(FOTO: André Durão / GloboEsporte.com)

Por Loui Jordan

Não basta observar apenas o “atropelamento” que aconteceu no jogo desta última quarta-feira (23), o Flamengo tem alguns motivos para ser considerado o futebol mais vistoso da América. Na noite de ontem (23) no Maracanã, o time de maior torcida no mundo foi convincente, suficiente e eficiente, o clube da gávea não tem o menor pudor em agredir o adversário, seja o adversário quem for, o Flamengo está na decisão da Copa Libertadores da América e é sim, mais “futebol” que o River Plate.

O jogo

É muito arriscado detalhar uma partida que termina 5 a 0. O que se deve apurar, é por quais circunstâncias o placar veio a ocorrer. Antes de mais nada, o melhor tempo do Flamengo no confronto de 180 minutos, foi a primeira etapa em Porto Alegre, foram 45 minutos de hegemonia em que o rubro-negro poderia ter construído uma vantagem larga diante do adversário.

O Grêmio por sua vez, fez um bom início no Maracanã e terminou bem em Porto Alegre, porém, foi inferior em todos os tempos para o Flamengo. No jogo do Rio de Janeiro, o Grêmio começou bem e a grande primeira chance do duelo foi gremista, o Flamengo não conseguia encaixar o ritmo do jogo. O Flamengo era mais incisivo, perigoso e no final do primeiro tempo, fez 1 a 0 e mostrou força.

A segunda etapa foi toda rubro-negra, o Grêmio finalizou uma vez com perigo no segundo tempo, teve uma grande chance de gol durante os 90 minutos, é muito pouco. O mérito é todo do coletivo flamenguista que soube dosar e acelerar as jogadas na etapa final, o Flamengo poderia ter feito seis e até sete gols, Gabigol com seu oportunismo e qualidade, estava imparável, Bruno Henrique a mesma coisa, o time joga solto, sem medo e sem nenhum receio de ir pra cima.

Curioso, essa não foi a melhor partida na era Jorge Jesus, mesmo assim o placar é histórico. O Grêmio deve ser respeitado, no entanto, esbarrou na velha deficiência, não produz com tanta eficácia. O treinador, Renato Gaúcho, precisa ter mais os pés e a “boca” no chão, o Grêmio muitas vezes traz pra si uma soberba, coisa que não aconteceu do lado oposto. Não tem nem como discutir a classificação do Flamengo para a final, um 6 a 1 no agregado dispensa comentário, no geral o Flamengo foi melhor e mais decisivo, jogou como se tivesse enfrentando um time comum, e não o rei de copas, como é conhecido o tricolor gaúcho, agora o imortal se torna vermelho e preto, enquanto o Grêmio, terá só o Brasileirão e esse fiasco na conta.

O futebol mais prazeroso de se acompanhar

Talvez, só no quesito camisa pesada em Libertadores, seja o empecilho para dizer que o Flamengo não tem estofo para bater de frente com qualquer time da América. A de se deixar claro, não existe time hoje que tenha a performance de jogo que possui o Flamengo, o ritmo ofensivo, as transições bem-feitas, o passe e a aplicação tática e claro, o “meteoro” desenfreado que é o ataque e a ofensividade que essa engrenagem vermelha e preta ostenta, são características que unidas, são irresistíveis.

O Fla, tem o melhor e mais bonito futebol da América, não só da América do Sul, mas de todas as Américas. A chegada de Jorge Jesus deu um tempero novo ao time, o fato de Arão ser o primeiro volante já foi um gesto surpreendente, Jesus vê o futebol jogado pra frente e não tem constrangimento algum em golpear o seu oponente quantas vezes for necessário. A partida da semifinal contra o Grêmio foi um exemplo de superioridade, o Grêmio não possui o faro e a produção ofensiva do Flamengo e nem de longe, concentra a estrutura coletiva que o clube adquiriu com alguns meses de trabalho no comando do técnico português.

A era Zico que deu as maiores e mais lembradas alegrias ao gigante carioca, poderá ter ao seu lado a era Jesus. É claro, dificilmente um time do Flamengo terá um novo Arthur Antunes Coimbra e irá repetir os feitos da década de 80, entretanto, o atual plantel, está sepultando a ideia de que para jogar bem a Libertadores, é necessário jogar um futebol na pancada e em outra voltagem, o Flamengo não precisou e não precisará disso. O time tem um grande orçamento, jogadores desequilibrantes que coletivamente e individualmente vem funcionando e agradando, não só a torcedores rubro-negros, mas a outros também, tudo isso é um amontoado de fatores que tornam o Flamengo o detentor do futebol mais bem jogado do Brasil e por fatores continentais, da América.

A final da Libertadores

A priori, a decisão será no dia 23 de novembro em Santiago no Chile. O River, é o atual campeão e eliminou ninguém mais e ninguém menos que o Boca Juniors, o time de Marcelo Gallardo é coletivamente muito bom e estratégico, porém, não tem os encantos e não é impiedoso e avassalador em comparação ao Flamengo.

Em 13 finais na era Gallardo, o River venceu 10, será a 14ª decisão de torneio, é inegável que o River Plate é mais time e melhor que o Grêmio. Isto posto, é bem provável que o Flamengo não tenha o mesmo espaço e não encontre a mesma postura que encontrou quarta no Maracanã, mas se tiver a mesma sintonia, é sim favorito ao título, de um lado, encontrará uma equipe mais sólida e mais rígida, tem boas peças, mas se comparar o montante de qualidade, o Flamengo segue sendo melhor e mais atraente no jogo em que se dispõem a executar.

Em final tudo pode acontecer, se os Millonarios como são conhecidos, triunfar, será justo, o River não é tão exuberante em plasticidade técnica e performance, mas compensa no lado competitivo e criativo. O time de Jesus terá que lidar com o início do jogo e o término do mesmo, a tendência é que o Flamengo seja o protagonista em Santiago, se será campeão ou não, é outra coisa, mas favorito, isso ele é.

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