Fonte: Jornal da Equipe Positiva

Faltando exatos 23 dias para concluir o seu segundo mandato a frente da Prefeitura de Três Pontas, o prefeito Paulo Luis Rabello (PPS), recebeu a Equipe Positiva para uma entrevista exclusiva veiculada no Jornal da Equipe Positiva, onde faz um balanço dos quatro anos de sua Administração. De personalidade forte, o Chefe do Executivo que continuou atendendo a população após perder as Eleições de 2016, disse que perdeu por conta da onda de mudança que está afetando o Brasil, mas ao que tudo indica não pretende deixar a vida pública.

Mesmo enfrentando as críticas da oposição, Paulo Luis disse que sai com a sensação de dever cumprido, mas alfineta a oposição sistemática que enfrentou de pessoas que segundo ele perderam a ‘mamadeira’ na Prefeitura. O prefeito revela do que se arrependeu, não esconde que tomou medidas impopulares durante o mandato, porém, os atos de coragem foram necessários para concluir seus objetivos honrando os compromissos.

Prefeito Paulo Luis, qual o balanço você faz do seu mandato?

O balanço que fazemos do nosso mandato que se iniciou em janeiro de 2013, é positivo. Nós conseguimos investir na cidade de Três Pontas, mais R$31,6 milhões em obras, fora aquelas que fizemos com recursos próprios. Estes R$31 milhões foram verbas de deputados que nos apoiaram e retribuíram os seus votos durante a nossa gestão. O balanço é tão positivo que em todas as pesquisas que fizemos alcançamos 70% de aprovação da Administração.

Mas porque isto não se refletiu nas urnas prefeito?

Isto foi resultado do espírito de mudança que reinava e está reinando no país, que será o motivo de grande cobrança da população em todo o Brasil e Três Pontas não ficará isenta desta cobrança.

Você esperava esta diferença de votos no resultado das Eleições?

Não esperava o resultado com uma diferença tão grande.

Quais foram as maiores dificuldades encontradas?

As maiores dificuldades foram quando assumimos a Prefeitura em janeiro de 2013. Tivemos que pagar o 13º salário e o mês de dezembro aos funcionários públicos que não tinham recebido. Além disso, pegamos uma Prefeitura sucateada, onde os veículos estavam em péssimo estado de conservação, inclusive o carro oficial do gabinete, encontra-se torto e desalinhado de tantas batidas. Não tínhamos nem caminhão de lixo. A coleta era feita em caminhões carroceria. Fomos obrigados a decretar Estado de Calamidade financeira, o que está ocorrendo hoje em vários estados do Brasil, por exemplo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Nem gasolina e óleo diesel existiam nos tanques do Almoxarifado. As dificuldades foram muitas. Conseguimos com o sacrifício de todos nós, soerguer e reconstruir a cidade de Três Pontas. Iniciamos e terminamos várias obras inacabadas. Mesmo com todas as lambanças da Administração anterior, nós não determinamos e nem pedimos auditoria, como fizeram no passado em 2009, que nada encontraram.

Existem algumas obras em andamento como o CRAS II no bairro Padre Vitor e duas creches – no Padre Vitor e Eldorado e o asfaltamento da Rua Imperatriz Leopoldina. Você vai deixar recursos em caixa para a conclusão destas obras?

Sim. Estes recursos são oriundos do Governo Federal e as contrapartidas ficarão depositadas conforme determina a lei.

Apesar do grande investimento que a Administração afirma ter feito na Saúde as pessoas continuam reclamando. Você acredita que a Saúde melhorou?

A demanda é infinita e os recursos são finitos. Hoje o gestor público não manda no Orçamento. Nós temos prejudicado de forma substancial outras secretarias como Cultura e Esporte, sempre por causa da judicialização da Saúde. Para terem uma ideia, só esta semana, tivemos que transportar três pacientes por UTI que não possuímos e vários medicamentos que foram determinados pela justiça a doação. Na questão dos médicos, elaboramos um concurso público para várias especialidades, os que não tiveram as vagas preenchidas foram contratados. A rede pública contava com 42 médicos e hoje são 76. Ainda existe um grande déficit de profissionais em certas áreas, o que não acontece somente em Três Pontas, mas estamos trabalhando para sanar isto. Na questão dos medicamentos hoje estamos fornecendo o que a lei determina. O que o Município tem obrigação está sendo fornecido. Muitos medicamentos que são de obrigação do Estado e da União quase sempre estão em falta e isto traz evidentemente um grande descontentamento à população. As pessoas desconhecem quais são os medicamentos que devem ser enviados pelas outras esferas de governo e a responsabilidade sempre cai na Prefeitura. A saúde melhorou tanto que não usamos a Santa Casa como lavandeira de dinheiro público. Repassamos religiosamente em dia, todos os repasses institucionais oriundos do SUS. Mesmo com todas estas deficiências que fogem do nosso alcance no Município, a saúde de Três Pontas melhorou e melhorou muito.

Você colocou para funcionar o Posto de Saúde do bairro Morada Nova e os outros como da Peret e o Centro de Pediatria ainda estão fechados. Porque?

Realmente colocamos para funcionar o Posto do bairro Morada Nova porque a Secretaria de Estado de Minas Gerais, através da Superintendência de Varginha interditou o Posto da Vila Marilena, por questões insalubres e a população não poderia ficar prejudicada.Transferimos para o bairro Morada Nova o atendimento que era feito na Vila Marilena. A Unidade do bairro Peret nós estamos providenciando ainda a abertura da rua que dá acesso ao posto, pois quando foi construído não tinha acesso. Já o Centro de Pediatria Catavento, vários motivos atrasaram a sua conclusão que resultaram em uma tomada de conta especial, elaborada pela Administração anterior que chegou se a conclusão de desvio de dinheiro público por pessoas que militavam aquela época na Administração.

Qual o balanço o prefeito faz da área da educação?

Transformamos a educação de Três Pontas. O ensino público equiparou-se ao ensino particular. Todo o material didático fornecido na rede particular durante a nossa gestão foi fornecido aos estudantes das escolas municipais e aos Centros de Educação Infantil. A alimentação é fiscalizada por nutricionistas, o que antes se tomava com canudo, hoje se come com colher. Pagamos o Piso Nacional do Magistério aos professores valorizando a categoria e honrando o nosso compromisso. Adquirimos 8 ônibus escolares novos e veículos para a secretaria. Tomamos a medida corajosa de nuclear escolas da zona rural, sem pensar nas consequências eleitorais que ela poderia causar. A economia que fizemos gira hoje em torno de R$1 milhão ao ano e as crianças estão convivendo com outras crianças. As series não são mais multiseriadas, trazendo melhorias pedagógicas de grande alcance.

Você já disse que a Secretaria de Esportes foi sacrificada por conta da Saúde. O que você destacaria nesta área?

Conseguimos reconstruir o Ginásio Poliesportivo Aureliano Chaves que estava abandonado e jogado as traças. Reformamos de uma forma em geral para receber jogos de todas as modalidades esportivas. Reformamos várias quadras nos bairros, implantamos várias academias ao ar livre dando maior conforto a todos os usuários em várias comunidades. Estamos deixando uma verba direcionada pelo deputado federal Dimas Fabiano no valor de R$246 mil para a reforma completa do Estádio Ítalo Tomagnini.

E como você prefeito vai deixar a Prefeitura?

Vamos deixar a Prefeitura em dia, com todos os pagamentos efetuados e com um bom saldo nas contas para o início de 2017. Funcionários e fornecedores estarão todos pagos até 1º de janeiro, totalmente diferente do que encontrei em 2013. Isto é obrigação de todo gestor público. Conseguimos renovar a frota de veículos e máquinas da Prefeitura, principalmente na Saúde e na Secretaria de Transportes e Obras. Foram cerca de 60 veículos novos adquiridos, máquinas como Patrol, Retroescavadeira, máquinas carregadeiras, caminhões pipa, caminhonetes, entre outros utilitários. Estamos deixando mais de R$1,2 milhão em convênios que já foram aprovados e estamos apenas aguardando o envio dos recursos em vários setores, como para recapeamento e pavimentação, aquisição de instrumentos musicais, academias ao ar livre, viatura para a Guarda Municipal e reforma e compra de mobiliário para o Centro Cultural, cuja obra já foi iniciada.

A Câmara ou algum vereador atrapalhou a Administração?

Existem na Câmara Municipal vereadores que são oposição sistemática a Administração Pública 2013-2016. Estes vereadores não prejudicaram a pessoa do prefeito e sim o povo de Três Pontas. Muito dos discursos que foram proferidos naquele Plenário por vereadores agredindo o prefeito e sua família, o fizeram somente no Plenário, escondendo debaixo da impunidade que a lei permite. Se são tão homens como dizem que são, porque não fazem na mídia. São homens apenas dentro da Câmara Municipal, lá fora não. Eu dou razão a estas pessoas, porque sempre levaram vantagens e mamaram nas tetas do Governo Municipal, o que foi cortado por mim. Inclusive um deles tinha livre acesso a Secretaria de Saúde do Município de Varginha para o uso indiscriminado de medicamentos e exames de média e alta complexidade. Isto sobre as bênçãos de um deputado federal.

"Não feito acordo político algum, com nenhum vereador"
“Não foi feito acordo político algum, com nenhum vereador”

Foi falado na Câmara Municipal que o prefeito estaria pagando altos valores de férias prêmios e regulamentares a seus cargos de confiança. Isto é verdade?

Os vereadores que assim pensam e dizem, devem estar com Alzheimer. Esqueceram que em 2012, votaram um Plano de Cargos e Salários. Nenhum servidor público recebeu um centavo que não lhe pertencesse. Lógico que aqueles que percebem mais vão receber mais. Nenhum ficou sem receber tendo dotação orçamentaria para tal. Da mesma forma que as esposas destes vereadores receberam férias prêmios na Administração passada, conforme constatado no Recursos Humanos.

Após perder a Eleição em outubro, você tomou alguma atitude que não tomaria se fosse reeleito?

Tomaria as mesmas medidas que tomei. Inclusive a complementação do Plano de Cargos e Salários que estava vencendo o prazo concedido pela Câmara Municipal que era de até 48 meses.

O envio do projeto de lei que aumenta a quantidade de farmacêuticos na rede municipal foi algum acordo político?

Não foi feito acordo político algum, com nenhum vereador. O que fizemos foi cumprir a lei. O município foi notificado pelo Conselho Regional de Farmácia para que cumprisse as determinações legais o que fizemos e infelizmente foi rejeitado pela Câmara. E hoje o Município está defendendo junto ao Conselho a penalidade imposta.

Sua Administração tomou algumas medidas impopulares. Você se arrepende disso?

Se não fosse as medidas impopulares não teríamos chegado onde chegamos, com todos os compromissos em dia. O administrador tem que tomar decisões, as vezes antipáticas e doloridas e com coração partido, mas sempre pensando na coletividade.

Você se arrepende de alguma coisa?

O que arrependo foi ter elaborado uma lei de demissão voluntária, sem ter dotações orçamentárias para cumpri-la.

O que você espera da próxima Administração?

Espero que o próximo gestor tenha condição de administrar igual ou melhor do que nós. Acredito que mesmo sem raízes na cidade, se tenha o conhecimento necessário de todos os anseios dos cidadãos trespontanos. Espero também que todas as promessas e todos os compromissos assumidos sejam cumpridos, que sempre a cobrança virá. O Plano de

"... vamos sim devolver todas as pedras atiradas em nossa Administração"
“… vamos sim devolver todas as pedras atiradas em nossa Administração”

Governo elaborado e registrado no Cartório Eleitoral sempre deve ser cumprido, não laconicamente. Temos e espero que saia do discurso e passe para a prática. Temos que torcer para que tudo dê certo, porque aqui nascemos, moramos, vivemos e morreremos.

O prefeito vai ser oposição ao próximo governo?

Nós vamos sim devolver todas as pedras atiradas em nossa Administração. Não seremos oposição e sim fiscalizadores dos atos praticados pelo gestor público.

Comenta-se que você pretende disputar as Eleições de 2018 como deputado. Isto é verdade?

O futuro pertence a Deus. Talvez com apoio irrestrito do meu partido que sou filiado e nunca mudei, não fico pulando de galho em galho por oportunismo, eu seja candidato. Fui sondado sim pelo PPS e estamos conversando já amadurecendo a ideia.

Mas você pretende disputar a Prefeitura novamente?

Vamos consultar as bases. Não sou de impor, sou de ouvir os nossos aliados. A eles cabe o meu destino político.

Com qual sentimento você deixa a Prefeitura?

De dever cumprido de ter servido o meu semelhante. Eles me enchem de satisfação quando vejo no brilho dos olhos de uma criança, quando atendemos as solicitações de sua família. Fico muito feliz em saber que durante o nosso trabalho conseguimos realizar o sonho de 316 famílias, que receberam a sua casa própria no Jardim das Esmeraldas. Só tenho a pedir perdão aqueles que não pude atender. Desculpa aqueles que interpretaram mal as minhas palavras e dizer a todos que sempre estarei de portas abertas, como sempre estive para receber todos aqueles que necessitaram de meu amparo, do meu ombro e da minha amizade. Agradeço a Deus, a minha família, em especial a minha esposa Fátima, pelo amparo e o sacrifício destes quatro anos que terminamos a frente da direção do Município de Três Pontas. Agradeço a toda a minha equipe de secretários e servidores públicos. Se conseguimos algo os frutos são nossos e não meu. Quero para terminar, fazer um agradecimento especial ao Humberto Brito e ao Dr. Eduardo pelo assessoramento que me deram e me ajudaram a frente da Santa Casa de Misericórdia. Quero desejar a todos os trespontanos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo. Despeço-me não dizendo um adeus, apenas um até breve.

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