Pedofilia é um tema muito complexo e é preciso superar alguns paradigmas. O Promotor de Justiça Casé Fortes, integrante do grupo técnico da CPI da Pedofilia e voluntário no manifesto Todos Contra a Pedofilia ministrou palestra em Três Pontas na quarta-feira (16), dentro das comemorações do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) organizou uma extensa programação, com o principal objetivo: prevenir e combater a exploração sexual de crianças. Segundo o órgão, em 2017, foram 14 novos casos de crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual, todas elas recebem acompanhamento do Creas.

A secretária de Assistência Social Iara Dias, o promotor Casé Fortes e a promotora de Justiça Ana Gabriela Brito Melo Rocha

O tema não é agradável e traz sempre a tona exemplos impactantes. E é preciso que as pessoas entendam que quanto antes houver a denúncia, antes a criança vai para de sofrer. Para o palestrante, “depois de Deus, a criança é o que há de mais importante no mundo. “Nossa Constituição cita, uma única vez, o termo Prioridade Absoluta, e a garantia desses Direitos é dever do Estado, da sociedade e da família, enfatiza Casé Fortes.

Pedofilia é um tema que, cada vez mais, é comentado e discutido. Evitar este tipo de crime ficou mais fácil do que no passado. Eles não são novidades, porque sempre aconteceram e tem aparecido mais nos últimos anos. A medida que os casos aparecem fica possível tratar deles, tanto da vítima quanto do acusado  e evitar que eles sejam registrados.

Segundo Casé (foto), pedófilo não é doente e, também, não é demonstração de transtorno mental, necessariamente. Segundo o palestrante, pedofilia é uma espécie de preferência ou excitação sexual.

É preciso analisar caso a caso, separadamente. O  simples fato de uma pessoa estuprar uma criança ou ser considerado pedófilo, não quer dizer que ele é um doente e não sabe o que está fazendo. Em 90% dos casos, esse criminoso é perfeitamente capaz de entender o carater ilícito do fato, por isto sabe o que está fazendo, o que é certo ou errado, por isto, pode ser processado, condenado e preso como qualquer outro.

Ele revela que quando o crime está ocorrendo no seio familiar, é mais difícil de ser identificado. Até mesmo pela relação de afinidade entre as pessoas, mas o foco não deve ser identificar o criminoso, mas proteger e cuidar da criança. Por isto, mães e pais precisam estar atentos e vigilantes.

De acordo com Casé, o perfil de uma criança que está sofrendo abuso, são vários. Desde as marcas físicas, comportamentais de forma incompatível com a idade dela. “Crianças que estejam tendo este perfil precisam ser investigadas”, alertou.

INTERNET E PEDOFILIA

A internet é avaliada pelo palestrante como um excelente meio de comunicação e informação, entretanto, deve ser utilizada com atenção e controle. Ela pode ser uma vilã e uma aliada, depende da forma como é usada.

Uma das formas de aproximação dos pedófilos a crianças e adolescentes tem sido efetuada através do pseudo-anonimato da rede, ação denominada Grooming.

Casé Fortes explica que a pedofilia pode acontecer através da rede, sem que haja nenhum contato físico. Há programas que ajudam na vigilância das crianças que ficam sempre na frente do computador ou do celular.“Os pedófilos pedem para a criança ligar a webcam, para ver seu corpo. Eles gravam e vendem o material, detalha o promotor, e é por isso que épreciso atenção dos pais para com seus filhos quando estão usando a Internet. “A prevenção é a melhor maneira de evitar que as crianças e adolescentes sejam vítimas desses abusos”, reforçou o promotor.

Na sexta-feira (18), estudantes fizeram  uma caminhada que saiu de frente a Prefeitura até a Avenida Oswaldo Cruz, onde houve apresentações musicais e a entrega de premiações do concurso de frases e desenhos.