Foto: Arquivo EP

 

*Penas variam de 7 a 12 anos de prisão. Quadrilha usava armas e torturou um adolescente por causa do sumiço de uma quantidade de drogas

A Justiça condenou em 2ª Instância, seis acusados de integrar uma quadrilha que comandava o tráfico de drogas, no bairro Morada Nova em Três Pontas. Eles foram presos na Operação Alastor deflagrada pela Polícia Civil, com um enorme aparato em junho de 2017. As investigações realizadas pelos investigadores, iniciaram depois que um adolescente de apenas 13 anos de idade, foi torturado com requintes de crueldade, por causa do desaparecimento de uma quantidade de drogas.

Sessão de tortura e ameaça provocaram as investigações

O inquérito policial instaurado em março de 2017, envolve Paulo Roberto Leonor Júnior “Juninho Ubiracy”, Teilor Michael Martins “Alemão”, Jonatan Gonçalves Felisbino “João Marungo”, Rodrigo Carlos Pereira “Futrica”, Renato da Silva Gabriel “Renatinho” e Mateus Santos Fabiano “Bolacha”. Este último, aponta o inquérito, seria o chefe da organização criminosa e todos eles se associaram para o tráfico de drogas e o cometimento de crimes com o uso de arma de fogo. “Bolacha”, inclusive exercia suas funções sempre armado para intimidar as pessoas.

Segundo foi apurado, eles construíram uma rede bem organizada destinada à aquisição e guarda de drogas, onde a facção fazia a distribuição dos entorpecentes. A associação entre eles se fez de maneira estável, uma vez em poder das cargas de drogas, eles iniciavam as vendas aos usuários.

A quadrilha aliciou um adolescente de apenas 13 anos de idade, que auxiliava Mateus “Bolacha” sendo suas funções divididas entre a vigia da chegada da polícia e a busca da droga, que ficava escondida nas proximidades da quadra do bairro Morada Nova. Para cumprir a tarefa, o adolescente recebeu um telefone celular e tinha como pagamento o valor de R$50 por semana.

Certo dia o adolescente estava na Praça São Cristóvão, no bairro Aristides Vieira quando foi abordado por Mateus, Jonatan e Paulo Roberto. Jonatan desceu de uma motocicleta que ocupava e mandou que ele subisse no veículo, foi quando ele percebeu que Mateus estava armado com um revólver. Em seguida chegaram Rodrigo, Teilor e Renato. Rodrigo o agarrou pelo pescoço, o enforcou e ele foi obrigado a subir na garupa de uma das motos que eles estavam. O garoto foi sequestrado e levado para um cafezal, onde foi torturado. Isto, porque uma certa quantidade de drogas havia sido desviada da quadrilha.

Jonatan “Marungo” amarrou as mãos do adolescente para trás e colocou um saco de plástico na cabeça dele, apertaram seu pescoço e o sufocaram. Mateus “Bolacha” dizia que ele iria morrer por causa de 50 gramas de pedra. Paulo Roberto “Ubiracy” desferiu um soco no rosto dele dizendo que as agressões era para ele aprender. Todos perguntavam insistentemente a quem ele tinha vendido a droga que ele havia furtado. O grupo foi se revezando nas agressões, com chutes, tapas, pauladas e golpes dados com uma mangueira de plástico, que eles encontraram no cafezal.

“Bolacha” desferiu uma coronhada na cabeça do menor. Ele aproximou o revólver que portava na cabeça da vítima e efetuou um disparo, bem ao lado do seu ouvido, deixando o adolescente sem ouvir por alguns instantes. “Marungo” pegou um isqueiro, ateou fogo em uma sacola plástica, passando a pingar o plástico derretido no peito, nas mãos e pernas do menino, o que resultou em várias queimaduras. Depois, ele foi jogado em uma moita de espinhos e em um córrego que passava nos fundos do cafezal. Diante do terror que estava passando,ele  se viu obrigado a admitir que havia furtado a droga. Mas os membros da quadrilha não pararam por ai. Eles levaram o menor até casa dele, onde foi novamente ameaçado, desta vez na frente da sua mãe.

Nos dias seguintes, as ações de intimidação feitas continuaram. “Bolacha” e “Renatinho” passaram a rondar a casa onde o menino morava e tentaram invadir a residência, mas foram impedidos pela mãe do garoto. A partir daí, a atividade criminosa da quadrilha despertou a atenção policial, desencadeando as ações de investigação.

Operação Alastor

Os moradores do bairro Morada Nova acordaram no dia 07 de junho de 2017, com o barulho das viaturas e a movimentação dos policiais civis e agentes da Suapi. Com um enorme aparato policial, foram cumpridos 7 mandados de busca e apreensão e 6 de prisão, expedidos pela Justiça. No total foram 6 homens e uma mulher presa, todos com grande influência no tráfico na cidade, com poder de domínio fazendo ameaças inclusive aos moradores. Foram apreendidos uma grande quantidade de drogas (maconha, crack), arma de fogo, dinheiro, diversos aparelhos celulares e veículos. Entre várias anotações da contabilidade e movimentação financeira da quadrilha, havia até um bilhete oriundo do Presídio de Três Pontas solicitando drogas.

Condenação maior em 2ª instância

A decisão da justiça em primeira instância, foi muito diferente da condenação dada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Em Três Pontas, Teilor “Alemão”, Jonatan “João Marungo” e Paulo “Juninho Ubiracy” foram condenados a pena de 5 anos de prisão cada um. Rodrigo “Futrica” teve a pena de 6 meses em regime aberto e Mateus “Bolacha” e Renato “Renatinho” a apenas 3 meses, também em regime aberto.

O Ministério Público recorreu e as penas em 2ª instância, aumentaram de forma considerável. Teilor “Alemão”, Jonatan “João Marungo” e Paulo “Juninho Ubiracy” foram condenados a pena de 8 anos e 6 meses de prisão cada um. Rodrigo “Futrica” agora tem a pena de 8 anos e 6 meses, Renato “Renatinho” a 7 anos e Mateus “Bolacha”, a 12 anos e 10 meses. Todos eles irão iniciar cumprindo a pena em regime fechado.

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