Zebrinha ao lado de seus atletas do Ponte Alta. (FOTO: arquivo pessoal)

 

Loui Jordan

Quando iniciou suas atividades em 1980, os dirigentes previam um grande sucesso e muitas conquistas, mas certamente não imaginavam que quase quatro décadas depois, o clube seria recordista de troféus e medalhas no Sul de Minas. Ano que vem, o Ponte Alta Esporte Clube de Três Pontas completa 40 anos e para conhecer um pouco desta história, conversamos com um de seus fundadores – Carlos Henrique Araújo, ou simplesmente Paulinho Zebrinha, como é conhecido popularmente por todos. Obstinado pelo futebol é um dos precursores de escolinhas de futebol em Três Pontas. Zebrinha divide seu tempo entre o trabalho como vendedor de bolões de jogos lotéricos e peixes e a dedicação ao treinamento das crianças que defendem o clube no futsal. Ele conta que não foi jogador profissional de futebol, mas sempre defendeu as cores de times de Três Pontas, como o Arsenal, Corinthians das Sete Cachoeiras e foi campeão jogando na antiga Usina Boa Vista. Mas Paulinho Zebrinha traz consigo um orgulho maior: ser exemplo de dedicação e dignidade para as crianças que treinam com ele. “Prezo muito o cidadão de bem. Quero formar primeiramente cidadãos do bem”, resume ao falar dos objetivos com seus mini-atletas. Ao longo dos anos, pelo Ponte Alta, já são 152 títulos como jogador e como técnico. Os troféus são de várias competições, dentre elas Copas Alterosa, do Trabalhador entre outras.

Atualmente Zebrinha treina os meninos no futsal nas categorias sub 7 e sub 13 e conta com a parceria dos treinadores Passeli e Nardo nas categorias acima e também dividem os horários de treinamento, revezados entre a quadra da Escola Estadual Teodósio Bandeira e do bairro Cohab Ouro Verde.

Últimos troféus conquistados. (Foto: arquivo pessoal)

1980 – O começo de tudo                                                                     

Em 1980, foram cadastrados junto à Federação Mineira de Futebol, 23 clubes de Três Pontas. Contudo, com o passar dos anos, muitos ficaram pelo caminho e hoje apenas três são remanescentes como filiados: Ponte Alta, Vila Rica e Arsenal. O Ponte Alta já disputou muitos campeonatos de futebol de campo, mas de uns anos para cá especializou-se em futsal. O treinador mantém a esperança na juventude que segundo ele, hoje está muito ligada à tecnologia e precisa voltar mais os olhos para o esporte. “Estão com a cabeça virada para a internet. Antigamente, às 5 ou 6 horas da tarde as quadras do Bairro Botafogo, Cohab estavam lotadas e se reunia cinco, seis times e hoje não se vê mais isso”, lamentou.

Paulinho Zebrinha, sinônimo de sucesso e muitos títulos. (Foto: arquivo pessoal)

Trabalho voluntário e o apoio das empresas locais

Para quem pensa que Paulinho Zebrinha ganha dinheiro com a dedicação aos treinamentos dos meninos se engana. Tudo é feito por amor. E começa pela família, pois seus netos Alexandre e Yan, são também alunos. O treinador ressalta que graças ao apoio de empresas como CP Agrícola, Paiva Lima, Casa Lima e Júnior Tecidos, torna-se possível levar o sonho adiante. Existe ainda um apoio da Secretaria de Esportes e da Prefeitura, através do repasse de uma ajuda por meio do FIA, o que ajuda nas despesas com viagens com um trajeto menor. Contudo, Zebrinha deixa claro que por muitas vezes recusou participação em competições em outros Estados por falta de recursos financeiros para hospedagem e alimentação dos meninos. “ A gente toca com o coração e o apoio deles. Não cobramos nada para treinar com a gente, apenas com a graça de Deus e o trabalho da gente”, resume. Hoje são 60 garotos divididos em quatro categorias, sub 7, sub 9, sub 11 e sub 13, sendo 15 em cada uma. Os garotos treinam com Zebrinha, Passeli e Nardo.

(Foto: arquivo pessoal)

Apoio e incentivo dos pais geram confiança e perseverança no trabalho

O apoio e incentivo dos pais dos meninos também é um trampolim para a continuidade do trabalho. Os pais confiam no trabalho e garantem o suporte para que os meninos treinem e possam quem sabe um dia, chegar aos grandes clubes, como outros que passaram pelo Ponte Alta. Mesmo com tantos títulos e conquistas, Paulinho Zebrinha descarta a possibilidade de um dia treinar uma equipe adulto de futebol de campo, pois sente-se realizado ao trabalhar com os meninos, formando não só jogadores, mas homens de caráter como já afirmou anteriormente. “O brilho no olhar deles não tem preço que pague”, confessa ao falar da alegria que sente ao ver a felicidade no rosto da molecada. Embora na atual conjuntura o treinador esteja trabalhando apenas com equipe de competição, ele lamenta a falta de estrutura para categorias de base em toda e região e revela que somente na cidade de Elói Mendes, no “Bola Preta”, existe um centro de treinamento. “Aqui não tem estrutura e sabemos que o Poder Público está passando por dificuldades também”.

Por outro lado, Paulinho Zebrinha tem esperança que as coisas melhorem e cita por exemplo, as reformas que a Prefeitura de Três Pontas vem promovendo em quadras dos bairros e acredita que esta será uma forma de incentivo a todos que gostam do futebol, não só crianças como também aos adultos. Falou em Ponte Alta hoje, falou em Paulinho Zebrinha que com sua luta e dedicação, tornou-se um baloarte no treinamento e formação de bons cidadãos de bem para a vida e garotos para o futebol trespontano.

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