*Jovem negro venceu preconceitos e se tornou padre em meados de 1800. Após vida dedicada aos pobres, ele será beatificado 

Francisco de Paula Victor nasceu em Campanha, no Sul de Minas em abril de 1827. Victor nasceu escravo, mas não viveu como um. Veio ao mundo na casa de dona Marianna Bárbara Ferreira, que de forma contrária à época, tratava os escravos da casa com dignidade. Por Victor, o carinho foi maior ainda e ela se tornou sua madrinha. Sob sua tutela, ele aprendeu a ler, escrever, tocar piano, falar em francês.

Na juventude, Victor começou a trabalhar como alfaiate e foi ao seu mestre que revelou primeiramente a vontade que tinha de ser padre. Há relatos de que, após ter demonstrado a vontade, o jovem apanhou em rua pública. Mas, com a ajuda da madrinha conseguiu acesso ao bispo da época e então foi aceito no seminário católico, algo incomum na época para jovens negros e escravos.

Três anos depois se mudou para Três Pontas como vigário encomendado e paroquiou na cidade por 53 anos. Era conhecido por sempre visitar doentes, amparar os inválidos e atender a população em suas necessidades. Além disso, fundou a escola “Sagrada Família”. Victor morreu em setembro de 1905 e, já venerado, foi enterrado na Igreja Matriz da cidade, que também foi construída por ele. Desde então, muitas pessoas declaram que o religioso intercedeu para que alcançassem seus pedidos e graças. 

Foto mostra Padre Victor em Três Pontas; ainda se desconhece quem seria a família ao lado dele (Foto: Arquivo Secretaria de Cultura de Três Pontas)
Foto mostra Padre Victor em Três Pontas; ainda se
desconhece quem seria a família ao lado dele
(Foto: Arquivo Secretaria de Cultura de Três Pontas)
Igreja Matriz Nossa Senhora D'Ajuda em 1956 (Foto: Arquivo Secretaria de Cultura de Três Pontas)
Igreja Matriz Nossa Senhora D’Ajuda em 1956 (Foto: Arquivo Secretaria de Cultura de Três Pontas)

Milagre e beatificação
O processo de beatificação de Padre Victor foi aberto em 1993, mas o reconhecimento de um milagre pelo Vaticano só aconteceu em junho deste ano. O milagre reconhecido é o de uma mulher de Três Pontas  que conseguiu engravidar em 2010 após a medicina afirmar que isso seria impossível.

A professora Maria Isabel de Figueiredo sonhava ser mãe, mas não podia engravidar. Foram dois anos de tratamentos e muitas desilusões, até que ela pediu ajuda a Padre Victor durante uma novena. Segundo a médica Márcia Andreia, que atendeu Maria Isabel à época, a gravidez dela não era possível de forma natural porque a paciente não tem uma das trompas e a outra é totalmente obstruída. 

O milagre atribuído a Padre Victor foi aprovado por três comissões: uma de médicos que trabalham para o Vaticano, outra de teólogos e por uma comissão de cardeais.

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