Equipe da Delegacia Regional de Varginha e de Três Pontas concederam entrevista coletiva no fim da manhã. Foto: Equipe Positiva

 

*Quadrilha causou prejuízo de pelo menos R$800 mil, além de provocar pânico e medo, que deixam sequelas nas vítimas rendidas com o uso de armas de fogo e graves ameaças

A Polícia Civil desmontou uma forte organização criminosa especializada em furtos e roubos em propriedades rurais da região de Três Pontas. Pelo menos quatro líderes de uma quadrilha foram presos na manhã desta terça-feira (09), durante a deflagração da terceira fase da Operação Faroeste, após o cumprimento de 26 mandados judiciais. Foram 16 mandados em residências, 4 de prisão, 5 veículos apreendidos, entre eles um caminhão em Boa Esperança e uma caminhonete em Varginha, com queixa de furto e o bloqueio de bens de um dos investigados. Uma mulher foi conduzida para prestar depoimento.

Os policiais apreenderam 4 armas de fogo, uma pequena porção de maconha, cerca de 10 aparelhos celulares e diversas ferramentas levadas nos furtos e roubos e materiais usados para cometerem os crimes, como binóculos usados para verificar as propriedades alvo do bando e até abraçadeiras usadas para amarrar as vítimas.

Segundo a polícia, a quadrilha é responsável por realizar 95% dos assaltos em propriedades de região de Três Pontas, na região dos Distritos do Quilombo Nossa Senhora do Rosário e Pontalete e nas proximidades da Fazenda Pedra Negra, além dos municípios de Santana da Vargem, Nepomuceno, Coqueiral, Boa Esperança, Ilicínea, Campos Gerais, Carmo da Cachoeira, Varginha e Nepomuceno. Os criminosos ameaçam trabalhadores rurais, sitiantes e fazendeiros de morte, chegam encapuzados, utilizando armas de fogo, fazem elas reféns e até efetuam disparos para intimidar. Isto tem trazido intranquilidade, medo e pânico aos moradores.

Os alvos são tratores e implementos agrícolas, casas de cafés em grãos, seja beneficiado ou em coco, inseticidas, herbicidas e fungicidas utilizados na lavoura de café. Os criminosos provocam um enorme prejuízo financeiro aos produtores, além de gerar a intranquilidade, medo e pânico, aos moradores da zona rural. Os criminosos ameaçam trabalhadores rurais, sitiantes e fazendeiros de morte, utilizando armas de fogo, fazem elas reféns e até efetuam disparos para intimidar. Somente na zona rural de Três Pontas, de janeiro a agosto de 2020, a quadrilha praticou dois assaltos e quatro furtos. Eles também praticam a lavagem de dinheiro com a ocultação do patrimônio levado das propriedades.

Os mandados cumpridos em Três Pontas foram no Centro e nos bairros Santana, Aristides Vieira e Vila Marilena. Além da cidade sede, os policiais cumpriram os mandados em Varginha, Boa Esperança e Nova Resende. Os presos tem entre 26 e 48 anos.

As investigações duraram um ano e demonstram que eles causaram um prejuízo de cerca de R$800 mil com 6 furtos e 5 assaltos realizados somente na zona rural de Três Pontas, porém, as investigações apontam que eles tem atuação abrangente. Um detalhe que chama é que o bando sempre quebra os chip’s dos aparelhos celulares das vítimas para evitar que a polícia seja chamada. Em uma das ocorrências, o assalto ocorreu por volta de 23:00 horas e a família de um caseiro, conseguiu chamar a Polícia Militar nosomente outro dia de manhã, quando outros trabalhadores chegaram para trabalhar.

A delegada regional Dra. Renata Resende, reforçou que a quadrilha possui estrutura criminosa robusta, o que exigiu muitos levantamentos em toda a região, para conseguir identificar a forma de atuação de cada setor em toda a empreitada concretizada. “Com a dedicação da equipe, mobilizamos hoje também apoio aéreo do nosso helicóptero Carcará que veio de Belo Horizonte e a operação foi extremamente exitosa”, avalia a delegada.

De acordo com o delegado de Três Pontas, Dr. Gustavo Gomes, ao longo deste um ano de investigações, a Polícia Civil conseguiu recuperar dois tratores, 50 sacas de café, além de grande quantidade de implementos agrícolas e maquinários. Sobre o bloqueio de sacas de café, elas estão depositadas em uma cooperativa, na conta de um produtor rural que é cooperado, totaliza o valor de R$150 mil, imcompatível com a realidade deste apontado como receptador.

Ao longo das investigações foi possível identificar a distribuição de atribuições e tarefas, com o comando de quatro líderes que residem em Três Pontas, Boa Esperança e Varginha. Alguns executores principais, os receptadores que são dois (dos implementos, maquinários, cafés) e dois responsáveis pelo transportes e alguns com levantamento de informações para que a ação se concretizasse com êxito. Os cafés eram levados para Varginha e as máquinas para Nova Resende. Além deles, a quadrilha contava com os informantes e os responsáveis pelo transporte.

Segundo o sub inspetor Rodrigo Silva, eles faziam um levantamento prévio da situação da propriedade, o que poderia ser levado e principalmente a rota de fuga.

De acordo com o inspetor Gustavo Domingos, um dos alvos, na hora da prisão em Varginha, tentou fugir pulando os muros dos fundos do imóvel. Ele estava armado com uma arma longa, calibre 12, mas foi rendido pela equipe que havia cercado a casa.

Os cafés eram levados para Varginha e as máquinas para Nova Resende. Além deles, a quadrilha contava com os informantes e os responsáveis pelo transporte.

A Polícia Civil tem 10 dias para concluir o inquérito. O grupo pode responder por furto, roubo, receptação, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A Polícia orienta quem conhecer algum material apreendido, pode procurar a Delegacia.

A ação envolveu 60 policiais de Três Pontas, Varginha, Boa Esperança, Três Corações e Nova Resende, além da equipe aérea do Carcará.

Fotos: Equipe Positiva

A atuação conjunta

Uma das atuações da quadrilha mostra a audácia do grupo. Eles invadiram em janeiro do ano passado, uma propriedade que fica entre os distritos do Quilombo Nossa Senhora do Rosário e o Pontalete, onde jovens haviam passado a noite inteira e a madrugada festejando um aniversário. Dois rapazes que estavam dormindo em um veículo, do lado de fora da casa, quando foram acordados por cinco homens encapuzados, todos eles armados com revólveres, batendo no vidro do carro e anunciando o assalto. Eles determinaram que eles entregassem os telefones celulares, retiraram os chip’s e depois os devolveram. Eles deram tiro para o alto e ficaram das 8:30 da manhã até as 13:00 com os jovens sendo reféns, trancados no banheiro e em um quarto e a todo momento apontando a arma para eles. Foram embora levando dois televisores, dois tratores, jóias, caixas de som, notebook, capacete, mochila, blusa de frio, bomba de herbicida, R$ 340 em dinheiro e um veículo Fiat Uno.

Os caseiros de uma fazenda foram alvos da quadrilha e passaram momentos de terror durante um assalto em julho de 2020. O casal ouviu por volta das 23:00 horas, o barulho dos cães latindo e por isso o marido saiu lá fora para verificar o que estava ocorrendo. Como não viu nada, ele voltou e se deitou no sofá. Quando um dos criminosos arrombou a porta e gritou “perdeu”. Ele tomou os celulares do casal, tirou os chip’s, devolveu os aparelhos e quebrou o interfone.

Haviam mais dois homens do lado de fora, que foram orientados a pegar o caminhão que estava carregado com cerca 37 sacas de café. Eles levaram o veículo e um deles sugeriu que pusessem fogo, mas decidiram volta na fazenda e ficar apenas com a mercadoria. A quadrilha fez ameaças, todos encapuzados e armados foram embora por volta de 2:00 da madrugada deixando o caminhão. As vítimas disseram que foram até a rodovia MG 167, mas não conseguiram parar nenhum veículo que pudessem lhe dar socorro. A polícia só foi chamada na manhã do dia seguinte depois que outros empregados chegaram na propriedade.

Os furtos registrados pela polícia foram no Sítio Algodão, em julho de 2020, onde foi levado um trator e trincha que foram localizados todo desmontados em Nova Resende. Na Fazenda Invernadinha em agosto, furtaram um trator avaliado em aproximadamente em R$50 mil.

Crimes dos integrantes da quadrilha que se destacaram

O líder da quadrilha é um rapaz de Varginha, de 34 anos, mas muito conhecido em Três Pontas, integrante de uma facção criminosa, que organiza toda a atuação criminosa, pratica seus crimes portando arma de fogo e usa de violência com as vítimas.

Em 2014, o investigado que estava foragido da justiça e sendo procurado se entregou à polícia, depois dele agredir o próprio filho de apenas 4 anos de idade. O menino foi encontrado pelo seu tio com marcas no rosto e nas costas. O caso gerou revolta e repercutiu em toda a região. A mãe do garoto sabia da agressão, não fez absolutamente nada com medo do ex-marido volta para a cadeia e reclamou do seu irmão ter levado o filho dela para o Pronto Atendimento Municipal (PAM), onde ele foi levado pelo tio.

Em setembro de 2017, o mesmo rapaz, foi preso pela Polícia Rodoviária Estadual na rodovia BR 491, depois de ter fugido do Presídio de Três Pontas. Ele e outro detento que estava na companhia dele, haviam cavado um buraco na cela que estavam. Ambos foram reconduzidos ao Presídio da cidade.

Um rapaz que depredou bancos da Avenida Oswaldo Cruz também participa do esquema criminoso, segundo a Polícia Civil. No fim do mês de novembro de 2020, câmeras de estabelecimentos comerciais registraram o rapaz de 26 anos, na manhãzinha de domingo, destruindo os bancos de concreto. Foram menos 9 bancos danificados ou destruídos. Ele é bastante conhecido no meio policial por diversos crimes, como tráfico de drogas, roubo, ameaça e dano. A família disse na época das investigações, que sofre com os problemas causados por ele e que não tem mais o seu controle.

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