*Pedreiro foi diagnosticado com doença após fazer uma limpeza em residência fechada e cheia de poeira. Ele se tratou e está curado

A Secretaria Municipal de Saúde foi informada nesta semana sobre um caso de Leptospirose registrado em Três Pontas. O diagnóstico foi dado ao pedreiro Aderson Paula Vitor Ferreira de 56 anos, que ficou livre da doença porque no mesmo dia que sentiu os primeiros sintomas, já procurou o médico em um consultório particular.

Profissional há 42 anos, sempre tomou cuidados de higiene e segurança nas obras, mas nunca pensou que seria vítima desta doença, que pensava que ser transmitida apenas pelo contato com água suja e de enchentes. Foi saber que pode ser pelo pó e no contato com da pele com a urina do rato.

Aderson se recorda bem onde certamente contraiu a Leptospirose. Ele e mais dois irmãos foram fazer uma limpeza em algumas casas onde seu pai morava no bairro Peret. Lá encontrou caixas de papelão, ferramentas antigas, muita poeira e vestígios de roedores.

Até separar as ferramentas daquilo que foi descartado foram cerca de 40 minutos. Aderson foi embora para casa, sem saber que seus próximos dias seriam difíceis.

Uma semana depois, começaram as dores nas juntas, nas mãos, joelhos, tornozelos, vômito, dor de cabeça muito forte e sem parar, febre e diarreia. Como vive uma vida regrada, procurou no mesmo dia por um médico. “Eu sabia que aquilo não era normal, porque a dor era muito forte e intensa”, disse Aderson.

O pedreiro procurou atendimento médico no mesmo dia que teve os primeiros sintomas

A médica Dra. Ângela Cristina Meneggato Miranda realizou primeiro um teste rápido de Dengue que foi descartado, mas havia a suspeita também de Zika Virus e a Leptospirose, por terem sintomas bastante parecidos. Febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas (batata da perna), podendo também ocorrer vômitos, diarréia e tosse. Porém, doente pode apresentar também hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória, que podem levar à morte.

O exame para confirmar se era a leptospirose foi coletado e enviado a Belo Horizonte. Em quatro dias veio o resultado positivo para a doença.

Imediatamente a Vigilância Epidemiológica foi informada e a Secretaria Municipal de Saúde passou a realizar os exames, que no total foram 26. Nestes dias teve que ficar de repouso, tomar muito líquido e consumir frutas, além dos medicamentos. Hoje Aderson constatou que está livre da doença e os exames demonstraram que está curado, certamente por ter procurado logo descobrir o que seria.

De acordo com o médico veterinário do Serviço de Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde Marcelo de Figueiredo Gomes, a grande luta é fazer com que o sistema público de saúde esteja sempre atento as ocorrências destas doenças que tem diagnósticos diferentes. O trabalho agora, é apenas acompanhar por 30 dias, as outras pessoas que estiveram com Aderson nesta residência, mas a cada dia que passa a chance deles desenvolverem a doença diminui. Este é um caso esporádico que está sendo feito um relatório para informar a Secretaria de Estado de Saúde.

Lara e Marcelo da Secretaria de Saúde informaram o caso à Secretaria de Estado

A coordenadora do Programa de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde Lara Miranda informou que o setor de Epidemiologia notificou o caso da doença e que há mais um caso suspeito na cidade sendo investigado. A Secretaria de Saúde faz a coleta do material e envia a um laboratório próprio em Belo Horizonte, geralmente a Fundação Ezequiel Dias (Funed).

CONHEÇA A LEPTOSPIROSE

A Leptospirose é uma doença infecciosa bacteriana, também extremamente grave, causada pela bactéria Leptospira interrogans. É considerada uma zoonose infectocontagiosa, isto é, uma doença proveniente de animais. Contudo, também afeta o ser humano, o qual se contamina pela urina do rato.

A bactéria penetra ativamente por mucosas ou lesões da pele do paciente. Após a penetração no seu hospedeiro, ela espalha-se rapidamente pela via linfática e sanguínea.

Os principais órgãos afetados são os rins, fígado, cérebro e pulmões. O período de incubação da bactéria pode variar de 2 a 30 dias, mas a média é de 10 dias de intervalo entre a contaminação e o início dos sintomas da doença.

As bactérias da leptospirose podem sobreviver no ambiente até semanas ou meses, o que vai depender das condições do mesmo, como temperatura, umidade, lama ou águas de superfície. Porém, elas são bactérias sensíveis aos desinfetantes comuns e a determinadas condições ambientais, sendo mortas rapidamente por desinfetantes, como o hipoclorito de sódio, presente na água sanitária, e também quando expostas à luz solar direta.

Cerca de 5 a 7 dias após a infecção, aparecem os primeiros sintomas, que podem diminuir ou cessar, bem como aumentar (se a forma mais grave se desenvolver).

Quando a Leptospirose está no início, o seu diagnóstico pode ser confundido com o de doenças como: Dengue, Gripe, Febre Amarela, Malária e Hepatite. Isto ocorre porque seus sintomas são parecidos. Por isso o dado mais importante para o diagnóstico da leptospirose é a exposição recente a situações de risco, como enchentes ou contato com água de poços, fossas, bueiros e esgoto.

Algumas medidas e cuidados podem ser tomados para prevenir-se da Leptospirose:

  • – Pratique as medidas básicas de higiene.
  • – Embale bem o lixo.
  • – Ferva a água ou coloque algumas gotas de hipoclorito de sódio ou de água sanitária antes de beber ou cozinhar.
  • – Lave bem os alimentos, especialmente frutas e verduras que serão consumidas cruas.
  • – Vacine seu animal e mantenha rigorosamente limpas as vasilhas em que são servidos alimentos e água.
  • – Não deixe as caixas d’água destampadas.
  • – Use luvas e botas de borracha se trabalhar em ambientes que possam ser reservatórios da bactéria Leptospira.
  • – Não se automedique se suspeitar de infecção pela bactéria da leptospirose.
  • – Usar proteção de botas e/ou luvas ou sacos plásticos se:
  1. Fizer a limpeza de caixa de esgoto
  2. Manusear materiais de locais onde possam existir ratos como lixo, material de construção, entulho.
  3. Tiver contato com regiões marginais de rios e lagos, como em pescarias.

São os animais mamíferos, principalmente os roedores que transmitem a leptospirose, mas também pode atingir cães e gatos domésticos, bem como os animais de criação, como gado, cavalos, porcos, ovelhas, etc.

Quando o animal é contaminado, ele elimina a bactéria em sua urina, que consequentemente contamina o solo e água. A bactéria da leptospirose é capaz de sobreviver por muito tempo em ambientes úmidos e morre rapidamente em ambientes secos.

A principal fonte de transmissão para os seres humanos são os ratos de esgoto, pois a infecção ocorre geralmente após o consumo de líquidos e alimentos.

Também pelo contato direto da pele, principalmente se houver feridas, com a água contaminada pela urina dos roedores.

A imunidade adquirida pós-infecção é sorovar-específica nos humanos, podendo um mesmo indivíduo apresentar a doença mais de uma vez se o agente causal de cada episódio pertencer a um sorovar diferente do anterior.

Quanto mais tempo for o contato com a pele, maior o risco de contágio da doença.

Importante! 
O contato com a urina de outras pessoas não transmite leptospirose, ou seja, não é possível passar de pessoa para pessoa.

Casos da doença no Brasil

De 1980 a 2005, teve pouco mais de 60 mil casos da doença em todo o Brasil país, sendo que 1/3 foi no Sudeste. Apenas 10% têm ocorrência grave e é conhecida por Doença ou Síndrome de Weil, tendo manifestações hemorrágicas severas e comprometimento da função renal. Na maioria dos casos, a Leptospirose é benigna.