sobre o assunto. “Nenhum policial morto. Parabéns @PRFBrasil e @pmmg190. Fiquem tranquilos, só vagabundos reclamarão. #GrandeDia”, escreveu.

Comissão de Direitos Humanas pede investigação das mortes

A deputada estadual Andréia de Jesus (PSOL/MG), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) cobrou que as mortes sejam apuradas. A deputada classificou o episódio como “muito triste” e se solidarizou com moradores e afetados. Segundo Andréia, a operação, que resultou em 25 mortes, foi “muito violenta” e, por isso, será averiguada pela Comissão de Direitos Humanos do Estado.

Em entrevista à Rádio Itatiaia, a deputada Andréia de Jesus afirmou que uma operação “exitosa não deixa óbitos para trás” e reafirmou que a Comissão de Direitos Humanos da ALMG vai seguir cobrando explicações sobre a ação dos policiais.

“É lamentável, sou solidária as famílias, eu me coloco no lugar das 25 mães que hoje estão chorando seus filhos mortos. Nós vamos cobrar que haja apuração dos fatos. Uma operação policial exitosa é uma operação que não deixa óbitos para trás. Mas, infelizmente no Brasil, a nossa juventude negra continua tendo a pena de morte como a única alternativa. Elas não têm acesso ao devido processo legal. Garantir que essas pessoas pudessem responder e serem responsabilizadas pelo crime que cometeram, é extremamente importante”. Andréia ainda disse a vida deve ser preservada sob qualquer circunstância e disse que “faltou lisura” na operação.

COMO FOI A AÇÃO

– A PMMG recebe denúncia anônima de movimentação de carros e pessoas estranhas na entrada de Varginha. Informação foi compartilhada com área da inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na semana passada, e foi iniciado o planejamento da ação.

– A área de inteligência das forças de segurança começa a mapear sítios na área rural da cidade e identifica dois locais com grande movimentação de carros, mas sem realização de festas, o que levanta a suspeita.

– Criminosos estavam há mais de uma semana em dois sítios, distantes um do outro, planejando o ataque a instituições bancárias e de transporte de valores da região.

– Por volta das 6h da manhã de domingo (31), policiais fazem cerco simultâneo nos dois sítios. Cerca de 25 agentes da PRF, 22 militares do Bope e mais equipe da Polícia Federal surpreendem os bandidos.

– 18 criminosos estavam em um endereço e outros sete em outra chácara. Criminosos não se rendem e reagem com tiros de fuzil e armas de grosso calibre.

– Há intensa troca de tiros na área externa e dentro da casa dos sítios.

– Nenhum policial se fere na operação. Criminosos feridos são socorridos e logo após vêm a óbito. No total, 26 infratores morrem na troca de tiros com as forças de segurança. Nenhuma pessoa é identificada em fuga.

– Polícia acredita que os 26 homens faziam parte do grupo de ação da quadrilha. Investigações apuram se mais pessoas integram o bando.

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