O mês de Outubro está sendo concluído, mas a Campanha Outubro Rosa, alusivo ao combate ao câncer de mama não pode terminar, porque os números da doença não param de crescer. Ela está em ascensão no mundo e, infelizmente, deve ser a principal causa de morte em 2030, superando os problemas cardiovasculares, segundo a Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj).

Conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), estima- que, a cada hora, no Brasil, em torno de 60 novos casos de câncer são diagnosticados. Nos homens, o câncer de próstata é o que tem maior incidência, com mais de 65 mil casos por ano, já nas mulheres, é o câncer de mama, com cerca de 66 mil casos por ano.

As histórias das pessoas que venceram o câncer, certamente, envolvem a superação de um grande difícil desafio. Afinal de contas, além de lidar com os sintomas da doença e reações adversas dos medicamentos do tratamento também é necessário lidar com toda a carga psicológica, a desinformação da sociedade e ainda, nos dias de hoje, o preconceito. Um dos exemplos que vale a pena lutar e nunca desistir, vem da história que enfrenta Clarissa Miranda de Oliveira Moreira, mulher inspiradora, que aceitou passar sua trajetória adiante e o que enfrenta até hoje, para mostrar que a vitória vem dia pós dia e espera que isto sirva de incentivo a tantas outras mulheres que estão em tratamento.

Aos seus 30 anos, quando preparava para engravidar pela primeira vez, Clarissa procurou um mastologista, pois queria saber se estava tudo bem. O desejo dela era fazer mamografia e ultrassom das mamas. O médico a recebeu prontamente e logo ela foi contando sua história, afinal sua mãe tinha tido câncer de mama aos 54 anos (hoje curada), e ela sabia que o diagnóstico tinha que ser precoce para aumentar as chances de cura.

O médico foi muito claro que não havia nada de diferente em exame físico e por ser “muito nova” não haveria indicação de exames de imagens, afinal nada justificaria seu pedido e a mamografia só começa a ser feita depois dos 40 anos.

A mamãe deu a luz a sua filha – Júlia e três anos depois ao seu filho André. Aos 34 anos, ela mesma ao fazer um alto exame, sentiu um nódulo na mama.

Ela diz ter ficado tranquila, afinal era nova e ainda amamentava seu filho caçula que na época tinha apenas 8 meses, pensou que deveria ser “leite empedrado”, relata a mãe de “segunda viagem”. Mas para tirar aquilo da sua cabeça, ligou para seu ginecologista, ele a atendeu prontamente, fez exame físico e disse que teria que fazer uma mamografia, afinal agora sim teria uma justificativa, mesmo com 34 anos.

Como Clarissa é intensa, daquelas que não deixam ou enrolam com nada, no mesmo dia marcou mastologista, o mesmo que tinha ido há quatro anos e marcou também a mamografia. Desenrolou tudo isso em 10 dias após ter sentido o nódulo. O médico mastologista que fez a sua mamografia, a chamou e disse que tinha algo de diferente e que com certeza, não era “leite empedrado”. Sugeriu portanto uma biopsia para fechar o diagnóstico.

Ela voltou ao mastologista para pegar o pedido e no mesmo dia, conseguiu fazer a biopsia.
Foram longos 15 dias para sair o resultado da biopsia e como já tinha resolvido, que independente do que seria, queria tirar “aquilo” dela, Clarissa foi fazendo os exames necessários para cirurgia durante essa espera indesejada do resultado da biopsia. “Acredito que no fundo Deus já me preparava para o que viria, afinal eu estava confiante e tranquila, tinha certeza que se fosse câncer aquilo não me mataria”, continuou o relato.

O resultado da biopsia confirmou o tão temido câncer e veio uma avalanche de pensamentos. “Eu, com 34 anos, casada, com uma filha de 3 anos e outro de 8 meses. Como seria nosso futuro? Quanto tempo eu viveria? Será que estava no início? E minha família que tanto desejei… como ficaria?”

Abraçou seu tão amado marido, o médico pneumologista Dr. Marcus Vinícius Souza Couto Moreira e eles, juntos, choraram. “Prometi a ele que o câncer não me mataria, que não ia deixa-lo sozinho para educar nossos filhos e que eu não iria desistir de viver”, contou.

Mas ela parecia que estava na beira de um abismo e a qualquer hora alguém a empurraria de lá e tudo se perderia. Ela não pensava em ficar sem mama, ou careca, porque se fosse “apenas isso” era até tranquilo. Pensava em viver, do jeito que fosse.

No dia seguinte, foi ao mastologista e ele a encaminhou ao oncologista (médico especialista em câncer). Na visão dela, o pncologista, foi um anjo que Deus enviou para tornar essa caminhada mais leve. O médico a recebeu com sorriso largo no rosto e bem acolhedor. Depois da consulta ela saiu de lá mais confiante e segura de tudo que passaria.

Dias depois da consulta iniciou a quimioterapia e 6 meses depois fez a cirurgia de retirada da mama. A reconstrução foi possível ser feita na hora e assim ela segue sua vida vivendo intensamente, um dia após o outro.

“Hoje já estou com 41 anos e em tratamento há mais de 6 anos. Não obteve a tão desejada e sonhada cura apesar de ter sido um diagnóstico precoce e depois de tanto tempo de tratamento, a doença passou a ser crônica, incurável, pela metástase que ela tem, mas não a matou. Hoje ela toma medicação injetável em uma clínica em Belo Horizonte a cada 21 dias, além dos medicamentos orais, que também fazem parte do seu tratamento, incluindo a quimioterapia oral, que ela também toma.

Clarissa enfatiza às mulheres que a medicina evoluiu muito e hoje existem muitos medicamentos para o controle da evolução da doença. Com isso, aumentou-se o tempo de vida e principalmente a qualidade de vida dos pacientes com câncer.

“Continuo na luta, vivendo e vencendo cada dia de uma vez, vendo meus filhos crescerem e participado da vida deles. Aprendi muito nesse tempo todo de luta. Vi muitas pessoas sem doenças crônicas, nestes 6 anos, morrerem sem motivo aparente e eu aqui. Aprendi que nunca estive doente, apesar de ter a doença, mas o principal que aprendi é que quem determina o tempo de cada um de nós nesse mundo não é o câncer e sim Deus”, conclui Clarissa que se apega ao seu marido e aos dois filhos para continuar sua caminhada.

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